Como na época da parceria milionária com a Parmalat, nos anos 90, Vanderlei Luxemburgo foi o técnico escolhido pelo Palmeiras para comandar o time de futebol nesta reestruturação do clube. O novo treinador palmeirense se apresentou nesta terça-feira, admitindo empolgação com os projetos de reforma do Estádio Palestra Itália (orçada em R$ 250 milhões), patrocínio recorde (serão R$ 21 milhões da Fiat, incluindo investimentos na base e bônus por conquistas) e parceria com a Traffic, agência criadora de um fundo que vai gerar R$ 40 milhões para a contratação de reforços. Veja também: Galeria de fotos Palmeiras acredita que Luxemburgo valorizará jogadores Luxemburgo acerta e chega ao Palmeiras no fim da tarde Palmeiras avisa que não vai renovar contrato de Edmundo Bate-pronto - Luxemburgo no Palmeiras: resquícios do passado ou títulos no futuro? Desde o início da era Parmalat, no começo da década de 90, o Palmeiras não via tanto dinheiro para investir no futebol. E, diante disso, a aposta palmeirense foi contratar o técnico mais caro do Brasil: Luxemburgo. O contrato ainda não foi assinado e só terá validade a partir do dia 1º de janeiro, segundo informação do próprio Luxemburgo. A duração é de dois anos e os salários (R$ 500 mil) serão pagos exclusivamente pelo Palmeiras, sem participação da Traffic ou de qualquer outro investidor - o contrato não terá cláusula que libere o treinador sem multa, caso ele receba uma proposta do exterior. A apresentação foi nesta terça-feira, no CT da Barra Funda, e a entrevista coletiva só não foi melhor porque o treinador passou a maior parte do tempo queixando-se de perseguição de uma emissora de tevê e de críticos de diversos setores da imprensa. Sobre o planejamento da equipe em si, Luxemburgo falou pouco ou quase nada. "Essa eu vou ficar te devendo", respondeu o novo comandante palmeirense, quando questionado sobre a indicação de reforços. "Veja bem, contratações é um assunto interno. Não vale a pena falar quando não há nada de concreto." Essa é a quarta vez que Luxemburgo assume o cargo - as outras foram em 93, 96 e 2002. "É com muita satisfação que volto ao Palmeiras. É o clube que me projetou", lembrou o treinador, que colecionou três títulos paulistas (93, 94 e 96) e dois brasileiros (93 e 94) com o time palmeirense. "Fico feliz por retornar num novo momento de nobreza do clube, com um projeto de grandeza. Isso tudo me seduziu." Das três passagens anteriores, apenas uma não foi vitoriosa. Foi em 2002, quando o Palmeiras foi rebaixado para a Série B do Brasileiro - Luxemburgo deixou o clube no começo daquele campeonato. "Saí porque não concordava com várias situações. Não queria pertencer àquilo tudo. Mas é complicado dar para um treinador que saiu na segunda rodada a responsabilidade por um rebaixamento", lembrou. Apesar de não falar sobre reforços e dispensas, Luxemburgo elogiou o grupo atual do Palmeiras, lembrando, inclusive, do "bom trabalho" de seu antecessor, Caio Júnior. "A base é muito boa. Se não fosse, não teria terminado o Brasileiro lutando por um objetivo nobre, que era a classificação para a Libertadores", afirmou. Ele também garantiu que a saída do atacante Edmundo, anunciada também nesta terça-feira pela diretoria palmeirense, não foi decisão sua. O Edmundo não tem nada a ver comigo. Se tivesse que ficar no Palmeiras, ficaria, mas essa é uma decisão que já foi tomada, um assunto já resolvido", explicou o treinador. Luxemburgo também fez mistério com relação à sua comissão técnica. "Não existe isso de 'kit Luxemburgo', como algumas pessoas já começaram a falar. A comissão técnica ainda não começou a ser definida, mas é lógico que vou querer trabalhar com pessoas da minha confiança", revelou o treinador, que também gosta de atuar como manager. "Vou sentar à mesa com os dirigentes e colocar minha capacidade à disposição do clube, como sempre fiz. Conheço algo mais do que apenas treinar o time e vou colocar isso à disposição do Palmeiras. Não chego para ser dono do Palmeiras, mas não abro mão de discutir as áreas que eu conheço, pois essa experiência é importante para o desenvolvimento." Na chegada, Luxemburgo também explicou sua saída do Santos e opção pelo Palmeiras. "Fiz questão de esgotar todas as possibilidades de renovação com o Santos e agradeço pelos dois anos de trabalho maravilhosos. Minha vinda ao Palmeiras não tem nada a ver com dinheiro e vejo a diretoria do Palmeiras ávida para fazer coisas boas", avaliou o treinador. "O clube tem tudo para dar uma avançada muito grande e se tornar o melhor do Brasil." Mesmo diante dessa projeção de sucesso, Luxemburgo evitou fazer promessas. "Não tem essa de prometer títulos, pois isso todos os times querem ganhar. Eu prometo trabalho, profissionalismo e seriedade", avisou o treinador. "O importante é caminhar junto com o clube na busca de resultados não só dentro de campo, com os títulos, mas também fora dele."
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.