Macri, ex-presidente da Argentina, quer ser vice do Boca; relembre políticos ligados ao futebol

Dirigentes do grupo de oposição do clube de Buenos Aires, vice-campeão da Libertadores, confirmam ex-chefe de Estado na chapa que vai disputar as eleições em 2 de dezembro

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Por Redação

O ex-presidente da Argentina Mauricio Macri será candidato a vice-presidente do Boca Juniors nas próximas eleições do clube, marcada para 2 de dezembro. Dirigentes do grupo de oposição do time de Buenos Aires confirmaram a candidatura na quarta-feira, dia 8. “Estamos conversando há algum tempo. Finalmente, ele decidiu me acompanhar na chapa”, declarou Andrés Ibarra, candidato a presidente do Boca pela oposição, à Radio 10 de Buenos Aires.

Macri, de 64 anos, foi presidente do Boca Juniors durante 12 anos, entre 1995 e 2007. Durante a sua gestão, o clube conquistou seis títulos nacionais entre 1998 e 2006, quatro Copas Libertadores (2000, 2001, 2003 e 2007) e dois Mundiais de Clubes da Fifa (2000 e 2003). Após deixar o Boca, ele foi eleito duas vezes prefeito de Buenos Aires (2007-2015) e presidente da Argentina entre 2015 e 2019. Mas nunca deixou a paixão pelo futebol de lado.

Mauricio Macri e sua mulher, Juliana Awada, assistem ao jogo do Boca Juniors e Tigre em La Bombonera.  Foto: AFP PHOTO / PRENSA CAMBIEMOS

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O anúncio da volta de Macri à política do Boca Juniors ocorre uma semana depois da derrota do time argentino para o Fluminense, por 2 a 1, na final da Libertadores, jogada no Maracanã. O revés impediu o clube de alcançar o sétimo título da competição e igualar o Independiente como o maior campeão do torneio.

O Boca Juniors é presidido por Jorge Ameal, mas o futebol profissional é comandado pelo vice-presidente e ídolo do clube, Juan Román Riquelme, que não tem boa relação com Macri desde a época em que era jogador da equipe e o político era seu presidente. A Argentina também vive nesta semana a escolha de um novo presidente, entre Javier Milei e Sergio Massa. Nos últimos dias, como dirigente político opositor ao governo do peronista Alberto Fernández, Macri vem apoiando ativamente a candidatura do ultradireitista Milei à presidência do país. No segundo turno, que acontecerá em 19 de novembro, Milei vai enfrentar o ministro da Economia, Massa, amigo de longa data de Riquelme.

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Política e futebol

A relação de políticos com o futebol está longe de ser novidade, inclusive no Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre declarou amor ao Corinthians, mas manteve boa relação com diferentes clubes do País, especialmente durante os seus dois primeiros mandatos (2003 - 2010). Em 2011, quando ele enfrentava um câncer na laringe, os jogadores entraram em campo com uma faixa escrito #ForçaLula.

O ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez possui relação antiga com Lula. Em 2010, no último ano do segundo mandato do petista à frente do Brasil, foi anunciado o projeto de construção do estádio do clube, atualmente chamado de Neo Química Arena, para a Copa de 2014. Filiado ao PT, Andrés foi eleito deputado federal por São Paulo no ano em que o Brasil sediou o Mundial.

Presidente Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro, presidente do Brasil entre 2019 e 2022, aproveitou a popularidade no seu primeiro ano de mandato para marcar presença em jogos de futebol de diferentes equipes, especialmente de Flamengo e Palmeiras — o político declarou ser palmeirense, mas já vestiu dezenas de camisas de outros clube. Nunca escondeu sua paixão pelo futebol. Em 2018, após vencer as eleições presidenciais, Bolsonaro subiu ao gramado com a equipe alviverde para festejar a conquista do Campeonato Brasileiro. Ele foi “tietado” por jogadores, como Felipe Melo, e também aproveitou para erguer o troféu.

Antes de ser presidente da República, Fernando Collor de Mello esteve à frente do CSA, um dos principais times de Alagoas, de 1973 a 1974. O trabalho na gestão do clube abriu o caminho para ele ingressar na política, sendo eleito prefeito de Maceió e governador do Estado nos anos seguintes. Ele renunciou à presidência do Brasil em dezembro de 1992 após sofrer processo de impeachment. Seu governo foi marcado pelo aprofundamento da recessão e o confisco das poupanças, com o político sendo condenado pelo Senado por crime de responsabilidade.

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Boleiros políticos

É cada vez mais comum ex-jogadores aproveitarem a popularidade adquirida nos gramados para lançarem as suas carreiras na politica. Caso emblemático no Brasil é o de Romário, campeão mundial com a seleção brasileira em 1994. Pai de uma menina com síndrome de down, ele abraçou a bandeira da luta pelos deficientes e foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro em 2010. O Baixinho foi candidato ao governo do RJ em 2018, mas não se elegeu. Atualmente, é o presidente da Comissão do Esporte no Senado Federal e presidente do América.

Parceiro de Romário na campanha do tetra, Bebeto foi outro a entrar na política, sendo eleito deputado federal pelo Rio nas eleições de 2018, com 28 mil votos. No mesmo ano, Washington Coração Valente foi eleito para o mesmo cargo, no Rio Grande do Sul, e atualmente é secretário executivo de Esportes em Sergipe.

Em 2010, Marcelinho Carioca e o ídolo gremista Danrlei foram eleitos para o cargo de deputado federal por São Paulo e Rio Grande do Sul, respectivamente. Quatro anos depois, o ex-atacante Jardel se elegeu deputado estadual também pelo Rio Grande do Sul. Túlio Maravilha, ídolo do Botafogo, ganhou as eleições para vereador por Goiânia em 2008.

George Weah

O principal destaque entre os ex-jogadores que se tornaram políticos é George Weah. Ídolo do Milan e vencedor do prêmio Bola de Ouro em 1995, ele foi eleito senador na Libéria, em 1994, e, três anos depois, venceu as eleições presidenciais no país africano. / Com informações da AFP

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