Despedida de Marta, prêmio recorde e 32 países: por que a Copa Feminina será a maior da história

Edição de 2023, realizada em conjunto por Austrália e Nova Zelândia, promete atingir patamares históricos da modalidade, com transmissão em mais de 150 países e estimativa de 2 bilhões de telespectadores

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Foto do author Marcius Azevedo
Atualização:

Foi dada a largada para a Copa do Mundo feminina de futebol. A Fifa faz a edição dos seus sonhos, com premiação recorde de R$ 733 milhões para times e jogadoras, transmissão na TV aberta para mais de 150 países, 34 deles só na Europa, e também no streaming e formato de disputa com 32 seleções. O Brasil aguarda por Marta para seu último Mundial. Austrália e Nova Zelândia são os países-sede. A audiência global é estimada em 2 bilhões de telespectadores.

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A técnica sueca Pia Sundhage deve encerrar seu ciclo no comando da seleção brasileira neste evento. O Brasil passa por reformulação. Não está entre as seleções favoritas. O time estreia dia 24 de julho, às 8h (de Brasília), em Adelaide, contra o Panamá. Terá ainda na fase de grupos a fraca Jamaica e uma pedreira diante da França. O futebol feminino ganha destaque no Brasil, com os clubes mais bem organizados e a Globo mostrando partidas em canal aberto, como aconteceu no fim de semana sem Brasileirão masculino. Desde 2019, a Fifa resolveu apostar na modalidade. Ela tem planos de lucrar com o futebol feminino o mesmo que lucra com o masculino.

Mais de 150 países transmitirão os jogos, com estimativa de dobrar a visibilidade. Na disputa anterior, a audiência foi de 1,12 bilhão. Mas a Fifa teve dificuldades para vender o evento e travou uma batalha dura para negociar os direitos de transmissão para a Europa. Ela queria mais dinheiro, o que chamou de “preço justo” na mesa de negociação. Segundo o presidente Gianni Infantino, a disparidade nas propostas entre o que ofereciam para os homens e o que queriam pagar para as mulheres foi o entrave.

Pia Sundhage tenta levar o Brasil ao primeiro título em uma Copa do Mundo Foto: Thais Magalhães/CBF

A oferta variava entre US$ 100 milhões (R$ 480 milhões) e US$ 200 milhões (R$ 960 milhões) para transmitir o Mundial masculino, enquanto que para o feminino flutuava na casa de US$ 1 milhão (R$ 4,8 milhões) a US$ 10 milhões (R$ 48 milhões), mesmo com audiências representando 50% ou 60% do torneio dos homens. A Fifa acabou acertando com a European Broadcasting Union (EBU), que vai transmitir o torneio na TV aberta para 34 países só na Europa, como França, Alemanha, Espanha, Itália e Reino Unido. Mas não revelou valores.

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“Essa edição terá um marco histórico e vai quebrar recordes. Não apenas de audiência e premiação, mas também com bilheteria e receita de produtos licenciados. O futebol feminino tem despertado o interesse mundial e está crescendo de forma rápida”, diz Fábio Wolff, membro do comitê organizador da Brasil Ladies Cup (competição de futebol feminino que reúne oito equipes) e especialista em marketing esportivo.

Transmissão no Brasil

No Brasil, a transmissão será feita pelo SporTV (TV por assinatura), pela Globoplay (streaming) e no Ge.com (internet). A TV Globo prevê passar apenas os jogos da seleção brasileira. Além do grupo Globo, a CazéTV também transmitirá a competição. O canal, que pertence ao streamer Casimiro Miguel, mostrará um jogo por dia, além dos melhores momentos das outras disputas. “O futebol feminino é uma realidade e essa Copa tem representatividade enorme pelos investimentos feitos pela Fifa em torno das premiações”, entende Darwin Filho, CEO da Esportes da Sorte, plataforma de apostas que é um dos parceiros comerciais da CazéTV para o torneio.

Murilo Borges, Head da NSports, sportech que transmite esportes femininos, como futsal, vôlei e basquete, também vê a disputa como um divisor de águas. “O futebol feminino, de maneira geral, vem conquistando espaço. A exibição do torneio para centenas de países mostra que há um maior interesse pela modalidade. Esse é um movimento positivo para todos e que pode ser fortalecido por meio da visibilidade, que é alcançada por meio das transmissões.”

Marta

A edição pode ser o último Mundial de Marta. Ela está com 37 anos. A camisa 10 voltou a fazer parte do time na disputa do SheBelieves Cup, nos EUA, em fevereiro, após quase 11 meses recuperando-se de lesão no joelho esquerdo, e agora vive a expectativa de aparecer na lista das 23 jogadoras que será anunciada no dia 27. Caso seja convocada, Marta vai disputar sua sexta edição de Copa. Ela também participou de cinco Jogos Olímpicos e foi eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo. Pia sabe de sua importância para conduzir as novas meninas.

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Para o gerente de futebol feminino do Internacional, Leonardo Menezes, o desenvolvimento da modalidade ajuda a deixar o Brasil mais competitivo. “Fortalecer os certames é essencial para o crescimento e consolidação do esporte. Fomenta o desenvolvimento de atletas e força os clubes a investirem nas bases. Fortalece o produto e atrai parceiros comerciais.”

PREMIAÇÃO RECORDE

O formato do Mundial será similar ao do masculino. Oito grupos com quatro países cada um, com os dois melhores indo para as oitavas. A Fifa já adiantou que vai dar premiação para todas as jogadoras. Elas vão receber, no mínimo, US$ 30 mil (R$ 144 mil). Os valores podem aumentar de acordo com o avanço das seleções. Caso cheguem às oitavas, as jogadoras já garantem US$ 60 mil (R$ 289 mil), podendo conquistar até US$ 270 mil (R$ 1,3 milhão) com o título.

Ao todo, serão distribuídos US$ 152 milhões (R$ 733 milhões) entre prêmios e verba de preparação para as seleções. Os valores chegam a ser três vezes maiores do que na edição de 2019 e dez vezes acima do torneio de 2015.

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“Por mais que esses valores sejam menores comparados ao masculino, já se nota um avanço. O torneio contará com 32 seleções e cada uma vive uma realidade diferente. Em alguns países, a modalidade é mais desenvolvida, em outras, nem tanto. Nesse sentido, a premiação torna-se uma motivação a mais para as atletas”, diz Rogério Neves, CEO da Motbot, plataforma que atua com crowdfunding esportivo. “As premiações terão impacto real e significativo nas carreiras e vida dessas atletas. É uma boa forma de ajudar a impulsionar um esporte que já apresenta crescimento”, acrescentou Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing esportivo.

A Fifa espera “usar” esse Mundial para consumar a importância do futebol feminino. No ano que vem, em 17 de maio, a entidade realiza um congresso para definir quem receberá o torneio seguinte. Até o momento, há quatro candidaturas: África do Sul e Brasil, além de duas propostas para sediar o torneio em conjunto, uma delas feita por Alemanha, Bélgica e Holanda e a outra de EUA e México.

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