Manipulação na Série B: como funcionava o esquema envolvendo jogadores e apostadores

Investigação teve início em novembro de 2022, a partir denúncia feita pelos dirigentes do Vila Nova, de Goiás

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Por Andreia Bahia, especial para o Estadão
Atualização:

Material apreendido durante a Operação Penalidade Máxima, realizada na terça-feira, 14, reforça os indícios de que houve manipulação em pelo menos três partidas da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado para atender a interesses de apostadores. E mais, aponta que os crimes se estenderam para jogos realizados este ano e o Ministério Público de Goiás não descarta a possibilidade de o esquema envolver também partidas da Série A do Brasileirão. O MP de Goiás afirma que não há indícios de dirigentes de clubes envolvidos, apenas jogadores e de um apostador.

Como funcionava o esquema

Um apostador de fora de Goiás, por meio de sua empresa, cooptava atletas para que, mediante pagamento, alterassem o resultado do jogo. Esses jogadores tinham que realizar uma ação específica no jogo: cometer um pênalti ainda no primeiro tempo da partida. O esquema envolvia o resultado de mais de um jogo, no caso investigado, dos três jogos da ultima rodada da Seri B de 2022. Conversas de WhasApp de um celular apreendido com suspeito em São Paulo comprovam o esquema de manipulação.

O que deu origem à investigação

A investigação teve início em novembro de 2022 a partir de uma denúncia feita pelos dirigentes do Vila Nova de Goiás sobre um esquema de apostas, envolvendo a manipulação de resultados em jogos da Série B.

Quanto recebiam os jogadores

Os jogadores envolvidos recebiam R$150 mil, caso o resultado fosse o acordados, sendo que R$ 10 mil recebiam antes da partida e o restante ao fim do jogo.

Possíveis alores recebidos pela manipulações, algo de investigações do Ministério Público. Foto: Reprodução

Quais foram os jogos

Os três jogos que deram origem à investigação são da última rodada da série B:

  • Vila Nova 0 X 0 Sport
  • Criciúma 2 X 0 Tombense
  • Sampaio Côrrea 2 X 1 Londrina

Na partida do Vila Nova, o jogador Romário teria recebido o adiantamento de R$ 10 mil, mas não cometeu o pênalti na partida, que ficou zero a zero, e passou a ser cobrado pelo ressarcimento do prejuízo.

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Qual o retorno com essas apostas

O MP de Goiás não identificou todos os sites nos quais são feitas as apostas, apenas dois que estão hospedados fora do país. Os investigadores calculam que o lucro com a manipulação do resultado dos três jogos da última rodada da Série B seria de R$ 2 milhões.

Quais os jogadores envolvidos

  • Gabriel Domingos de Moura -Vila Nova
  • Marcos Vinícius Alves Barreira (Romário) –teve o contrato rescindido com o Vila Nova em novembro do ano passado
  • Joseph Maurício de Oliveira Figueiredo - Tombense
  • Mateus da Silva Duarte – ex-Sampaio Côrrea e hoje no Cuiabá

Operação

Na manhã de terça-feira, 14, foram cumpridos um mandado de prisão temporária contra Bruno Lopes de Moura, em São Paulo, e nove de busca e apreensão em Goiânia, São João del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ).

Quais os próximos passos

Com base no material apreendido na operação Penalidade Máxima, o MP de Goiás vai investigar indícios de que o esquema não envolvendo apenas pênaltis, mas apostas sobre resultado parcial no primeiro tempo, número de escanteios e de cartões amarelos e vermelhos. Há indícios de manipulação em pelo menos um jogo realizado em Goiás e em outros jogos de Campeonatos Estaduais neste ano. Os promotores não descartam a possibilidade de manipulação de resultado em jogos da Série A do Brasileirão.

Operação Penalidade Máxima investiga, além da Série B, manipulações de resultados na Série A do Campeonato Brasileiro. Foto: MP de Goiás

Crimes apurados

Associação criminosa, lavagem de dinheiro e dois crimes previstos no Estatuto do Torcedor, que envolvem a corrupção em âmbito esportivo, com pena prevista de 2 a 6 anos de prisão.

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