Maradona: viagem para Cuba é mistério

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Por Agencia Estado
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"Não sei o que vou fazer nos próximos 15 minutos...como vou saber o que vou fazer amanhã?". Desta forma, em uma conversa com amigos, o ex-astro do futebol argentino, Diego Armando Maradona, deixou claro que a data de sua partida para Cuba é um mistério. Na virada da noite da segunda-feira para a terça, preparou para seus amigos um grande churrasco de despedida. Hoje (terça-feira), ele tinha uma reserva para quatro pessoas em um vôo para Havana. Mas, a último minuto, decidiu ficar. No fim da tarde, fontes do círculo de amigos indicaram que a partida seria "definitivamente" na quinta-feira. "El Diez" iria em um avião de carreira ou em um jatinho privado que um empresário colocaria à sua disposição. Na ilha caribenha, Maradona continuaria o tratamento contra a dependência das drogas. Ali, o clima é de compasso de espera pela chegada do ex-astro. A simpatia é mútua entre cubanos e o ex-jogador, já que "El Diez" declara constantemente sua paixão pela ilha e sua revolução socialista. O ex-jogador até ostenta essa predileção na própria pele: uma imagem do líder cubano Fidel Castro está tatuada na panturrilha da perna esquerda. O parceiro revolucionário de Castro, o argentino Ernesto "Che" Guevara está imortalizado no epitélio do braço direito. EL "CHE" - Em janeiro do ano 2000 Maradona quase foi visitar "El Barba" (O Barba, denominação que o ex-jogador aplica a Deus) quando uma overdose de cocaína quase o matou durante umas turbulentas férias no balneário uruguaio de Punta del Este. Em fevereiro daquele ano, a convite de Fidel, Maradona foi à Cuba para realizar um tratamento contra a dependência das drogas. De lá para cá, a ilha foi seu lar. Ali, foi tratado como um semi-deus. Ele tornou-se o segundo mito argentino a pisar em Cuba. Seu antecessor - também um rebelde, mas de um estilo totalmente diferente - foi o líder guerrilheiro Ernesto "Che" Guevara, braço-direito de Castro na revolução cubana. Conhecido simplesmente como "el Che", Guevara, um médico argentino, conheceu Castro quando este estava planejando uma revolução para derrubar o ditador Fulgencio Batista. Vitoriosos em 1959, após anos de luta, começaram a implementar um regime socialista. Após ter ocupado o cargo de ministro da Indústria e presidente do Banco Central, "el Che" decidiu continuar a revolução socialista em outros países. Guevara morreu em 1967 na selva boliviana, tentando rebelar os camponeses. Para os cubanos, "el Che" é o estrangeiro mais ilustre que participou da revolução. DRIBLE - Maradona não tomou armas pela Revolução, preferindo usar a bola de futebol e suas frases polêmicas para tentar defender Fidel com o mesmo entusiasmo que seu falecido compatriota argentino fez há quatro décadas. No ano 2000, poucos meses depois de estar instalado em Cuba, reuniu-se com Fidel, a quem ensinou como fazer dribles com a bola. O líder cubano, que estava mais acostumado a jogar ao beisebol, o esporte mais popular da ilha, teve a aula dentro do próprio Palácio de la Revolución. "Aprendi a driblar", disse Castro ao fim da "aula". Para o regime de Castro, "El Diez" tem sido útil, já que - apesar de eventuais problemas como acidentes de automóvel resultados de rachas nas estradas cubanas - desde Havana, Maradona declara elogios ao líder cubano com freqüência. "Estou muito orgulhoso de ser amigo de Fidel Castro, é um homem muito inteligente, que sabe de tudo", disse. Além disso, o ex-jogador costuma disparar críticas contra o governo dos EUA, a invasão ao Iraque, a pobreza mundial e o próprio estado de decadência econômica e social da Argentina (no entanto, em Villa Fiorito, o bairro pobre de Lanús, onde nasceu, Maradona nunca realizou qualquer tipo de obra de caridade). Maradona só saiu de Cuba para brevíssimas visitas à Buenos Aires para ver suas filhas e os pais, além de tourneés de conferências ou apresentações pelo mundo que nem sempre terminaram bem. Em março, veio à Buenos Aires cuidar de seus problemas sentimentais (o divórcio com sua ex-esposa Claudia Villafañe e o distanciamento com suas duas filhas adolescentes) e as complicações financeiras (ele acusa seu ex-amigo e ex-manager Guillermo "Guillote" Coppola de tê-lo desfalcado).

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