Como é de costume na cultura do futebol brasileiro, a pressão da torcida cobrando resultados positivos é, inicialmente, em cima do técnico. Mas depois, a cobrança passa a ser diretamente sobre os dirigentes. Pressionados pela sequência de quatro títulos perdidos somente nesta temporada e com a interminável crise de gestão, o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, até admite mudanças, mas não de forma clara. Ele foi pouco transparente após a perda vexatória do título carioca no Maracanã para o Fluminense.
“Não vamos fazer nada de cabeça quente e tomar alguma atitude agora de noite, as 22h ou 23h. Claro que a gente não queria perder, ainda mais da maneira como a gente perdeu. Mas algo precisa ser revisto. Amanhã (segunda-feira), com calma, vou estar reunido com as pessoas que devo estar (outros dirigentes), inclusive, devo estar com o Vítor (Pereira). Temos que rever a situação toda”, disse o dirigente.
Embora o técnico português tenha terminado o Domingo de Páscoa ainda como técnico do Flamengo, pode estar desempregado na segunda-feira. Acontece que é cada vez maior a pressão em cima da diretoria, principalmente sobre Marcos Braz, e as broncas estão também tendo como alvo o presidente Rodolfo Landim.
No Maracanã, a torcida voltou pedir a ‘cabeça’ de Vítor Pereira, chamado de ‘burro’ durante grande parte do jogo decisivo. Além disso, xingou os dirigentes pelo nome, tanto Marcos Braz como o presidente Landim. O clima no Flamengo é terrível depois da perda do Campeonato Carioca para o Fluminense, ainda mais pelas circunstâncias. O time tinha vencido o primeiro jogo por 2 a 0, mas acabou derrotado por 4 a 1 no segundo jogo e deixou o rival bicampeão estadual.
Até nos festivos vestiários do Fluminense, bicampeão carioca, sobrou um grito de gozação com o todo poderoso ‘dono de futebol do Flamengo”. Os jogadores tricolores cantaram, de forma irônica, a música entoada pelos flamenguistas após a conquista da Copa Libertadores sobre a regência de Marcos Braz. O canto era direcionado ao Real Madrid, campeão da Europa, e, até então, provável adversário do Mundial de Clubes em fevereiro de 2023. “Real Madrid, pode esperar, a sua hora vai chegar...”.
Na verdade, parece que chegou a hora da diretoria do Flamengo definir um plano que possa fazer sua torcida esquecer as perdas dos títulos da Supercopa do Brasil (Palmeiras). Recopa Sul-Americana (Independiente del Valle), Mundial de Clubes (terminou em terceiro lugar) e Carioca (Fluminense). Não vai ser fácil.
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