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Mascote do City e xará de ídolo do Chelsea: os torcedores brasileiros na final da Liga dos Campeões

Influenciados pelos pais, garotos Gabriel e Leandro Lampard deixaram a paixão por clubes do Brasil de lado e são fanáticos por times ingleses

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Por João Prata
Atualização:

Quis o destino que o filho do bombeiro militar Leandro Guedes nascesse em 24 de abril de 2012. A esposa estava para dar a luz no hospital e o pai com um olho no parto e outro na TV da sala de espera. Chelsea e Barcelona jogavam pela semifinal da Liga dos Campeões. Num dos jogos mais emocionantes de sua história, o time inglês buscou o empate por 2 a 2 nos acréscimos e garantiu vaga na final - na decisão, venceriam o Bayern de Munique, nos pênaltis, e garantiriam a taça inédita. A criança foi registrada Leandro Lampard, em homenagem ao camisa 8 dos Blues.

O acaso também fez com que uns anos antes, em 2009, o engenheiro Guilherme Rodrigues se casasse com a irmã do fundador da torcida do Manchester City no Brasil. Ele começou a dar uma força para o cunhado e quando foi ver, em 2015, seu filho estava entrando em campo no Etihad Stadium, de mãos dadas com o então capitão do time Yaya Touré.

Família de Guilherme Rodrigues torce para o Manchester City Foto: Wilton Junior/Estadão

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Leandro e Guilherme neste sábado estão em lados opostos na decisão da Liga dos Campeões. Em comum, são cariocas, ainda vivem no Rio de Janeiro, e conseguiram transmitir essa paixão pelos times ingleses aos filhos. Apesar da distância, ambos são sócios-torcedores das respectivas equipes e já tiveram a oportunidade de torcer para o time estrangeiro de coração in loco. Ambos são vascaínos, sem muito ânimo. Os times que realmente mobilizam a família para torcer e acompanhar o dia a dia são os ingleses. Com a família uniformizada, farão das suas casas arquibancadas neste sábado na expectativa de gritar 'é campeão'.

O torcedor Chelsea

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A paixão de Leandro pelo Chelsea começou há mais de 20 anos. O videogame foi o pontapé inicial. Do mundo virtual, passou a acompanhar o clube. Chamou a atenção a organização da equipe e como crescia de produção ano a ano. Também ajudou quando em 2001 a diretoria optou pela contratação do meia Lampard. "Acompanho desde que ele veio do West Ham. Vi a trajetória toda, acompanhei a carreira bem de perto, desde quando entrava nos jogos até se tornar titular absoluto. Para mim é um dos maiores jogadores. Por tudo: caráter, por ser profissional, nunca vi nenhum jogador assim."

O carinho pelo jogador foi passado para o filho na certidão de nascimento. "Queria eternizar o Chelsea na minha vida. Não era planejamento da minha esposa. Mas depois daquela vitória histórica em cima do Barcelona, ela aceitou o Lampard desde que colocasse Leandro antes", disse ao Estadão.

Esse acontecimento, de certa maneira, transformou sua vida. Quando a seleção da Inglaterra veio ao Brasil para a reinauguração do Maracanã, Leandro contou com o apoio de jornalistas para tentar armar um encontro dele com o ídolo maior. Leandro foi ao estádio, mas não conseguiu chegar até o xará de seu filho.

Ele visitou também Londres, foi ver jogos do Chelsea, mas nada. Veio então a Copa do Mundo no Brasil e mais uma oportunidade. "Mas o padrão Fifa é terrível, né? Impossível chegar perto dos jogadores", reclamou. Leandro conseguiu com uma repórter inglesa o contato do assessor de imprensa da Inglaterra. O time de Lampard iria jogar em São Paulo contra o Uruguai. O torcedor fanático foi à capital paulista.

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Fã do Chelsea, Leandro batizou o filho em homenagem a Lampard, ídolo do Chelsea Foto: Wilton Junior/Estadão

"Ele me recebeu no hotel, na concentração. Teve carinho enorme com minha família, meu filho. Me deu a camisa que jogou contra a Costa Rica, autografada", lembrou. E não foi a única. Leandro ganhou outras duas camisas do Chelsea. Todas estão emolduradas na sala, a área vip do clube inglês em sua casa.

A laje no andar de cima é a arquibancada, repleta de lembranças por todos os lados. As paredes são apinhadas de imagens de jogadores, flâmulas, bandeiras, camisas e réplicas de troféus. O local foi batizado pelos torcedores brasileiros de Terraço Stamford Bridge, em referência ao nome do estádio inglês. É lá que ele vai assistir a decisão.

O torcedor do City

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Guilherme, o filho Gabriel, hoje com 14 anos, a filha Celina, 4 anos e a esposa Cíntia também vão estar uniformizados para ver a final. Só que a camisa autografada pelos jogadores do Manchester City que o filho Gabriel ganhou em 2015 ficou curta. Na época, eles já eram sócios do clube inglês. E o City promoveu um concurso para crianças que moravam fora da Europa. O vencedor ganharia passagem com acompanhante, conheceria toda estrutura do clube e entraria em campo de mãos dadas com o capitão da equipe.

"Foi demais. Depois disso o fanatismo cresceu. Participamos da torcida brasileira e todo ano ajudamos na renovação da carteirinha do grupo inteiro", conta Guilherme.

Em 2015, Gabriel entrou em campo no Etihad Stadium de mãos dadas com o então capitão do City Yaya Touré Foto: Arquivo Pessoal

Ao lado do cunhado, Guilherme ajuda na administração da torcida oficial pelo City. Eles possuem CNPJ, pagam taxas para o clube e possuem carteirinha que dá desconto na loja do clube e preferência na compra por ingresso. Hoje são 37 sócios-torcedores brasileiros do City. "Chegou a ter mais de 50. Nossa meta é bater 100 e se tornar o maior grupo de fora do Reino Unido."

Palpites

Guilherme vê o City como favorito ao título. Ele espera que seu ídolo De Bruyne faça mais uma grande apresentação e garanta uma vitória tranquila. "Vai ser 2 a 0 sem sofrimento. O City cresceu muito ao longo da temporada e chega agora em alta. É diferente dos outros anos quando caiu de produção na reta final."

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Leandro aposta em uma vitória apertada do Chelsea. "2 a 1. Se for sem sofrimento não é Chelsea", profetizou. "Tem uma frase que eu tenho e já ficou conhecida até entre os jogadores. Soube que chegou lá pelo Willian (ex-jogador da equipe). A frase diz: Chelsea, sempre um prazer!"

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