John Textor, sócio majoritário da SAF do Botafogo, viralizou nas redes sociais após ser flagrado em um ‘rolê’ de skate em uma pista no Aterro do Flamengo, localizado entre o Centro e a Zona Sul do Rio de Janeiro. No vídeo, registrado por um frequentador do local na sexta-feira, dia 8, o empresário aparece de camisa social e calça jeans enquanto dá uma volta sobre a prancha.
Ele havia deixado o novo estúdio da Botafogo TV, onde gravou um programa exclusivo para o canal do clube no YouTube, que passou por uma reformulação. “Eu estava a caminho do aeroporto ontem à noite. Comi uma pizza e bebi umas duas cervejas. Vi um parque de skate incrível, que nunca tinha visto antes, e conheci algumas pessoas legais lá”, explicou Textor ao portal FogãoNET.
“Mas não é fácil tomar cerveja e andar de skate, principalmente no skate de outra pessoa, que foi feito para quem é menor e pesa menos. Mas eu voltarei lá com meu próprio skate, sem álcool para ver se ainda consigo”, completou.
Apesar do momento descontraído, o americano é o pivô de uma polêmica acusação de corrupção no futebol brasileiro após denunciar um suposto esquema de recebimento de propina envolvendo árbitros. As falas dele provocaram, inclusive, um pedido de abertura de inquérito no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Além do Botafogo, o empresário tem controle sobre o Crystal Palace, time da Inglaterra, e também do Lyon, da França. Em 2022, o clube brasileiro concretizou a venda de 90% de suas ações para o Eagle Holding, fundo de investimentos do divertido magnata americano. O interesse de Textor pelo futebol se iniciou em 2021, com o investimento no clube inglês, mas ele já tinha uma “veia esportista” em seu corpo.
Prodígio no skate
Nascido em Kirksville, pequena cidade no Estado do Missouri, nos Estados Unidos, Textor concluiu seus estudos em um colégio público. Segundo o empresário, ele cresceu em uma família de classe média em Palm Beach, na Flórida. Ainda na adolescência, começou a se aventurar no mundo dos esportes, mais especificamente no skate – cultura que se expandia na costa leste americana.
Em 1978, competiu e venceu o torneio de freestyle – que premiava as melhores manobras e estilo na pista – no “The Pepsi Skateboard Team Challenge”. A competição, patrocinada pela marca de refrigerantes, aconteceu em Tampa, na Flórida. Hoje bilionário, Textor era um dos prodígios no esporte já aos 12 anos. Ele chegou a derrotar o skatista Rodney Mullen em disputa de freestyle e recebeu destaque de revistas especializadas na época.
Entretanto, o jovem não conseguiu chegar ao seu auge sobre o skate. Na década seguinte, precisou encerrar sua carreira após uma lesão na cabeça, que o fez ser hospitalizado. De acordo com o próprio Textor, o término precoce fez com que ele decidisse investir no ramo de tecnologia e internet, quando essa área ainda “engatinhava” ao redor do mundo. Eram os primeiros passos para a construção de sua fortuna.
Fortuna
Foi por meio destes investimentos que Textor ganhou dinheiro. Ele abriu e trabalhou com dezenas de empresas de tecnologia que fizeram com que o empresário fortalecesse seu nome nesse ramo. Não há números concretos sobre quanto ele acumulou financeiramente ao longo de sua carreira, mas ele fez o nome entre os principais investidores americanos – antes mesmo de iniciar sua empreitada no esporte. Seu patrimônio é estimado em US$ 250 milhões.
No início do advento da internet, o americano fundou múltiplas empresas, sites e startups na world wide web (www). Na área da tecnologia, comprou a Digital Domain, empresa de produção de efeitos especiais para o cinema e televisão que havia sido fundada em 1993 pelo diretor James Cameron.
No portfólio, que contou com o apoio do também diretor Michael Bay, estão produções como Piratas do Caribe, Transformers, Vingadores, Homem de Ferro, entre outros, todos sucessos de bilheteria.
Ao todo, a empresa soma sete premiações no Oscar de efeitos especiais. Em 2012, a empresa foi à falência e a Suprema Corte dos Estados Unidos multou John Textor em US$ 80 milhões por, entre outros motivos, entender que o americano utilizou parte da receita e equipamentos da companhia para fomentar a criação da fuboTV, canal de streaming no país.
No ano seguinte, o novo dono do Botafogo fundou a Pulse Technology, empresa especializada em hologramas ultrarrealistas. Foi por meio dela que ele recebeu a alcunha de “Guru da realidade virtual em Hollywood” pela revista Forbes. Entre os feitos, a Pulse “reviveu” Tupac Shakur e Michael Jackson, em apresentações holográficas no Coachella e Billboard, respectivamente, anos após suas mortes. Tupac foi um dos rapper mais conhecidos nos EUA.
Torcedor
Aos 57 anos, John Textor não poupa esforços para acompanhar o Botafogo. Seja no camarote do Estádio Nilton Santos ou nas arquibancadas do setor de visitantes, ele sofre tal qual um torcedor alvinegro. Já foi visto tremulando bandeira do clube e tomando chuva em dia de partida. Em julho do ano passado, viajou ao Chile para acompanhar a vitória contra o Patronato, pela Copa Sul-Americana. No Brasil, ele construiu a imagem de investidor de sucesso, mas também de um animado apaixonado pelo time e pelo jogo em si.
Ele provoca essa identificação com o seguidor do Botafogo. Não escapou, no entanto, dos olhares desconfiados dos brasileiros quando chegou ao Rio. Mas tem superado essa condição. O rendimento do time no Brasileirão o ajudou a cair nas graças do torcedor apesar da queda na reta final. “Eu gosto de ver o jogo com os torcedores na arquibancada. No Estádio Nilton Santos é mais difícil porque é muito cheio e eu seria uma distração. Hoje, tinha mais de 40 torcedores fanáticos aqui, então foi muito legal. Gosto de assistir assim, sem ser de terno e gravata, como faço na Premier League”, disse.
É preciso olhar para John Textor com essas duas lentes, a de um esportista, mas também a de um cara que investe seu dinheiro para ter lucro e gerar mais receitas para seus negócios. Ele trabalha para fazer o Botafogo ganhar partidas e campeonatos e para que seu dinheiro aumente no futebol brasileiro.
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