Contratado neste ano, Memphis Depay ainda se adapta ao futebol brasileiro para chegar próximo a sua condição física ideal. Desde que estreou pelo Corinthians, disputou quatro jogos – sendo um destes como titular – e continua trabalhando incansavelmente no CT Joaquim Grava para melhorar sua forma em campo. Nesse meio tempo, as polêmicas com a Esportes da Sorte, patrocinadora master do clube, levantam a dúvida se o craque holandês continuará no clube em caso de rescisão contratual da patrocinadora.
Memphis chegou em setembro, em negociação que envolveu um aporte financeiro de R$ 57 milhões da casa de apostas para bancar parte dos vencimentos do atacante. Ao todo, o “pacote Memphis” custará cerca de R$ 70 milhões aos cofres do clube. Sem a verba da Esportes da Sorte, o Corinthians teria dificuldades para arcar com o salário do holandês de 30 anos.
Leia também
No entanto, o contrato de Memphis com o Corinthians não tem cláusula de rescisão caso a Esportes da Sorte deixe de ser patrocinadora master da equipe. O único termo que permite o fim da relação entre clube e jogador é uma eventual queda para a Série B do Campeonato Brasileiro. Nesse caso, o atleta estaria livre para deixar o time alvinegro, sem arcar com quaisquer multas rescisórias. O mesmo vale para o Corinthians.
O acordo entre Corinthians e Esportes da Sorte foi firmado em julho, aproximadamente um mês depois de a Vai de Bet rescindir unilateralmente com o clube após o escândalo dos repasses do intermediário a uma suposta empresa laranja. O valor do patrocínio é de aproximadamente R$ 100 milhões anuais, com vínculo vigente até 2026. Uma das cláusulas garante o aporte de R$ 57 milhões do total para a contratação de um jogador de peso. Livre no mercado, o astro holandês foi o nome escolhido, com vencimentos em R$ 3,5 milhões e contrato até julho de 2026.
Uma apólice de seguro para garantir os pagamentos a Memphis Depay chegou a ser cogitada entre os membros da cúpula do presidente Augusto Melo. A questão surgiu depois de Darwin Filho, CEO da Esportes da Sorte, ser alvo de mandado de prisão em uma investigação da Polícia Civil que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro por meio de jogos de azar.
A possibilidade foi descartada pelo fato de a diretoria entender que a empresa apresentou garantias suficientes para honrar o acordo. Um dia antes de a marca não aparecer na lista do governo, o diretor jurídico Leonardo Pantaleão renunciou ao cargo. O Estadão apurou que um dos motivos da saída foi justamente o fato de a ideia do seguro não ir para frente. O secretário geral Vinicius Cascone assumiu a função de Diretor de Negócios Jurídicos.
O Corinthians não comenta, oficialmente, sobre a situação da Esportes da Sorte, mas entende que está resguardado pelo contrato de que a empresa cumprirá com o que foi acordado. Além disso, segundo mostrou o Uol primeiramente, há uma multa rescisória de R$ 100 milhões caso a Esportes da Sorte não possa seguir com o contrato.
Clima de apreensão
Na última semana, o Corinthians viveu um clima de apreensão na relação com sua patrocinadora master. No dia 1º de outubro, a marca não foi incluída pelo Ministério da Fazenda na lista de plataformas que podem operar no território brasileiro. A liberação veio somente nesta terça-feira, junto à Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), para operar em território fluminense. Se não tivesse ocorrido, a bet não poderia operar, nem patrocinar clubes brasileiros. Além disso, o Corinthians, segundo apurou o Estadão, não tinha um plano B para substituir a marca em caso de impedimento do governo.
Além do Corinthians, Grêmio, Palmeiras e Bahia são alguns dos times que recebem investimentos da plataforma. Segundo a Loterj, a Esportes da Sorte passou a ser credenciada porque a Esportes Gaming Brasil, empresa que detém a marca, se tornou sócia controladora da ST Soft Desenvolvimento de Programa de Computadores Ltda, proprietária da plataforma Apostou.com, credenciada pela Loteria do RJ desde novembro de 2023.
Após a alteração societária, a ST Soft solicitou autorização para a substituição do domínio atual (rj.apostou.com) pelos novos (esportesdasorte.com e onabet.com), mantendo as condições de habilitação para operação. A Loterj entendeu que a empresa cumpria os requisitos e credenciou os novos domínios na lista estadual do Ministério da Fazenda. A autorização junto à Loterj permite que a Esportes da Sorte atue, exclusivamente, no Rio.
A marca ainda tenta, junto ao Ministério da Fazenda, a licença para atuar nacionalmente. Após o dia 11 de outubro, as empresas que não constem na lista da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) serão derrubadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.