O terceiro capítulo da série de reportagens feita pelo Estadão sobre o período em que Ronaldinho Gaúcho esteve preso no Paraguai, acusado de usar passaporte falso para entrar no país, mostra como o ex-jogador se manteve ativo nas redes sociais e, assim, conseguiu ganhar seguidores e continuar com seus patrocínios. Até live de grupo de pagode Ronaldinho participou durante a prisão domiciliar em um hotel no centro de Assunção.
CAPITULO 3
Nos últimos meses, Ronaldinho teve um aumento de 400 mil seguidores em suas redes sociais. Nas principais plataformas digitais, ele acumula mais de 100 milhões de seguidores. Somente no Instagram, são 51,7 milhões. Esses números fizeram, por exemplo, a Embratur manter o ex-jogador como Embaixador do Turismo do Brasil, independentemente do processo que corria contra ele na Justiça paraguaia.
"O passado vitorioso de Ronaldinho como ex-jogador de futebol é reconhecido no mundo inteiro, e possíveis erros em sua vida pessoal não apagam sua história de sucesso", diz trecho de nota enviada pela Embratur ao Estadão. "Seu trabalho como Embaixador do Turismo não consiste em cumprir agenda preparada pela Embratur, porém, quando chamado, costuma comparecer a eventos e também fazer postagens em suas redes sociais mostrando ao mundo as belezas do Brasil."
Possíveis erros em sua vida pessoal não apagam sua história de sucesso
Embratur, em nota
Sem restrição de uso do aparelho celular no hotel em que cumpriu prisão domiciliar enquanto esteve no Paraguai, Ronaldinho usou as redes sociais para parabenizar o amigo Lionel Messi pelo seu aniversário, relembrar dribles desconcertantes em dia de Gre-Nal e recordar as conquistas dos títulos da Libertadores de 2013 com o Atlético-MG e da Liga dos Campeões de 2006 com o Barcelona, entre outras postagens.
A casa de apostas Betcris, uma das patrocinadoras de Ronaldinho, manteve o contrato com o ex-jogador e, assim que ele saiu do Paraguai, lançou uma campanha com a imagem do astro nas redes sociais e nas placas de publicidade da partida entre Flamengo e Santos, pelo Campeonato Brasileiro. "Em relação ao que aconteceu com ele no Paraguai, aprendemos com a mídia, como quase todo mundo. Confiamos no procedimento da Justiça e na presunção de inocência de Ronaldinho. Decidimos colocar em pausa a exposição durante esse período, mas estamos felizes por ele estar livre e esperamos ter campanhas bem-sucedidas com ele", disse Aurélien Lohrer, diretor de marketing da Betcris.
O especialista em marketing esportivo e professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Marcelo Palaia compara Ronaldinho a Mike Tyson, considerado um dos maiores boxeadores de todos os tempos e dono de um longo histórico de problemas com a polícia e a Justiça dos Estados Unidos.
"A imagem do Ronaldinho já não era das melhores fora dos gramados. Porém, acredito que casos como o do Tyson ilustram bem no sentido de mostrar que o fã está disposto a perdoar deslizes de seus ídolos. Ele passou por vários episódios controversos, mas as pessoas não deixam de considerá-lo um dos grandes nomes do seu esporte. Na esfera de marcas e patrocinadores, é claro que existe uma mancha de não querer se associar a atletas que possam gerar prejuízo de reputação, mas ele ainda tem uma base de admiradores sólida que, eventualmente, abrem brechas para que empresas continuem o enxergando como potencial ícone", explica Palaia.
No campo jurídico, enquanto Ronaldinho e seu irmão, Assis, estavam em prisão domiciliar, os advogados dos brasileiros entraram com novo recurso na tentativa de anular o processo. Em vão. Ambos continuaram detidos no Paraguai.
QUARTO CAPÍTULO
Nesta sexta-feira, o Estadão mostrará que, no mês de junho, Ronaldinho já não conseguia mais esconder os sinais de desgaste com o processo que se arrastava na Justiça paraguaia. "Estão sendo 60 longos dias", desabafou em entrevista ao jornal Mundo Deportivo, da Espanha.
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