Messi no Barcelona: quais os caminhos que o clube precisa tomar para recontratar o craque argentino?

Caso não renove com o PSG, melhor jogador do mundo ficará livre no mercado a partir de junho; time espanhol mantém conversas com a família e estafe do jogador

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Foto do author Murillo César Alves
Atualização:

Desde que Messi deixou a Espanha em 2021, o Barcelona sonha e planeja o retorno do maior artilheiro de sua história. À época, por problemas financeiros, o clube catalão foi incapaz de renovar o contrato do craque argentino por causa de obstáculos econômicos e estruturais do regulamento da La Liga, responsável por organizar o Campeonato Espanhol.

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Impossibilitado de renovar seu vínculo na Espanha, o Paris Saint-Germain, de Neymar e Mbappé, surgiu como a melhor opção para o argentino, que assinou contrato de dois anos com o clube francês. Duas temporadas depois e sem previsão para renovar sua estadia na França, o atual melhor jogador do mundo deve novamente ficar livre no mercado. O Barcelona sonha com Messi todos os dias.

Após a eliminação do PSG na Liga dos Campeões, o clube chegou a ter um encontro com o argentino para estender seu vínculo por mais uma temporada, até junho de 2024, mas as conversas não avançaram. O pai do jogador esteve em Paris. Em um novo momento em comparação com aquele há dois anos, o Barcelona pode ter condições para trazer o maior jogador de sua história de volta à Espanha.

Situação de Messi na França

Após uma temporada de 2021/2022 abaixo da média, Messi teve, na reta final do último ano, seu melhor momento no PSG. Com 18 gols e 17 assistências, o atacante é o jogador que mais teve participações diretas para gol pelo clube nesta temporada. O título mundial no Catar também elevou o patamar de Messi na França, que retornou ao PSG com direito a corredor de honra feito pelos jogadores, incluindo Mbappé, rival na decisão.

No entanto, a eliminação precoce para o Bayern de Munique, nas oitavas de final da Liga dos Campeões, teve impactos na relação do argentino com o time e sua torcida. Na primeira partida após a queda na Champions League, Messi foi vaiado pelas arquibancadas do Parque dos Príncipes; um dia antes, em 18 de março, ele teria deixado uma sessão de treinamentos após desentendimentos com Christophe Galtier, treinador da equipe — o PSG informou que o argentino havia tido um desconforto muscular.

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Vínculo de Messi com o Paris Saint-Germain se encerrará em junho. Foto: Divulgação/PSG

A situação de Messi na França é diferente daquela encontrada na seleção argentina. Campeão mundial, o atacante ultrapassou recentemente a marca de 100 gols com a camisa albiceleste e levou milhares de argentinos às ruas do país em dois amistosos — contra Panamá e Curaçao — na última data Fifa. Ele vive na Argentina dias de Maradona. E isso pode ser para sempre.

Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG, já havia anunciado que as negociações para uma renovação com Messi aconteceriam após a Copa do Mundo, mas na última semana, durante evento do jornal espanhol Marca, o catariano revelou que ainda não houve um acordo. “Vamos analisar o que estamos fazendo. Não vamos cometer erros. Veremos no verão (europeu) o que precisamos para equilibrar o elenco. Não me preocupa de maneira alguma a janela de transferências”, afirmou o dono do PSG.

Retorno ao Barcelona

Antes de deixar a Espanha em direção à França, Messi teve seu nome fortemente vinculado ao Manchester City, comandado por seu ex-treinador Pep Guardiola. Em 2020, enviou um telegrama ao clube no qual demandava que fosse vendido para o clube inglês. As negociações não avançaram, mas isso não impediu que o camisa 10 deixasse o time que o revelou ao mundo.

Problemas financeiros do Barcelona fizeram com que, contra sua vontade, Messi tivesse de deixar a Espanha. Caso houvesse uma renovação de seu vínculo, a equipe violaria as regras de fair-play financeiro do Campeonato Espanhol. “Apesar de se ter chegado a um acordo com o jogador e, com a clara intenção de ambas as partes de assinarem hoje um novo contrato, este não pode ser formalizado devido a obstáculos econômicos e estruturais do regulamento da La Liga”, explicou o Barcelona, em comunicado, à época. “As duas partes lamentam profundamente que não se possam cumprir os desejos, tanto do jogador quanto do clube.” Messi chorou ao se despedir.

Messi chorou em sua última entrevista coletiva pelo Barcelona, em 2021. Foto: Albert Gea/Reuters

Dois anos depois, com um novo treinador e um elenco que pode ajudar Messi a conquistar títulos, o Barcelona adota, inicialmente, uma postura cautelosa para um retorno do camisa 10. De acordo com diversos jornais da Espanha, o Barcelona — ainda que seja a principal opção para o atacante — não é a única, caso Messi realmente não estenda seu vínculo com o PSG.

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Além do clube catalão, o Al-Hilal, rival de Cristiano Ronaldo e algoz do Flamengo no Mundial de Clubes, surge como uma possibilidade para o atacante e planeja oferecer uma quantia semelhante àquela que o craque português recebe na Arábia Saudita. A Major League Soccer (MLS) também pode ser um destino para o argentino: o Inter Miami, que tem David Beckham como um de seus sócios, também se interessa para contar com o atleta.

Caso não chegue a um acordo, Messi deixará a França, sem custos, a partir de junho. Quando foi contratado, em um cenário semelhante, o projeto esportivo e financeiro do PSG acreditava que a vinda do argentino iria se autofinanciar — venda de camisas, direitos de imagem e patrocínios. Dois anos depois e um salário de 25 milhões de euros anuais (cerca de R$ 135 milhões), a parceria está próxima de chegar a seu fim.

Desejo do Barcelona

Antes de deixar a Catalunha, Messi não escondia a insatisfação com o antigo comando do Barcelona. Josep Maria Bartomeu, presidente entre 2014 e 2020, foi, ao lado de sua gestão, um dos motivos para o argentino querer deixar o clube, ainda em 2020. Quando Joan Laporta assumiu o cargo, o argentino queria continuar na Espanha, mas foi impedido pelas finanças.

“Eu teria gostado de me despedir de outra forma: nunca imaginei minha despedida porque a verdade é que não pensava assim”, disse Messi, enxugando as lágrimas na sede do clube quando deu, até então, sua última coletiva pelo Barcelona. Ainda com Laporta no comando, a tendência natural é que, caso o argentino não chegue a um acordo na França, retorne para sua “casa” na Europa, a Catalunha.

Além disso, clube, estafe e família do jogador mantiveram uma boa relação durante a estada de Messi no PSG. Na última semana, o vice-presidente esportivo do Barcelona Rafael Yuste reafirmou que mantém conversas para um retorno do argentino à Catalunha. “Estamos em contato com Messi e adoraríamos que ele voltasse. Leo e sua família sabem o afeto que temos. Claro que eu gostaria que ele voltasse, e certamente muitos torcedores compartilham das minhas palavras. Acho que as histórias na vida devem acabar bem, e por isso temos contatos com Messi”, afirmou.

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Messi e Xavi podem reeditar parceria no Barcelona a partir da próxima temporada. Foto: Albert Gea/Reuters

Xavi, companheiro do camisa 10 enquanto jogador, também revelou o desejo de contar com Messi em seu elenco a partir da próxima temporada. “Eu amo Messi, o vi crescer. Todo mundo gostaria de ver uma última dança, como Michael Jordan”, brincou o treinador em relação aos astro da NBA.

“Eu adoraria que Leo Messi voltasse. É um tema no qual estamos trabalhando, mas não depende só de mim. Depende da felicidade de Lionel e se ele quer voltar”, advertiu. “Não é o momento certo para falar sobre isso, mas eu seria o primeiro a ficar muito feliz.”

Questões financeiras e ‘Caso Negreira’

Um dos obstáculos para o retorno de Messi pode ser, novamente, a questão financeira. Além do “Caso Negreira”, escândalo de pagamento de propina a árbitros para favorecer o Barcelona em campo, o fair-play financeiro é uma questão: é preciso adequar as finanças do clube para suportar o peso de Messi em sua folha salarial.

As negociações e rumores sobre a volta do atacante podem ser uma forma de distrair a mídia — e os torcedores — quanto aos escândalos dos quais o clube está envolvido. De qualquer forma, o impacto na folha salarial será milionário. Antes de Messi deixar o Barcelona, em 2021, as partes chegaram a um acordo para o jogador receber salários de 10 milhões de euros anuais.

Barcelona é acusado de corruptar vice-presidente da comissão de arbitragem da Federação Espanhola. Foto: Joan Monfort/AP

“Não sei se o clube fez, mas está claro para mim que fiz de tudo para ficar (no Barcelona). Estava tudo acertado. Cortei meu salário em 50%. O resto é mentira”, afirmou o jogador à época. Em março, Javier Tebas, presidente de La Liga, afirmou que o Barcelona deve aumentar os seus ganhos em 200 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão) caso queira gastar na janela de transferência do verão europeu.

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“Eles (Barcelona) têm de reduzir o investimento em jogadores e nós os encorajamos a vender jogadores porque, para cada valor que eles arrecadam em vendas, eles podem gastar 40% disso”, afirmou Tebas. Para a temporada 2022/2023, o clube reforçou o elenco para voltar a ser competitivo: Robert Lewandowski, Jules Koundé, Raphinha e Christensen foram alguns dos nomes que chegaram à Catalunha. Como resultado, o Barcelona lidera o Campeonato Espanhol.

De acordo com o The Athletic, a chegada de Messi teria um impacto de 90 milhões de euros (R$ 495 milhões) sobre as finanças do Barça, que vai sofrer com a ausência do Camp Nou na próxima temporada. Ó estádio com a maior capacidade da Europa (90 mil lugares) será fechado para reformas e o Barcelona jogará no Olímpico Lluís Companys, construído para a Olimpíada de 1992.

Barcelona reforçou seu elenco com a chegada de Lewandowski na última temporada.  Foto: Alejandro García/EFE

Localizado próximo à região portuária da cidade e a 4 km do Camp Nou, o estádio tem capacidade para pouco mais de 55 mil torcedores. Ter Messi no elenco poderia ajudar o Barcelona a atrair torcedores — da mesma forma que o PSG acreditava que o atacante se pagaria sozinho na França.

Como afirmou Tebas, a venda de jogadores também pode ser uma saída para que o Barcelona tenha o aporte financeiro necessário para contar com Messi. De acordo com o diretor esportivo do clube, Mateu Alemany, o Barcelona está no caminho certo para a próxima janela de transferências.

As saídas de Gerard Piqué, Antoine Griezmann e Memphis Depay ao longo dos últimos meses ajudou a aliviar a folha financeira do elenco. Sergio Busquets, capitão e um dos líderes do Barcelona, também é outro nome que pode deixar o clube, já que seu contrato termina em junho. Aos 35 anos, ainda não há definição de renovação de seu vínculo. O foco agora é um só, Lionel Messi.

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