Nem Barcelona nem o futebol da Arábia Saudita, que vem buscando astros experientes para revolucionar seu campeonato nacional. O destino do veterano Lionel Messi é o Inter Miami, dos Estados Unidos. Aos 35 anos, o astro argentino aceitou o desafio de disputar a Major League Soccer (MLS) e confirmou que o time do inglês David Beckham é seu destino.
A informação foi confirmada pelo próprio jogador, em entrevista conjunta aos jornais espanhóis Mundo Deportivo e Sport, antes de ser anunciada oficialmente pelo clube americano. “Tomei a decisão de ir para Miami”, afirmou o jogador. “Como a coisa do Barcelona não saiu, queria sair da Europa, sair dos holofotes e pensar mais na minha família”, concluiu.
Messi aceitou a oferta financeira e vai tentar reerguer o lanterna da competição, com somente 15 pontos após 16 partidas. Ele se apresenta após defender a Argentina nos amistosos contra Austrália e Indonésia, dias 15 e 19 de junho, respectivamente. Nos últimos dias, o pai do jogador teve reuniões com o Barcelona, mas as negociações não avançaram. Há dois meses, quando já se sabia que ele não ficaria no PSG, seu pai negocia um novo contrato.
“Estava ansioso para poder volta, mas depois de ter passado pelo que vivi e pela saída que tive, não queria ficar na mesma situação de novo: ficar esperando para ver o que ia acontecer e deixar meu futuro nas mãos de outros. Ouvi dizer que tinham de vender jogadores ou de baixar os salários dos jogadores e a verdade é que não queria passar por isso, nem me encarregar de obter algo que tivesse a ver com tudo isso”, completou.
O jogador queria definir seu futuro antes de defender o país na Data Fifa. O Inter Miami nunca foi a primeira opção de Messi, que mesmo em rota de colisão com o presidente do Barcelona, Joan Laporta, jamais negou que sonhava em vestir novamente a camisa do clube. Ele jogará na equipe de David Beckham por causa do Fair Play Financeiro da equipe espanhola.
Desde a eliminação na Champions League, Messi ficou sem clima para permanecer no Paris Saint-Germain. O argentino virou alvo dos revoltados torcedores do time de Paris e acabou sendo perseguido e vaiado. Uma viagem sem autorização para a Arábia Saudita acabou estremecendo de vez a relação do atleta com o clube após receber multa. Um pedido de desculpas de nada adiantou e o contrato não foi renovado após duas temporadas.
No jogo de sua despedida, uma derrota para o Clermont, pela última rodada do Campeonato Francês, Messi foi novamente vaiado pelos torcedores. Ele nunca esteve feliz no PSG.
A ida para a Arábia Saudita chegou a ser especulada como chance de o astro acertar sua transferência ao Al-Hilal. As altas cifras oferecidas, porém, parecem não ter motivado o jogador, que jamais escondeu o sonho de retornar à Espanha. Messi já adiantou que voltará a morar em Barcelona com a família, mas um retorno ao clube ficou inviável por causa do teto de gastos estipulado pela Fifa. O clube não tinha como inscrevê-lo na LaLiga. O Barcelona melhorou suas finanças nesta temporada, com a conquista do Campeonato Espanhol, mas ainda está longe de brigar com os gigantes da Europa.
Seu pai e agente, Jorge Messi, até foi flagrado no clube catalão. Disse, inclusive, que o filho sonhava em vestir novamente a camisa 10 da equipe onde se consagrou após 19 temporadas - desde a base. O problema é que teria de receber um salário muito baixo para poder atuar a fim de o Barcelona não ficar impossibilitado de realizar novas contratações.
“O pacote que estaria sendo oferecido ao jogador, se confirmado, além de ser comercialmente agressivo é também disruptivo, pois tornaria o Messi sócio da Adidas e Apple nas receitas geradas pela liga americana. Isso não é algo trivial quando imaginamos uma empresa do tamanho da Apple. Mostra também a maturidade do mercado americano quando os demais clubes da liga aceitam ceder alguma fatia do bolo e ver seu adversário ser reforçado com o melhor jogador do mundo em prol de crescer o bolo de uma forma maior no futuro. Precisamos apreender essa lição rapidamente aqui no Brasil”, afirmou Eduardo Carlezzo, advogado especialista em direito desportivo.
Especialista em marketing esportivo e professor da ESPM, Ivan Martinho vê o momento como histórico para o Inter Miami. “Ás vésperas de sediar uma Copa do Mundo e seguindo a tradição de criar um ambiente convidativo para grandes estrelas como Beckham, Kaká, Ibrahimovic e outros, a MLS e o Inter Miami parecem dar a maior cartada de sua história com a contratação de Messi, deixando pra trás o sonho catalão do retorno ao Barcelona ou da reedição da rivalidade com Cristiano Ronaldo no futebol árabe. Miami é a cidade mais latina dos EUA e uma das que mais recebe turistas, fatos que trazem identificação imediata com a nova estrela e futuros capítulos promissores para o futebol ‘jogado com os pés’ no maior mercado esportivo do mundo”, afirmou.
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