Vítima de um câncer, jogador foi tricampeão do mundo pela seleção brasileira e fez história no Santos com diversas conquistas e gols. Ele estava internado desde 29 de novembro
Pelé está morto. Aos 82 anos, o melhor jogador de todos os tempos não resistiu ao tratamento de um câncer no cólon. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Seu coração bateu pela última vez de forma lenta e pausada, sem que seu corpo sentisse qualquer dor. Estava sedado. Pelé morreu sereno, tranquilo e calmo, como sempre se comportou diante dos zagueiros e goleiros que tentaram impedir seus gols. Tudo o que era possível fazer, foi feito.
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Pelé nunca desistiu da vida. Ela sempre lhe deu muito. E ele a todos nós. Pelé queria viver mais. Ele terminou os seus dias amparado pela mulher, Márcia, com o carinho dos filhos e rezando no quarto do hospital, um hábito que sempre o acompanhou, mas que nos últimos tempos era quase uma obsessão. Pelé rezava com os médicos. Levou sua fé até o fim e a Deus nunca deixou de agradecer pelo dom dado sem pedir nada em troca.
O futebol está de luto. O dia de sua morte será lembrado para sempre, assim como sua história. “Pelé morreu” vai ser a frase mais dita nos próximos dias em Três Corações, Bauru, Santos, São Paulo, Brasil e em todos os cantos do planeta. Seu corpo será velado na Vila Belmiro. A família pediu para o corpo ser cremado. Haverá muita gente incrédula com a notícia. Mas ninguém indiferente a ela. Sua história continuará sendo contada de geração em geração até o fim dos tempos. Reis, rainhas e presidentes vão chorar sua morte e reverenciar o que ele fez em vida. O futebol vai demorar para entender o que essas duas palavras significam: “Pelé morreu”. A notícia vai correr o mundo. Não se sabe se um dia o futebol deixará o luto. Suas histórias vão virar lenda. Pelé está morto.
O Brasil ainda não sabe o que sua morte significa. Vai descobrir com o tempo, em meio à dor da perda de um filho pródigo e de um vazio inigualável. Inigualável porque Pelé foi o maior jogador da história do futebol. Não há nem haverá outro como ele. A notícia de sua morte vai ecoar pelo mundo. Onde há uma bola, há reverência a Pelé, seu talento e história. O futebol chora sua morte. Pelé está morto.
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Ele deixa milhões de admiradores e seguidores nas redes depois de viver os últimos anos numa luta quase que diária com suas doenças. Há anos, sua saúde estava cada vez mais debilitada, de altos e baixos, com momentos estáveis e outros nem tanto. Pelé foi definhando em vida, longe da bola e cada vez mais distante dos compromissos profissionais. Em seus últimos momentos, nem de longe lembrava aquele atleta esbelto e dono de movimentos precisos. Mas Pelé reinou absoluto até o fim. Ele deixa mulher e sete filhos. Um câncer o derrubou, mas não somente. Ele tinha outras doenças graves, uma delas nos músculos das pernas. Tentou um tratamento nos EUA, mas não deu certo. Também tinha enfermidades no coração.
Neste dia em que não haverá notícia maior e mais sentida do que sua morte, Pelé se junta a outros gênios da humanidade, como Leonardo da Vinci, William Shakespeare, Albert Einstein, Villa-Lobos e alguns mais por quem o mundo se dobrou. Os feitos de Pelé como jogador correram o mundo e se tornaram maiores do que ele próprio, um sujeito simples que gostava de reunir a família em volta da mesa aos domingos, de cantar e contar histórias. Sua fama o precede desde os 17 anos, quando estreou pela seleção brasileira na Copa de 1958. Nascido Edson Arantes do Nascimento, Pelé foi homem e deus ao mesmo tempo. Em vida, recebeu muitos homenagens. A última delas, uma coroa na camisa do Santos. Em sua morte, recebe gratidão. Pelé está morto.
O Rei estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele acompanhou alguns jogos da Copa do Catar, ‘abraçou’ Neymar após a eliminação do Brasil e festejou a conquista da Argentina. Um dos últimos boletins relatava um Pelé mais enfraquecido e debilitado. “Internado desde 29 de novembro para uma reavaliação da terapia quimioterápica para tumor de cólon e tratamento de uma infecção respiratória, Edson Arantes do Nascimento apresenta progressão da doença oncológica e requer maiores cuidados relacionados às disfunções renal e cardíaca. O paciente segue internado em quarto comum, sob os cuidados necessários da equipe médica”, informava o boletim de 21 de dezembro assinado pelos médicos Fabio Nasri, geriatra e endocrinologista, Rene Gansl, oncologista, e Miguel Cendoroglo Neto, diretor-superintendente médico e serviços hospitalares. Familiares também estiveram com ele. Sua última mulher, Marcia, foi a grande companheira à beira da morte.
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Pelé iniciou tratamento contra um tumor no cólon em 2021. Ele precisava ir ao hospital com frequência para dar seguimento ao atendimento e fazer avaliações. Já havia sido submetido a uma cirurgia para retirada do tumor no mesmo hospital em setembro daquele ano. No início de 2022, os médicos constataram metástase que atingia o intestino, o pulmão e o fígado. Pelé nunca se entregou. Morreu sedado e sem se entregar.
Maior de todos
Aclamado “Rei do Futebol” e “Atleta do Século 20″, o ídolo brasileiro tinha fãs pelo mundo todo. Seu nome, ou apelido de quatro letras (PELÉ), era conhecido muito mais do que qualquer personalidade das mais diversas áreas e gerações, mais até do que presidentes, reis e rainhas, além dos papas. Pelé não precisava de legenda em suas fotos. Reza a lenda que nunca pediram passaporte para ele em suas inúmeras viagens. Exagero? Nem tanto para quem carregou a fama de ter parado uma guerra na África, apertado a mão dos últimos presidentes americanos e sido abençoado pelos papas que ocuparam o Vaticano em sete décadas, do italiano São João 23 ao argentino Francisco Bergoglio, para quem Pelé sempre foi melhor do que Maradona.
Sinônimo de saúde e vigor físico durante toda a sua carreira, Pelé vinha enfrentando problemas médicos nos últimos anos. Seu corpo atlético e perfeito definhava com a inevitável chegada da idade e alguns contratempos de saúde, como uma cirurgia no fêmur em 2012 e os músculos enfraquecidos das pernas. Pelé virou um senhor cuja imagem do passado dizia mais do que o reflexo do presente no espelho. Ele vinha se distanciando de sua maior paixão, a bola, fazia algum tempo.
Seu maior prazer era reunir a família nos almoços de domingo. Também reduziu sua agenda a quase zerá-la, não viajava mais e não aparecia no Museu Pelé, em Santos, onde tinha uma ampla sala para dar expediente e de onde gostava de ficar a ver os navios passando pela janela. Foi lá que o Estadão esteve com ele pela última vez, em 2019, por causa dos 50 anos do seu milésimo gol.
Pelé em 100 fotos do Estadão
1 / 100Pelé em 100 fotos do Estadão
Pelé
O rei do futebol em imagens selecionadas pelo Acervo Estadão Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Peléposa antes de jogo da Seleção Brasileira com uma "auréola" formada pela tuba de um dos componentes da banda que toca o Hino Nacional, Rio de Janei... Foto: Domicio Pinheiro/ EstadãoMais
Pelé
Aos 14 anos, Peléfoi campeão invicto pelo time juvenil do Bauru Atlético Clube, o Baquinho, e pela primeira vez sua foto foipublicada em um jornal de ... Foto: Acervo/EstadãoMais
Pelé
Pelé na década de 1950. O craque começou no Santos em 1956. Dez meses depois, vestiria a camisa da seleção brasileira para se tornar um dos maiores - ... Foto: Acervo/EstadãoMais
Brasil conquistou a Copa do Mundo de 1958 e 1962 com Pelé e Garrincha
Brasil conquistou a Copa do Mundo de 1958 e 1962 com Pelé e Garrincha Foto: Acervo/Estadão
Pelé e Garrincha
Pelé e Garrincha formaram uma das maiores duplas do futebol mundial Foto: Carlos Chicarino/Estadão
Pelé e Kelly Cristina
Pelébrinca com asua filha Kelly Cristina, 22/11/1969 Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Pelé, aos 18 anos de idade, prestando juramento à Bandeira. Foto: Acervo/Estadão
Pelé na final da Copa do Mundo de 1970
Pelé na final da Copa do Mundo de 1970 Foto: Oswaldo Palermo/AE
Pelé
Cercado por repórteres e torcedores, Pelé entra na Vila Belmiro para a sua última partida com a camisa do Santos, diante da Ponte Preta pelo Campeonat... Foto: Acervo/AEMais
Despedida de Pelé do Santos
Ajoelhado no centro do campo, os braços abertos e chorando. Foi assim que Pelé, o maior jogador de todos os tempos, encerrou sua carreira no Santos. Foto: Claudine Petroli/Estadão
Despedida de Pelé do Santos
Cercado por fotógrafos, Pelé dá volta olímpica em suadespedida do Santos. Foto: Equipe/Estadão
Pelé
Depois de ser substituído, Pelé deixa o campo chorando na Vila Belmiro após vestir pela última vez a camisa do Santos, em partida contra a Ponte Preta... Foto: Acervo/AEMais
Despedida de Pelé do Santos
Peléno vestiárioem suadespedida do Santos. Foto: Acervo/Estadão
Despedida de Pelé do Santos
Pelé chorano vestiário fotografado porReginaldo Manente em suadespedida do Santos. Foto: Reginaldo Manente/Estadão
Pelé
Com o corpo no ar, Peléprepara-se para dominar a bola, disputando o lance com um zagueiro do Paraguai. O Brasil venceu por 3 a 0. Eliminatórias da Cop... Foto: Acervo/EstadãoMais
Pelé
Pelé tomando um café no aeroporto ao lado de Mauro Ramos de Oliveira - capitão da Copa do Mundo em 1962 no Chile. Foto: Acervo Estadão
Copa do Chile (1962)
Os jogadores Pelée Mauro posam para foto durante treino da Seleção do Brasil durante a Copa do Mundo de Futebol no Chile,Viña del Mar, 01/6/1962. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Pelé acena para fotógrafos e jornalistas, das cabines de rádio e televisão, antes do jogo entre Itáia e França, na Copa do Mundo na Argentina, 02/6/19... Foto: Oswaldo Jurno/ EstadãoMais
Pelé
Pelé, Athie Jorge Cury e Ligia Moreira Dorneles. Foto: Acervo/Estadão
Jairzinho e Pelé
O jogador Jairzinho corre para abraçar Pelé, que comemora o primeiro gol do Brasil contra a Itália, na partida final da Copa do Mundo no México, 21/6/... Foto: Acervo/EstadãoMais
Pelé
Na véspera da estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1962, Pelé observa marinheiro chileno encher balão com a frase "Viva Chile", distribuí... Foto: Acervo/EstadãoMais
Casamento do Pelé
Pelé se casa com Rosemeri Cholbi, sua primeira esposa, Santos, litoral sul de São Paulo, SP. 13/02/1966. Foto: Acervo/Estadão
Pelé no Chile
Cercado de pequenos fãs chilenos, Pelé deixa o treino da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1962,Viña del Mar, Valparaíso, Chile, 21/5/1962. Foto: Reginaldo Manente/ Estadão
Pelé
Pelé comemora gol marcado contra a Checoslováquia, 03/6/1970. Foto: Acervo/Estadão
Pelé (1975)
A imprensa sempre assediou Pelé. Em sua estréia no New York Cosmos, no jogo exibição contra o Dallas Tornado, havia 152 fotógrafos na cobertura do eve... Foto: Wellington Budim dos ReisMais
Pelé e Garrincha
Pelé e Garrinchana final da Copado Mundo da Suécia em1958 Foto: Acervo/Estadão
Pelé e Coutinho
Em foto de 11/9/1970, osjogadoresque infernizaram a defesados adversários do Santos Foto: Acervo/Estadão
Pelé e Tostão
Oscraques Tostão e Pelése abraçam em campo. Foto:20/3/1970
Pelé
Pelé apanha a bola no fundo das redes e a beija após marcar seu milésimo gol, em19/11/1969. Foto: Acervo/ Estadão
Pelé
Pelétocaviolãona concentração da Seleção brasileiradurante a Copa de 1970,noMéxico. Foto: Acervo
Pelé e Xuxa
Pelé ao lado da então namoradaXuxa,10/3/1983. Foto: Rodney Mello/ Estadão
Pelé
Pelé no vestiário do santos, após treino na Vila Belmiro, década de 1960. Foto: Acervo/Estadão
Pelé goleiro
Durante os treinos Pelé costumava ir pro gol, como na foto feita durante treino para aCopa do Mundo do Chile, em 1962. Mas por duas vezes o atacante s... Foto: Acervo/EstadãoMais
Seleção (1960)
Peléembarca para mais um jogo internacional da Seleção Brasileira, junto com Pepe, Coutinho e Júlio Botelho (da esquerda para a direita).São Paulo, SP... Foto: Acervo/EstadãoMais
Pelé
Pelé prepara mais um dos seus dribles. São Paulo, SP, 01/01/1960. Foto: Domício Pinheiro/ Estadão
Pelé
O suor escorre pelo rosto de Pelé durante um treino do Santos Futebol Clube,Santos, SP, 01/01/1960. Foto: Domício Pinheiro/Estadão
Pelé e Bellini
Em uma viagem da Seleçãoo Brasileira, Pelese diverte com um sonolento Bellini, capitão do time, Rio de Janeiro, RJ, 21/5/1960. Os dois foram campeões ... Foto: Acervo/EstadãoMais
Pelé faz alongamento
O craque Peléfaz alongamento no aquecimento para a disputa de mais um jogo pelo Santos, Santos, SP, 01/01/1958. Foto: Domício Pinheiro/ Estadão
Soco no ar
O jogador Pelé dá"um socono ar", gesto utilizado por ele ao marcar gol, durante ensaio fotográfico realizado no estádio do Pacaembu, na zona Oeste, na... Foto: Domício Pinheiro/EstadãoMais
Pelé
O jogador Pelé chega na Vila Belmiro, Santos, SP. Década de 60. Foto: Domício Pinheiro/ Estadão
Pelé em campo
Olhar fixo na bola, Pelétomba o corpo para driblar adversário, Rio de Janeiro, RJ, 01/01/1960. Foto: Acervo/Estadão
Pelé se despede da Seleção
Com uma coroa na cabeça e um cetro na mão, Peléacena para o público ao deixar o campo em sua despedida da Seleção Brasileira em São Paulo. No jogo rea... Foto: Domício Pinheiro/EstadãoMais
Pelé
O grande astro do futebol brasileiro faz a barba na concentração da Seleção, Rio de Janeiro, RJ,01/01/1970. Foto: Acervo/Estadão
Pelé no refeitório
Dona Maria Toledo, cozinheira da Vila Belmiro, serve Peléno refeitório do Santos, década de 1960. Foto: Domício Pinheiro
O Reio do Futebol e a Rainha da Inglaterra
A Rainha da Inglaterra, Elizabeth II, ao lado depríncipe Phillip,comprimentao Rei Pelé,São Paulo, SP, 11/11/1968. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Retrato do jogador Pelé,Santos, SP, 21/5/1971. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Pelé, comemora vitória no vestiário da equipe do Santos F.C., apósa conquista do título do Campeonato Paulista de Futebol,São Paulo, SP, 19/5/1968. Foto: Acervo/Estadão
Pelé e Gérson
Observado por Gérson, Peléouve as instruções do técnico João Saldanha durante um treino da Seleção,Rio de Janeiro, RJ, 01/01/1960. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Pelérecebe a faixa campeão paulista de 1958. Foto: Acervo/Estadão
Pelé universitário
Pelévestido de beca para a solenidade de sua formatura na Faculdade de Educação Física de Santos. Ele se formou na mesma turma de Pepe, seu companheir... Foto: Acervo/EstadãoMais
Pelé no treino
Pelésalta sobre cone em treino físico na Vila Belmiro. O camisa 10 sempre foi um atleta aplicado no condicionamento do corpo.Santos,SP, 01/01/1970. Foto: Alberto Marques/Estadão
Jogadores leem o Estadão
Os jogadores Miguel e Mazzaropi, o técnico Mário Travaglini e Peléleem o Estadão, década de 1970. Foto: Acervo/Estadão
Cartas para Pelé
Pelé, com apenas 18 anos de idade,lêcartas dos fãs na concentração da Vila Belmiro, Santos. 01/12/1958. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
O jogador de futebol do Santos F. C.,Pelé , desembarcaem Caracas, na Venezuela,23/02/1959. Foto: Acervo/Estadão
Pelé e seus fãs
Pelésegura menino no colo, ao ser recepcionado por torcedores no Aeroporto de Congonhas, depois de uma partida pela Seleção Brasileira.São Paulo, SP, ... Foto: Acervo/EstadãoMais
Pelé de terno e gravata
O astro do futebol arruma a gravata.Santos, SP, 02/10/1974. Foto: Domício Pinheiro/Estadão
Pelé distribue autógrafos
De dentro do ônibus, antes do embarque da Seleção para o Brasil, Pelédáautógrafo a torcedor, após a conquista da Copa do Mundo do Chile.Santiago, Chil... Foto: Acervo/EstadãoMais
Pelé
Peléjoga sinuca na concentração antes do jogo decisivo do Campeonato Paulista de 1964. Santos, SP,15/12/1964. Foto: Domício Pinheiro/Estadão
Pelé
Pelé em lance da partida Santos x Corinthians. Década de 1960 Foto: Acervo/Estadão
Pelé é examinado
Peléé submetido a exames durante concentração da Seleção,Campos do Jordão, 01/03/1962. Foto: Acervo/Estadão
Pelé no Chile
Pelé, ao lado do preparador físico Paulo Amaral, na concentração da Seleção em Viña del Mar,Chile, 11/05/1962. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Peléérecebido por torcedores logo após a equipe do Santos desembarcar no Aeroporto de Congonhas.São Paulo, SP, 01/3/1961. Foto: Acervo/Estadão
Pelé relaxa
Pelédescansa no vestiário do Santos Futebol Clube, Santos, 05/12/1975. Na época, ojogadorestava negociando sua contratação peloNY Cosmos. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Pelé é rodeado por fãs, São Paulo, SP, 20/01/1966. Em qualquer lugar onde fosse, Peléera assediado. Torcedores comuns e policiais queriam chegar perto... Foto: Acervo/EstadãoMais
Pelé discute em campo
Pelédiscute com o árbitro Armando Marques, durante um amistoso da Seleção Brasileira,Paraná, Curitiba, 13/11/1968. Foto: Domício Pinheiro/Estadão
Pelé
Diante de 45.000 espectadores, Peléergue o troféu de Atleta do Século, conferido pela Revista L'Equipe.Paris, França, 15/5/1981. Foto: Claudine Petroli/Estadão
Pelé
O jogador de futebol, Edson Arantes do Nascimento, conhecido como Pelé, durante treino da Seleção, Rio de Janeiro, RJ. 24/6/1966. Foto: Acervo/Estadão
Pelé e Tostão
Retrato dos jogadores Tostão e Pelédurante treino da Seleção Brasileira,Rio de Janeiro, RJ, 04/08/1969. Foto: Acervo/Estadão
Bicicleta de Pelé
Pelédáuma bicicleta durante treino da Seleção Brasileira, década de 1970. Foto: Domício Pinheiro/Estadão
Pelé e Aymoré
O técnico AymoréMoreira ajuda Peléa se levantar na concentração do Brasil para a Copa de 1962, Valparaíso, Viña del Mar, Chile, 03/6/1962. Foto: Acervo/Estadão
Pelé recebe o carinho dos fãs
Pelé é recebido por torcedores no Aeroporto de Congonhas ao chegar de Lisboa, onde conquistou o campeonato mundial interclubes, em 1962, São Paulo, SP... Foto: Reginaldo Manente/EstadãoMais
Pelé na rádio Eldorado
O jogador Pelégrava publicidade do Café Peléno estúdio da Rádio Eldorado,São Paulo, SP, 24/04/1972. Foto: Acervo/Estadão
Pelé à mesa
Peléaguarda refeição na concentração do Santos, 27/12/1961. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
O jogador Pelé na inauguração da Rua Edson Arantes do Nascimento, na cidadede Três Corações (MG), onde nasceu,20/4/1966. Foto: Domício Pinheiro/Estadão
Pelé e seu Aero Willys
O jogador de futebol Pelérecebe de presente um automóvel modelo Aero Willys,São Paulo, SP. 20/01/1963. Foto: Vizonni/Estadão
Pelá no ataque
Pelédurante partida do Santos no Estádio da Vila Belmiro,Santos, SP, 01/10/1964. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Edson Arantes do Nascimento, oPelé, em treino da Seleção, São Paulo, SP. 18/02/64 Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Torcedores espremidos no alambrado fazem de tudo para conseguir um autógrafo de Pelé, Lancashire, Liverpool, Inglaterra, 01/6/1966.: jogador era idola... Foto: Domício Pinheiro/EstadãoMais
Pelé
Pelécom o uniforme da Seleção Brasileira sujo de barro em campo, durante partidana década de 70. RJ. 01/01/1970. Foto: Domício Pinheiro/Estadão
Pelé (1969)
Carregado nos ombros por torcedores, Peléergue a bola de seu milésimo gol, marcado de pênalti contra o Vasco da Gama, no estádio do Maracanã,Rio de Ja... Foto: Reginaldo Manente/EstadãoMais
Pelé e Eder Jofre
Festa de lançamento do Aero Willys, com a participação de Pelé e do pugilista Éder Jofre, Salão do Automóvel, São Paulo, SP, 29/9/1962. Foto: Acervo/Estadão
Pelé (1974)
Pelédurante treinodo Santos F. C., na década de 70. Foto: Acervo/Estadão
Pelé (1974)
O jogador de futebol, Edson Arantes do Nascimento,relaxa no vestiário do Santos F. C., após treino com a equipe na Vila Belmiro, Santos,SP. 20/5/1974. Foto: Domício Pinheiro/Estadão
Pelé (1969)
Peléabraça o avôJorge Arantes, antes do início da partida contra o Atlético Mineiro pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, no estádio do Mineirão, em Bel... Foto: Reginaldo Manente/EstadãoMais
Pelé
Pelédurante treino do Santos F. C. , SP, década de 1970. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Edson Arantes do Nascimento em campo, década de 1970. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Gerente do IGC, Pelé eAthie Jorge Cury, deputado estadual, ex goleiro do Santos.Santos,SP,década de 1960. Foto: Acervo/Estadão
Pelé
Pelédirige seu primeiro carro, um Volkswagen Fusca, década de 1960. Foto: Domício Pinheiro/ Estadão
Pelé (1960)
O craque Pelécaído no gramado,São Paulo, Santos, 01/01/1960. Foto: Domício Pinheiro/Estadão
Pelé (1959)
Pelé e outrosjogadores do Santos Futebol Clube, posam para fotografia diante de ônibus que leva a delegação do time para mais um amistoso,Caracas, Ven... Foto: Acervo/EstadãoMais
Didi e Pelé
Peléobserva Didi fazer testes físicos durante a preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 58 que seria realizada na Suécia,Poços de Cal... Foto: Antônio Lúcio/EstadãoMais
Pelé e Antônio Ermírio de Moraes
Antônio Ermírio de Moraes, ao lado de Pelée Roberto Gusmão,São Paulo, SP, 06/5/1986. Foto: Joveci de Freitas/Estadão
Pelé
Edson Arantes do Nascimento,São Paulo, SP.01/9/1967 Foto: Acervo/Estadão
Pelé e Mazzola
O massagista Mário Américo , Pelé e Mazzola, durante apresentação da Seleção Brasileira de Futebo,São Paulo, SP, 05/9/1958. Foto: Acervo/Estadão
Pelé ministro do Esporte
Pelé discursa durante sua posse como ministro dos Transportes, tendo ao seu lado direito o presidente Fernando Henrique Cardos,Brasília, DF, 03/01/199... Foto: José Paulo Lacerda/ EstadãoMais
Pelé
O ex-jogador de Futebol, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, durante entrevista coletiva sobre seu filme,PeléEterno,Brasília, DF, 13/7/2004 Foto: Sérgio Dutti/ Estadão
Pelé
Pelé, durante entrevista coletiva sobre seu filme,PeléEterno.Brasília, DF, 13/7/2004. Foto: Rafael Neddemermey/ Estadão
Pelé e o milésimo gol no jornal
Pelé com anotícia de seu milésimo golem 1969. Foto: Eduardo Nicolau/Estadão
Pelé (2019)
Peléconcede entrevista ao jornalista Robson Morelli, do Estadão, sobre seu milésimo gol, em São Paulo, SP,13/11/2019. O dia 19 de novembro de 1969 ent... Foto: Wether Sanatana/ EstadãoMais
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A história de Pelé já foi contada de diversas maneiras, com inúmeros recortes e fatos, todos eles fascinantes. Ensinou sua arte nos Estados Unidos por um caminhão de dinheiro, quando vestiu a camisa do Cosmos de 1974 a 1977. Fez da seleção brasileira conhecida e reverenciada nos rincões do planeta ao ser tricampeão do mundo nas Copa de 1958, então com 17 anos, 1962 e 1970, cujo time é apontado como o melhor de todos os tempos. Nenhum outro ganhou tantos Mundiais. Nenhum outro foi como ele.
Sua vida, vasculhada a cada aniversário ou comemoração de marcas importantes, vinha à tona por ângulos diferentes, novas entrevistas e inúmeras lembranças. Sempre sob o olhar apaixonado de seus seguidores. Pelé não deixava nenhum fã sem sorriso ou autógrafo. Em 2019, ele se reuniu em sua sala no Museu Pelé, em Santos, cidade que escolheu para morar e terminar seus dias, com jornalistas brasileiros e estrangeiros para festejar os 50 anos do gol 1.000. Atendeu a todos com paciência, sem pausa e sem se recusar a responder qualquer pergunta. Assim era o Rei.
Vida e obra
Pelé nasceu Edson Arantes do Nascimento, na cidade mineira de Três Corações, no dia 23 de outubro de 1940, filho de dona Celeste Arantes, que no dia 20 de novembro deste ano (2022) completou 100 anos, e de João Ramos do Nascimento, mais conhecido como seu Dondinho. Pelé nasceu no mesmo dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira - remonta ao dia em que Santos-Dumont voou com o 14-Bis.
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A família tinha vida simples. Pelé era um dos três filhos dos Arantes do Nascimento. Seu nome foi uma homenagem ao inventor da lâmpada, Thomas Edison. O pai era um grande jogador do futebol amador. Ele incentivou o garoto nos campinhos da cidade. Com apenas quatro anos, Edson se mudou com a família para Bauru, no interior de São Paulo, e lá ganhou o apelido que marcaria sua vida.
Quando brincava no gol, a cada defesa que fazia, gritava o nome de Bilé, em referência ao goleiro do São Lourenço, time mineiro em que seu pai jogava. A proximidade sonora e o erro na fala fizeram com que os amigos passassem a chamá-lo de Pelé. Bilé virou Pelé. O pequeno Edson não gostava da gozação e por isso mesmo o apelido pegou. O mundo conhece essas quatro letras desde então. E agora chora sua morte.
A paixão pelo futebol o acompanhou na mudança de cidade. E logo Pelé começou a jogar nas categorias de base do Bauru Atlético Clube, o BAC ou Baquinho. Não demorou para os amigos repararem seu talento, até que o técnico Waldemar de Brito o levou para um teste no Santos, que já tinha em suas fileiras jogadores como Manga, Zito, Formiga, Jair Rosa Pinto, Pagão, Del Vecchio e Pepe.
Em 1956, Pelé fez sua estreia no profissional. Marcou um gol na goleada por 7 a 1 no amistoso com o Corinthians de Santo André. Em pouco tempo, o novato já era titular. No ano seguinte, estreou com a camisa da seleção brasileira, quando novamente deixou sua marca logo de cara, na derrota por 2 a 1 para a Argentina, pela Copa Roca. O Santos e a seleção mudaram a vida de Pelé, e ele mudou a história do time da Baixada e do escrete nacional. Pelé mudou o futebol: Antes de Pelé, Depois de Pelé.
Estreia na Copa de 1958
Pelé sempre brilhou em estreias. Essa condição o acompanhou em sua primeira Copa do Mundo, em 1958, na Suécia, quando tinha 17 anos apenas. Era um moleque franzino e de cabelo estilo reco, raspado nas laterais. O presidente do Brasil era Juscelino Kubitschek. Tudo na sua vida foi precoce. Num ano ele estava no Santos. No outro, fazia sua primeira partida pela seleção. E na temporada seguinte, lá estava Pelé em um Mundial da Fifa. Ele foi destaque na equipe brasileira em sua primeira conquista, aquela que abriu caminho para as outras quatro. Foi comandado pelo técnico Vicente Feola e esteve ao lado de lendas como Garrincha, Zagallo, Bellini e Vavá. Pelé fez um dos gols mais bonitos do torneio na final contra a Suécia, com vitória por 5 a 2.
Na Copa do Mundo do Chile, quatro anos mais tarde, Pelé já não era mais aquele menino desconhecido em meio a jogadores formados. Pelé já era Pelé. Todos queriam vê-lo jogar. Sua lenda corria o mundo com as cores do Santos, que fazia muitas excursões, e da seleção campeã do mundo, mas ainda estava longe de ser uma celebridade como se tornaria mais tarde. Mas ele se machucou na segunda apresentação do Brasil naquele Mundial. Então, sob o comando de Garrincha, a seleção chegou ao bicampeonato. Pelé e Garrincha nunca perderam um jogo juntos.
Em alta na seleção, Pelé mantinha também a grande fase no Santos. Ao lado de Pepe, Coutinho e tantos outros craques do clube da Baixada, levou a equipe paulista a dois títulos do Mundial da Fifa e outros dois da Libertadores da América, em 1962 e 1963. Não se cansava de ganhar o Paulistão quando os Estaduais tinham mais importância do que qualquer competição. Foram nove conquistas estaduais entre 1958 e 1969 e mais uma em 1973. Por onze vezes, Pelé foi artilheiro do torneio regional. Em 1958, marcou 58 gols. Boa parte dos seus 1.281 gols está registrada no filme Pelé Eterno, de 2004, dirigido por Anibal Massaini Neto, com roteiro de José Roberto Torero e Armando Nogueira.
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Homem e deus
Com tanto sucesso, ele deixava de ser meramente um jogador de futebol para se tornar uma lenda. Campanhas de publicidade, músicas gravadas com grandes artistas e até participações em filmes e novelas passaram a fazer parte da rotina de Pelé entre um treino e outro. Casou três vezes. Tudo na sua vida era um grande acontecimento, desde o primeiro casamento com Rosimere dos Reis Cholbi ao nascimento dos filhos. Depois namorou com Xuxa, ícone da televisão brasileira. Onde ia, Pelé arrastava multidões. Acertou e fracassou em negócios fora de campo, virou garoto-propaganda de marcas importantes e nunca deixou seu nome desaparecer. Sua lenda vai correr o mundo para sempre.
Em campo, manteve sua qualidade até o fim. Pelé seguia o enredo de liquidar com os rivais e aumentar sua coleção de vitórias, conquistas e gols. Nunca teve outro objetivo a não ser ganhar o jogo. Os companheiros contam que ele chegava a dormir no vestiário antes das partidas. Diziam que Pelé sonhava com as jogadas. Quando isso acontecia, era vitória na certa. Em 1969, no Maracanã, contra o Vasco, ele fez seu milésimo gol. Foi um acontecimento. O povo brasileiro perseguiu a façanha por semanas. E tinha de ser de bola parada, em cobrança de pênalti, para o mundo ver, e no palco maior do futebol nacional, o Maracanã. Agora Pelé está morto.
Mas foi na Copa do Mundo de 1970, no México, que sua vida ganharia contornos épicos. Depois do fiasco brasileiro no Mundial de 1966, quando se machucou novamente, Pelé foi o destaque daquela que é considerada por muitos a melhor seleção de todos os tempos. Ele fez da Copa de 70 a pincelada final de sua obra. Após viajar para o México sob desconfiança, conduziu o time ao tricampeonato. Tinha 29 anos. Já era chamado de Rei. Sabia que aquela seria sua última Copa e fez com que todos comprassem sua ideia de se despedir com mais uma conquista. Pelé foi homem e deus ao mesmo tempo, não se sabe até hoje em qual ordem. O homem está morto. O deus viverá para sempre.
Após o tri
Pelé se despediu da seleção um ano depois, em 1971, e do Santos logo em seguida, em 1974, mas ainda teria mais um desafio. Em 1975, aceitou convite do Cosmos de Nova York para reforçar a equipe e popularizar o futebol nos Estados Unidos. Tornou-se campeão americano de soccer em 1977, ano de sua aposentadoria definitiva. Descalçava as chuteiras para vestir os ternos. Assim, tornou-se ministro dos esportes no governo Fernando Henrique Cardoso. Assinou uma lei tão ou mais importante do que seus gols: a Lei Pelé, que libertava os jogadores das amarras contratuais dos clubes. Era o fim do passe e o começo dos direitos dos atletas.
Mesmo aposentado no fim dos anos 70, o futebol nunca sairia de sua vida. Pelé tornou-se presença frequente em jogos do Santos, programas televisivos e campanhas publicitárias, sempre apoiado pelo carisma e apelo popular. Viajou o mundo para levar sua marca e as marcas que o patrocinava. Chegou a se envolver em polêmicas familiares e discussões públicas com desafetos, como Maradona e Romário, mas nada que não se resolvesse com o tempo. Foi gentil ao mandar flores na morte do argentino, quem mais perto esteve de sua coroa. Disse ter perdido um amigo quando Diego morreu em novembro de 2020. Dois anos depois, chegou a sua hora. Ele deixa esse mundo com uma única certeza, de que seu nome será cultuado para sempre. O Brasil perde seu Rei. Pelé está morto.