O canal 8TV, da Catalunha, divulgou nesta quarta-feira imagens da mulher de 23 anos supostamente agredida sexualmente por Daniel Alves no dia 31 de dezembro, em uma boate de Barcelona. A identidade da denunciante está sob sigilo desde o início das investigações e nenhuma imagem dela havia sido mostrada pela mídia internacional até o momento. O jogador brasileiro está preso desde o dia 20 de janeiro no Centro Penitenciário Brians 2. Ele nega o ocorrido e tenta na Justiça responder às acusações em liberdade.
As imagens da jovem foram veiculadas no programa “El Circ”. A atração mostrou um vídeo das imagens de uma câmera de segurança da boate Sutton nas quais é possível ver a mulher conversando com uma amiga. O rosto da denunciante foi borrado, mas é possível ver a cor do cabelo e a roupa usada por ela na noite do ocorrido, características que poderiam facilmente identificar quem é a mulher.
A veiculação das imagens foi duramente criticada por Ester Garcia, advogada da denunciante. Em nota, ela afirma que a divulgação do vídeo é “sensacionalismo”, trazendo “danos irreparáveis” para a sua cliente, além de ser “ética e moralmente reprovável seu vazamento, emissão e publicação”, podendo configurar infrações criminais e cíveis.
A acusação de estupro contra Daniel Alves continua repercutindo tanto na Espanha quanto no Brasil. O jogador de 40 anos prestou depoimento duas vezes à Justiça, mas acabou se contradizendo algumas vezes. O brasileiro primeiramente disse não saber do que se tratava sobre o sêmen encontrado no banheiro onde supostamente estuprou a jovem. Ao ser questionado se havia se masturbado no local, ele optou pelo direito ao silêncio. Questionado pela juíza se os exames de DNA iriam comprovar que material genético encontrado dentro da vagina da denunciante seriam dele, ele respondeu que “não”. Também disse inicialmente que não conhecia a mulher.
Ainda no depoimento de 20 de janeiro, Daniel Alves voltou atrás e afirmou que recebeu sexo oral da mulher no banheiro da boate e ejaculou, mas negou que houve penetração. Mais adiante no processo, disse à Justiça que ocorreu penetração. Ele alegou que deu diferentes versões para tentar esconder a infidelidade da mulher, a modelo Joana Sanz, com quem está em processo de divórcio.
ENTENDA O CASO
Daniel Alves teve a prisão decretada no dia 20 de janeiro. Ele foi detido ao prestar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta de 40 anos, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção. O Pumas, do México, rescindiu o contrato com o jogador no mesmo dia alegando “justa causa”.
A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona, na Espanha. O atleta, que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria trancado, agredido e estuprado a denunciante em um banheiro da área VIP da casa noturna. A denunciante procurou as amigas e os seguranças da balada depois do ocorrido. Material coletado encontrou vestígios de sêmen, tanto internamente quanto no vestido da denunciante.
A equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia catalã (Mossos d’Esquadra), que colheu depoimento da vítima. Uma câmera usada na farda de um policial gravou acidentalmente a primeira versão da vítima sobre o caso, corroborando o que foi dito por ela no depoimento oficial. A mulher também passou por exame médico em um hospital. Daniel Alves foi embora do local antes da chegada dos policiais.
Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral-direito foi determinante para o Ministério Público do país pedir a prisão e a juíza aceitar. No início de janeiro, o jogador deu entrevista ao programa “Y Ahora Sonsoles”, da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma boate que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia.
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