Análise | Mundial: Botafogo tem duelos grandes, mas está longe de ser azarão; Fluminense pode sonhar

Atual campeão da Libertadores encara Atlético de Madrid e Paris Saint-Germain; time tricolor cai em grupo com Borussia Dortmund e adversários mais frágeis

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Foto do author Bruno Accorsi
Atualização:

O sorteio do Mundial de Clubes da Fifa colocou o Botafogo no Grupo B, ao lado de PSG e Atlético de Madrid, dois clubes com relevância considerável no futebol europeu, e do americano Seattle Sounders, vencedor da Liga dos Campeões da Concacaf em 2022. É justo que tal configuração desperte dúvidas sobre a possibilidade de o time carioca avançar às oitavas de final, mas não há como colocar os botafoguenses como azarões.

A disparidade entre os europeus e sul-americanos tem ficado clara nas finais do antigo formato do Mundial, que continuará sendo disputado anualmente, agora sob o nome de Intercontinental. Há diferenças, contudo, entre colocar um campeão da Libertadores para duelar com o vencedor da Champions League e colocar um campeão da Libertadores para bater de frente com times do segundo escalão da Europa.

Adriana Lima displays Botafogo during the fourth draw for the 2025 FIFA Club World Cup soccer tournament, Thursday, Dec. 5, 2024, in Miami. (AP Photo/Rebecca Blackwell) Foto: Rebecca Blackwell/AP

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O tempo sempre joga contra os times brasileiros, pois nem sempre a equipe que brilha em um ano consegue manter o desempenho na temporada seguinte, seja por ter sido devorado pelo mercado de transferências ou por problemas de variadas naturezas.

Se o Botafogo enfrentasse o PSG hoje, não seria absurdo apostar em uma vitória alvinegra ou, no mínimo, em um duelo parelho. O Atlético de Madrid seria um adversário mais duro, mas não ao ponto de se duvidar completamente de um possível triunfo carioca. Quando colocados na balança o peso histórico e a importância de cada clube para o futebol mundial, a camisa alvinegra que já foi vestida por gênios do calibre de Garrincha e Didi ofusca os futuros adversários.

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O certo é que esses encontros serão interessantes para dar argumentos aos diferentes lados de debates futebolísticos que carecem de evidências empíricas. O Campeonato Brasileiro é mais forte que o Campeonato Francês? Os melhores times do Brasil são capazes de superar as equipes europeias que não costumam ser protagonistas continentais?

No caso do Botafogo, o futebol brasileiro vai testar também o duvidoso soccer da MLS, campeonato para o qual grandes estrelas têm ido para encerrar a carreira - como Messi e Suárez, do Inter Miami, adversário do Palmeiras. A missão botafoguense é contra o Seattle Sounders, time no qual joga João Paulo, meia que defendeu o próprio Botafogo entre 2017 e 2019. Os brasileiros Léo Chu, ex-Grêmio, e Nathan, ex-Palmeiras e Chapecoense, também estão na equipe americana.

Futuro do Fluminense é incerto, mas grupo é viável

Colocar o 2025 do Fluminense em perspectiva é difícil frente ao atual momento vivido pelo clube. A temporada desastrosa em 2024 aponta para a necessidade de mudanças no clube, ainda mais em um ano no qual disputará um campeonato tão importante quanto o Mundial de Clubes.

O caminho do time tricolor no Grupo F parece ser mais fácil que o do Botafogo. A partida de maior dificuldade, sem dúvidas, será contra o Borussia Dortmund, hoje quarto colocado da classificação geral da Champions League. Além do time alemão, a chave tem o Ulsan HD, da Coreia do Sul, e o Mamelodi Sundowns, da África do Sul.

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O natural ao ver a tabela com adversários de centros menos badalados do futebol, é apontar o Fluminense como forte candidato a classificação. Não há dúvidas de que chegar às oitavas de final é completamente viável aos tricolores. Não se pode deixar de lado, contudo, a lembrança de que o futebol africano já superou o brasileiro em edições do Mundial em seu antigo formato.

O Mazembe, do Congo, eliminou o Internacional em 2010, e o Raja Casablanca, do Marrocos, derrubou o Atlético-MG, em 2013. Foram casos pontuais registrados há mais de 10 anos, mas servem de alerta. De qualquer forma, caso consiga reestruturar nos próximos seis meses, o Fluminense tem boas chances de não morrer cedo no Mundial de Clubes.

Análise por Bruno Accorsi
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