O Brasil continua em jejum nos Mundiais de Clubes. O Fluminense, com um modelo de jogo ímpar, deixou um fio de esperança, mas esbarrou nos melhores time e técnico da atualidade. Na final do torneio, na Arábia Saudita, nesta sexta-feira, a dura realidade do futebol não deixou margens para dúvidas. O Manchester City se impôs do primeiro ao último minuto, física e tecnicamente, e ergueu seu primeiro troféu mundial com uma goleada por 4 a 0, comandada por Julián Álvarez e Phil Foden.
Esse é o quinto título mundial conquistado por uma equipe da Inglaterra. Manchester United (1999 e 2008), Liverpool (2019) e Chelsea (2021) já contam com o troféu em sua galeria. O técnico Pep Guardiola faturou seu quarto Mundial de Clubes. O catalão foi campeão duas vezes com o Barcelona (2009 e 2011) e uma com o alemão Bayern de Munique (2013).
Em campo, o City não sentiu falta dos desfalques de Erling Haaland e Kevin de Bruyne. Já o Fluminense não conseguiu sustentar a expectativa criada sobre seu futebol. A distância entre os clubes inglês e brasileiro se refletiu no placar. “Fomos Fluminense do começo ao fim. Pegamos o melhor time do mundo dos últimos cinco anos e levamos um gol muito cedo. Mas o time tentou jogar e fazer o melhor. Agora vamos pensar na próxima temporada”, afirmou Diniz após a partida.
O último time do Brasil a ser campeão mundial foi o Corinthians, em 2012. Desde então, Atlético-MG, Palmeiras e Flamengo falharam em chegar à decisão. Grêmio e novamente os conjuntos alviverde e rubro-negro conseguiram disputar com os europeus o título na final, mas apenas os palmeirenses marcaram um gol. Na era dos Mundiais da Fifa, apenas Santos e Fluminense, entre os brasileiros, foram goleados na decisão.
Quando o apito inicial soou, não houve muito tempo para sonho tricolor continuar vivo. Marcelo errou na saída de bola, Aké acertou um belo chute, Fábio desviou, a bola bateu na trave e sobrou para Julián Álvarez, que escorou para o gol aos 40 segundos de jogo. Foi o gol mais rápido da história das finais dos Mundiais de Clubes da Fifa.
O Manchester City usou como protocolo a pressão na saída de bola tricolor para forçar erros. Essa atitude dos ingleses contra o time de Diniz lembrou a forma como clubes grandes paulistas se articulavam para se aproveitar dessa saída de bola arriscada do Audax, equipe em que o treinador brasileiro despontou para o futebol entre 2015 e 2016.
O Fluminense também tentava recuperar a bola no seu campo de ataque. Em um erro de Ederson, foi cometido pênalti sobre Cano, mas a tecnologia flagrou impedimento. Aos poucos, o time das Laranjeiras ficou mais com a bola no pé e se encontrou na partida. O City, por sua vez, buscou candenciar o jogo com toques lentos na intermediária ofensiva. Com paciência, encontrou espaço providencial na lateral esquerda da grande área. Aos 27, Rodri tocou para Foden, que finalizou rasteiro, o zagueiro Nino tentou cortar, mas acabou direcionando a bola à sua própria meta. Gol contra.
O placar adverso tirou o ânimo do Fluminense. As chances, que eram escassas, cessaram por completo. Em contrapartida, o City manteve sua pressão e, quando ficava com a bola em seus pés, fazia seus típicos toques laterais, nada arriscados, à espreita de alguma falha na marcação tricolor.
Na volta do intervalo, o City continuou como dono do jogo e criando muitos problemas para o Fluminense. Diniz não encontrou soluções para levar perigo. O time tricolor ficou entregue em campo. A superioridade técnica fez muita diferença, mas animicamente a equipe das Laranjeiras ficou devendo.
Aos 27 do segundo tempo, a zaga do Fluminense cochilou, Álvarez foi veloz para chegar à linha de fundo e cruzar na medida para Foden marcar o terceiro. Apesar da falta de ímpeto do City, havia clara sensação de que a qualquer momento os ingleses poderiam ampliar o marcador. A entrada de John Kennedy deixou a defesa do time inglês atordoada, mas foi incapaz de vazá-la.
Ainda deu tempo de Álvarez fazer mais um, aos 43. Matheus Nunes deixou o argentino em ótima situação na área e ele não perdoou. Depois do fim do jogo, houve troca de empurrões entre jogadores de Fluminense e City, como Felipe Melo, Grealish e Walker.
MANCHESTER CITY 4 x 0 FLUMINENSE
- MANCHESTER CITY: Ederson; Walker, Stones (Gvardiol), Rúben Dias e Aké (Oscar Bobb); Rico Lewis (Kovacic), Rodri (Akanji) e Bernardo Silva; Phil Foden (Matheus Nunes), Grealish e Julián Álvarez. Técnico: Pep Guardiola.
- FLUMINENSE: Fábio; Samuel Xavier, Nino (Marlon), Felipe Melo (Alexsander) e Marcelo (Diogo Barbosa); André, Martinelli e Ganso (Lima); Arias, Keno (John Kennedy) e Cano. Técnico: Fernando Diniz.
- GOLS: Julián Álvarez, a 1, Nino (contra) aos 27 minutos do 1º tempo; Foden, aos 27, Julián Álarez, aos 43 minutos do segundo tempo.
- ÁRBITRO: Szymon Marciniak (POL).
- CARTÕES AMARELOS: Marcelo, John Kennedy e Alexsander.
- PÚBLICO: 52.601 torcedores.
- RENDA: Não divulgada.
- LOCAL: Estádio King Abdullah, em Jeddah, na Arábia Saudita.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.