Após derrota para o Santos neste domingo, por 2 a 1, os muros do Allianz Parque amanheceram pichados nesta segunda-feira, com protestos contra Leila Pereira, presidente do Palmeiras, e Anderson Barros, diretor de futebol de clube. O vandalismo ocorre, além do revés no clássico do Campeonato Brasileiro, em meio à uma crise da torcida com o clube, eliminado na Libertadores na última semana. Ao Estadão, a Mancha Alvi Verde, principal torcida organizada palmeirense, afirma que não é a responsável pelas pichações, mas reitera as cobranças à diretoria e ao time.
Entre as frases pichadas no muro do Allianz Parque, em trecho próximo à bilheteria do clube, os manifestantes cobram a saída de Barros, principal responsável pelas contratações e formação do elenco palmeirense, e chamam Leila de “mentirosa”. Além disso, pedem reformulação no Conselho administrativo. A reportagem entrou em contato com o Palmeiras, que afirma que registrará boletim de ocorrência e “tomará todas as medidas cabíveis para que os vândalos responsáveis pelos danos ao patrimônio do clube sejam identificados e punidos”.
Esta não é a primeira vez que os muros do estádio são pichados. Em janeiro deste ano, após empate sem gols com o São Paulo pelo Campeonato Paulista, o mesmo trecho do Allianz Parque foi vandalizado, com palavras de ordem contra a presidente. Desde o início de 2023, inclusive, as críticas das torcidas palmeirenses à mandatária do clube cresceram. Além da ausência de reforços, a compra de um avião pessoal, que é utilizado pelo clube nas viagens, não foi vista com bons olhos por uma parcela de torcedores.
Em 2023, o Palmeiras conquistou o Campeonato Paulista diante do Água Santa e a Supercopa do Brasil contra o Flamengo, mas recebeu críticas pela ausência de reforços. Para este ano, apenas o colombiano Richard Ríos e Artur, revelado pelas categorias do clube e que defendia o Red Bull Bragantino, se juntaram ao grupo.
“Tem torcedores que amam o Palmeiras, mas tem outros que só amam ganhar. E, desde o primeiro dia que cheguei aqui, eu disse que não iria prometer nada. Mesmo assim, no dia de hoje, parece que tudo que foi feito não é o suficiente. Que somos todos uma porcaria. E cada um de nós tem que fazer a sua reflexão: é isso que eu quero para mim ou não? Só vão bater nas minhas costas quando eu ganhar?”, afirmou Abel Ferreira, em entrevista coletiva após a partida contra o Santos neste domingo.
Além do Allianz Parque, sedes da Crefisa, empresa de crédito pessoal do qual a presidente Leila Pereira é presidente, amanheceram pichadas. Assim como as mensagens no estádio Palmeiras, as pichações nas agências reclamam das poucas contratações para reforçar o elenco e pedem pela saída do diretor de futebol, Anderson Barros.
Críticas da torcida organizada
Apesar de não reivindicar os ataques, a Mancha Alvi Verde mantém a postura contra os membros da diretoria palmeirense. Após o clássico com o Santos, que ocorreu na Arena Barueri em virtude do show do cantor canadense The Weeknd que ocorrerá no Allianz Parque nesta semana, as torcidas protestaram contra o time. Além disso, a Mancha lançou uma nota, na manhã desta segunda-feira, no qual pede pela demissão de Barros e afirma que irá manter os protestos, antes e após as partidas, até o final do Campeonato Brasileiro, assim como nas reuniões de conselheiros do clube.
Ao Estadão, Jorge Luís, presidente da Mancha Alvi Verde, nega a autoria das pichações por parte da torcida organizada, mas mantém o tom de crítica à gestão de Leila Pereira à frente do clube. “Vamos protestar antes, após o jogo e no intervalo das partidas contra a diretoria. Nossas manifestações serão públicas e conhecidas por todos. Essas pichações não foram feitas por nós. Há 20 milhões de palmeirenses que estão indignados com a diretoria e se manifestam cada um à sua maneira.”
Confira a nota da Mancha Alvi Verde na íntegra
Não é possível ganhar sempre, e o palmeirense não vai exigir isso. Mas o torcedor espera que a diretoria trabalhe para manter o Palmeiras competindo em alto nível, e foi exatamente isso o que deixou de acontecer neste 2023, que, com um mínimo de esforço, poderia ser um dos anos mais vitoriosos da nossa história.
Como a dupla de incompetentes Leila Pereira e Anderson Barros resolveu encerrar a temporada de maneira prematura, a Mancha Alvi Verde informa que vai protestar contra a diretoria antes e depois de todos os 12 jogos restantes.
Jogadores e comissão técnica seguem contando com o nosso apoio - eles são vítimas de uma gestão que errou de maneira deliberada -, e os protestos serão direcionados a quem premeditou a derrocada alviverde.
Nossa principal exigência é a demissão de Anderson Barros, que desmontou um elenco vitorioso e não foi capaz de trazer sequer um reforço na janela de contratações para ao menos remediar a liberação de 10 jogadores ao longo do ano, incluindo dois que eram titulares absolutos.
Além da dupla de incompetentes, vamos passar a cobrar também os conselheiros que dão sustentação à mandatária do clube. E aqui é importante fazer uma distinção:
O palmeirense precisa saber que há um grupo de 27 conselheiros de oposição que vêm sofrendo represálias por não agirem como capachos da presidente. Estes conselheiros têm pedido esclarecimentos e feito perguntas, e vêm sendo retaliados por isso.
Mas a imensa maioria dos membros do Conselho vem pecando por omissão ou por outros tipos de interesse, e a torcida quer saber até quando eles vão seguir apoiando uma dirigente que, além do flerte ditatorial e dos riscos ao futuro de um Palmeiras efetivamente de todos, já demonstrou-se inapta para ocupar o cargo.
Além dos protestos antes, durante e depois dos jogos, vamos passar também a exercer o direito de manifestações pacíficas e ordeiras antes das reuniões do Conselho.
Chegou a hora de saber quem é quem, e os conselheiros até agora silenciosos têm diante de si a oportunidade de defender o Palmeiras contra a aventureira que pretende tomar o clube para si.
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