Neymar foi o melhor jogador de sua ‘era’ na seleção brasileira? Há quem diga que não. Foi pra você?

Jogador disputou três Copa do Mundo, Eliminatórias e Jogos Olímpicos, mesmo assim nunca teve no time nacional rendimento digno de craque: agora troca o PSG pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita

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colunista convidado
Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Neymar não foi o principal jogador da seleção brasileira em sua era, que ainda não acabou. Ele voltou atrás em sua decisão de não vestir mais a camisa do Brasil depois do terceiro fracasso em Copas, no ano passado, no Catar, quando o time perdeu nas quartas de final para a Croácia. A discussão foi levantada pelo amigo Victor Birner, da ESPN. Não sei se outros jornalistas disseram isso também. Mas para o comentarista, Casemiro sempre foi o principal jogador do Brasil nos últimos Mundiais e Vini Jr. começa a se insinuar.

Neymar não esteve na Copa de 2010, na África do Sul, quando Dunga era o treinador. Sua primeira Copa foi em 2014, no Brasil. Ele já estava no Barcelona, já tinha feito diabruras pelo Santos e começava a repetir a dose ao lado de Messi e Luis Suárez. Era, sim, o melhor jogador da seleção, mas ainda não tinha experiência suficiente para conduzir a equipe. Neymar se machucou seriamente na partida contra a Colômbia e não jogou mais. Ficou fora do duelo com a Alemanha, o 7 a 1, na semifinal. Mas havia outros jogadores no elenco em fase melhor, como Marcelo e Daniel Alves, os dois laterais e titulares de Real Madrid e Barcelona, respectivamente. Havia o goleiro Júlio Cesar e o zagueiro Thiago Silva. No meio de campo, Oscar talvez fosse um dos principais nomes, mas com o fracasso gigantesco diante dos alemães, o time não teve um “cara”. Nem Neymar.

No Maracanã, Neymar festeja gol do Brasil contra o Chile nas Eliminatórias para a Copa do Catar Foto: Wilton Junior / Estadão

Certamente aquela não foi a Copa de Neymar, como também não seria quatro anos mais tarde, na Rússia, em 2018. Neymar foi gozado mundialmente nesta edição da Fifa. Virou meme e brincadeira de crianças e adultos que se atiravam ao chão e se contorciam simulando pancadas e dores de jogo. Foi assim que Neymar conduziu o Brasil de volta para casa novamente. Tite levou jogadores como Thiago Silva e Marquinhos e foi a primeira Copa de Casemiro, que assumiu o meio de campo da seleção para não sair mais. Gabriel Jesus e Roberto Firmino não deram conta do recado. Renato Augusto passou e branco, assim como Fhilippe Coutinho. Ninguém encheu os olhos do torcedor.

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Mas é inegável que a seleção sempre foi de Neymar. Tecnicamente, era dele que se esperava as melhores jogadas. O atacante era o mais técnico, sem dúvida. Mas nunca conseguiu transformar sua fama em algo mais produtivo para o time. Os dois zagueiros, Thiago Silva e Marquinhos, tinham muito peso. Casemiro também era um dos mais importantes do grupo. É verdade que Neymar sempre levou para as Copas, estava em sua segunda, uma mistura de entretenimento e futebol. Sua fama o precedia, mas seus jogos nunca foram para fazer o brasileiro bater no peito e ter mais certezas do que dúvidas sobre sua caminhada no Mundial.

Neymar fracassou mais uma vez. Diante da Bélgica, nas quartas, o time de Tite deu adeus à competição. O melhor jogador do Brasil não pôde ajudar a seleção. E teve sua imagem bastante arranhada. Foi preciso um trabalho pós-Copa para apagar a imagem de jogador ‘cai-cai’. Neymar chegou na Rússia para ser uma estrela e deixou o país como uma piada. Mas sempre foi o melhor da equipe.

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Mais velho e experiente, único da sua linhagem na seleção brasileira para a Copa do Catar, o atacante do PSG foi novamente um fiasco no sentido de jogar pouco e ajudar menos ainda. Jogou machucado, nunca esteve 100% e sua escalação sempre foi um grande ponto de interrogação para o torcedor e comissão técnica. Sua bronca em Fred na derrota para a Croácia que eliminou o Brasil talvez o tenha ajudado a não ser mais uma vez apontado como o responsável pelo novo fracasso, seu terceiro em Mundiais.

O craque sempre carrega o piado nas derrotas. É o mais cobrado. Neymar ganhou ouro Olímpico e sobrava nas partidas das Eliminatórias. Mas há muito tempo deixou de ser encarado como um jogador sério para a seleção brasileira. Nunca também fez questão de mudar essa imagem em sua carreira.

Na Copa do ano passado, Casemiro já era gigantesco. Vini Júnior começava a brilhar no Real Madrid e tentava levar sua graça e sorriso para o time nacional. Os outros eram todos bons jogadores, como Antony e Gabriel Jesus, por exemplo, mas nenhum deles maior do que Neymar.

Na seleção, nas últimas três Copas (2014, 2018 e 2022), Neymar sempre foi o melhor e mais badalado jogador da seleção brasileira, mas nunca esteve à altura dos seus antecessores ou de ser no time o que era nos clubes, de usar sua fama e habilidade para ganhar partidas e levar o Brasil mais longe. Por isso sua ‘era’ na seleção é tão apagada.

Para o novo ciclo, dele e da seleção comandada por Fernando Diniz, mais uma vez o jogador é um grande ponto de interrogação, feito o Coringa nas aventuras do Batman. No Al-Hilal, depois de ninguém o querer na Europa, não se sabe qual será sua visibilidade, tampouco o nível do futebol que irá apresentar nas areias sauditas. Vai ganhar muito dinheiro, mas isso não o faz ser convocado para a seleção.

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