Neymar se livra de acusações em processo sobre fraude na sua transferência do Santos ao Barcelona

Promotoria pedia dois anos de prisão e multa de R$ 52 milhões ao brasileiro, mas cita erro da DIS e diz que julgamento foi ‘baseado em presunções, não em provas’

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Por Redação
Atualização:

A Promotoria da Espanha retirou nesta sexta-feira todas as acusações contra Neymar em um processo que investigava corrupção e fraude na transferência do jogador do Santos para o Barcelona, em 2013. O craque do Paris Saint-Germain era alvo de um pedido de dois anos de prisão de multa no valor de 10 milhões de euros (cerca de R$ 52 milhões). A decisão também se estende aos demais réus do caso: os pais do atleta; os administradores da empresa familiar N&N Consultoria Esportiva; o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues; os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu; e ainda Sergi Atienza, representante legal do clube catalão.

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“Este julgamento foi baseado em presunções, não em provas. E a DIS tem o direito de pensar que se beneficiou menos com a transferência de Neymar, mas errou em sua jurisdição, pois deveria ter ido para a (vara) cível e não para a vara criminal”, informou a Promotoria em suas conclusões, segundo o jornal espanhol Marca, encerrando o caso que começou na semana passada.

No dia 17 de outubro, Neymar foi ouvido pela Justiça espanhola. Ele foi questionado pela Procuradoria na Espanha se havia participado dos contatos com o Barcelona para a sua saída do Santos. O jogador de 30 anos disse em depoimento não se lembrar e reiterou as decisões do seu pai e empresário. “Meu pai sempre cuidou das negociações de contrato. Eu assino o que ele pede”, disse o craque, de 30 anos. “Meu pai sempre cuidou de tudo isso, sempre foi o responsável por isso.”

Neymar foi a Corte em Barcelona, na Espanha, no último dia 17 de outubro para julgamento de fraude na sua transferência para o time espanhol. Foto: Nacho Doce/REUTERS

O caso foi enquadrado pelo judiciário espanhol como possível corrupção entre particulares, podendo render até uma eventual prisão a Neymar faltando cerca um mês para o início da Copa do Mundo do Catar. A defesa do jogador apontou que a conduta não é considerada crime no Brasil e que, por isso, ele não poderia ser punido, deixando Tite mais tranquilo.

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O Grupo DIS detinha 40% dos direitos econômicos do atleta na época em que ele deixou o Santos rumo ao Barcelona, em 2013. A venda foi anunciada por 17,1 milhões de euros (R$ 88,7 milhões, pelo câmbio atual) e a empresa recebeu uma fatia de 6,84 milhões de euros. Depois disso, o Barcelona informou que o valor real da transação foi de 57 milhões de euros, e a diferença de quase 40 milhões de euros foi depositada para a empresa N&N, em nome dos pais do atleta.

Após uma investigação, o Barcelona revelou o contrato feito com Neymar. Os documentos mostravam um valor ainda maior do que o divulgado anteriormente: 86,2 milhões de euros, englobando pontos como luvas, um repasse ao Instituto Neymar Jr e comissões ao pai do atacante. A DIS, portanto, alega que deveria ter recebido 34,5 milhões de euros e pedia reparação na Justiça.

“A Justiça Espanhola, portanto, segue agora o mesmo desfecho que já havia sido oferecido pela FIFA e pelo Tribunal Arbitral do Esporte (CAS), órgãos máximos em matéria de futebol, que também já se pronunciaram e reconheceram a legalidade da transferência, em decisão definitiva, transitada em julgada”, afirmou a NR Sports, assessoria do jogador. “Quase dez anos da transferência e de todas as tentativas difamatórias, tendenciosas e negligentes dos acusadores particulares, que causaram dano reputacional incalculável, o caso está definitivamente encerrado.”

Neymar comemorou a retirada das acusações compartilhando uma imagem da notícia nas redes sociais. “Acredite em si mesmo e Deus mostrará o quanto és forte”, escreveu o atleta.

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Resumo do caso

A sociedade de empresários, liderada por Delcir Sonda, investiu R$ 5 milhões para comprar porcentagem do contrato de Neymar - os 60% restantes permaneceram com o Santos - e acusa o jogador, seus pais, o Barcelona e o próprio alvinegro da Vila Belmiro de uma manobra para não pagar o que lhe é de direito, culminando com delitos de corrupção entre particulares e fraude por contrato simulado.

“O que aconteceu, de forma clandestina, foi uma operação secreta, confidencial, que defrauda os direitos do meu cliente. Em 2011, houve o início de pagamentos, que depois chegaram a 40 milhões de euros, para o jogador e suas empresas, coordenadas pelo pai do atleta”, expõe o advogado Paulo Nasser, representante da DIS e da FAAP (Federação das Associações de Atletas Profissionais) no processo.

A lei espanhola prevê dois anos de reclusão e inabilitação profissional, além de multa em dinheiro. A DIS ainda desejava uma indenização de 25 milhões de euros (R$ 131 milhões) para cobrir seu prejuízo. Se Neymar fosse condenado, ele poderia perder a Copa do Catar, marcada para começar no dia 20 de novembro ou até mesmo ter de retornar ao Brasil, por proibição de atuar na Europa.

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“Os compromissos pessoais de outras partes estão fora do nosso âmbito de análise e são pouco relevantes para nós. Tanto a DIS e a FAAP quanto a promotoria espanhola pedem que sejam aplicadas as penas previstas para os alegados delitos de corrupção entre particulares e fraude por contrato simulado. Dentre essas penas estão a detenção, a pena de inabilitação profissional na União Europeia, as multas e as indenizações. Nosso cliente não quer nem mais nem menos daquilo que a lei espanhola prevê como consequência para os delitos. Não é uma questão de dinheiro, mas, sim, de justiça”, enfatiza Paulo Nasser antes da decisão da promotoria nesta sexta.

“E qual é a prova cabal desse pacto entre Barcelona e Santos? Descobriu-se um documento confidencial que não estava registrado perante o comitê de gestão do Santos, um documento firmado totalmente fora dos padrões normais de negociação, em que Barcelona e Santos afirmam o seguinte: ‘se a DIS, futuramente, cobrar alguma coisa a mais em relação a transferência de Neymar para o Barcelona, Santos e Barcelona dividirão igualmente o prejuízo. Então, na nossa visão, esse documento, que foi descoberto e está no processo, é um documento que comprova a intenção de Santos e Barcelona de manter a fraude viva e enganarem a DIS”, defindia Nasser.

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