Ninguém quer Neymar na Europa: ele perde prestígio, respeito e entusiasmo

Atacante brasileiro ‘queima’ cinco anos de seu talento ao encarar novos caminhos no deserto saudita

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colunista convidado
Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Há algumas formas de ver a encaminhada transferência de Neymar para o Al-Hilal da Arábia Saudita. Uma delas é pelas cifras. O atacante brasileiro vai dobrar seu salário, de R$ 420 milhões para R$ 860 milhões pelas duas temporadas. O jogador será estrela na liga saudita, como foi no Campeonato Espanhol quando defendeu o Barcelona ao lado de Messi e após chegar ao PSG.

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A outra forma de ver o fim de linha do atleta no time de Paris é que a Europa não o quis. Nenhum clube do continente, das cinco principais ligas, se manifestou efetivamente para ter o brasileiro. Nenhum.

Passados dez anos de sua chegada, com a promessa de que daria certo e se tornaria herdeiro do trono que ora pertencia a Messi, ora a Cristiano Ronaldo, o futebol europeu fecha as portas para ele. Neymar não está nem entre os dez principais jogadores na Europa.

Neymar está de malas prontas para deixar o PSG. O destino: o fraco futebol saudita. Foto: Paul Miller/AFP

A década em que vestiu as camisas de Barcelona e PSG não pode ser negada. Foram anos de conquistas e entusiasmo. Isso ninguém tira do atacante. O fato é que ele não é mais ovacionado nem respeitado. O pacote Neymar, com todos os seus problemas, contusões e opções de vida, não agradou nenhum time europeu, de modo a fazer com que se interessasse em sua contratação.

O Paris tenta repassá-lo desde que a temporada passada acabou, muito antes de ele se recuperar da cirurgia no tornozelo direito. Não havia mais alegria nesse casamento.

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Dirigentes do PSG levantaram as duas mãos para os céus com a oferta da Arábia Saudita, porque sem ela, Neymar ficaria encostado ou voltaria para o Brasil. O clube francês perderia dinheiro. O Al-Hilal vai pagar 100 milhões de euros ao Paris, que desembolsou 222 milhões de euros para tirar o brasileiro do Barcelona. A conta é dessas de carro velho. Você compra um veículo zerado, usa e coloca quilometragem no motor e depois vende pela metade do valor pago. Neymar tem 31 anos. É um carro velho no mercado, mesmo para os mais novos ricos do futebol.

Dentro de campo, todos sabem que o camisa 10 do Brasil ainda é capaz de decidir um jogo, mas seu custo-benefício é alto demais para qualquer elenco e sua personalidade é tóxica no vestiário. Menos para os sauditas, que não estão preocupados com isso nesse momento. Dobrar o salário de Neymar não é problema para os homens de turbantes do Al-Hilal.

Profissionalmente, Neymar ‘queima’ cinco anos do seu talento e abre mão de qualquer sonho esportivo ao aceitar novos caminhos no deserto. Entenda a situação. Porque não me parece que os clubes sauditas se prestem a fazer o papel de ‘mulas’ do futebol e concordem em carregar no lombo e depois repassar atletas renomados para os times europeus, como se imaginava que fosse acontecer com o próprio Neymar: o Al-Hilal seria uma ponte do brasileiro para sua volta ao Barcelona. Parece que não é isso.

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