O ano de 2019 marcará uma nova fase para o futebol na Baixada Santista e no País. Será em setembro desse ano que ficará pronta a nova arena do Santos, segundo estimativas do presidente do clube, Modesto Roma Júnior. Com um orçamento previsto de R$ 450 milhões, o projeto da Conexão 3 e da Fernandes Arquitetos Associados (responsável, entre outras obras, pela modernização do Maracanã, no Rio de Janeiro, para a Copa de 2014) será totalmente bancado por investidores. A construção deve começar em março de 2017 e durar aproximadamente 30 meses (veja abaixo o projeto). "O Santos não vai gastar um centavo. Esse grupo de investidores financiará a construção e ficará com 60% da renda que o novo estádio irá gerar", diz Roma Júnior. "Ainda estamos em prospecção e temos empresas interessadas, mas nenhum nome está definido", afirma o presidente.
A nova arena deve ocupar uma área total de 110.362,96 metros quadrados no bairro do Jabaquara, no perímetro que envolve as avenidas Joaquim Távora, Francisco Manoel e Pinheiro Machado (Canal 1), entre o Estádio Ulrico Mursa, da Portuguesa Santista, e a Associação Atlética dos Portuários de Santos. A previsão é de que o novo estádio tenha capacidade para 27.286 torcedores (a Vila comporta pouco mais de 16 mil), 54% nas arquibancadas, 27% em cadeiras, 14% em assentos premium e 5% em camarotes. Haverá ainda um estacionamento de aproximadamente 56 mil metros quadrados, com 1.932 vagas. "Será uma arena multiuso para partidas de futebol, eventos e shows. O campo irá abrigar jogos e outros espetáculos, mas não haverá áreas separadas ou quadras para outros esportes", diz Modesto Roma. O presidente do Santos considera a construção do novo equipamento um avanço para a região. "Não há um espaço para shows com capacidade para mais de seis mil pessoas na cidade. Somente o Portuários ou o Mendes (centro de convenções) conseguem reunir esse público", diz.
O otimismo de Modesto Roma Júnior não é compartilhado por todos os santistas. Entre os torcedores há quem considere caro demais sustentar os dois estádios. "Manter a Vila e a nova arena seria insustentável, algo sem sentido. Precisa ser analisado se vamos ou não crescer, não podemos bancar os dois locais", diz o empresário Umberto Feio Junior. Sócio do clube desde que nasceu, há 44 anos, ele defende a tradição e a identidade do Peixe. "O mundo se transforma rapidamente e os grandes clubes de futebol precisam se realinhar com a nova época. Uma nova arena para o Santos seria muito interessante, desde que o clube não perca suas características", afirma. "A construção de uma nova arena em Santos é a maior estupidez", diz o advogado Rogério Corrêa de Lara. "O problema de público se deve ao baixo poder aquisitivo da região. Tanto é assim que nos jogos realizados na capital a média é bem maior", diz. "Construir um novo estádio a 500 metros do atual não trará novos torcedores. A Vila quase nunca enche. Com essa nova arena o Santos terá o custo da Vila e uma participação menor na renda, porque quem a construir precisa recuperar o investimento. Com os grandes jogos realizados nesta arena, o Santos mandaria na Vila, somente em jogos com clubes pequenos ou de pouco interesse, obtendo menor renda", reclama o torcedor. Para o comerciante Márcio Ferraz dos Santos, a construção da nova arena é um erro. "Hoje, o Santos dificilmente coloca mais do que 15 mil torcedores no estádio. Claro que a nova arena poderia criar novos empregos, novos investimentos, mas acredito que uma grande reforma na Vila Belmiro seria mais viável. Uma grande modernização, com capacidade para shows", diz.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.