Sonhar com o título da Copa Libertadores implica ter de ganhar em casa a qualquer custo, mesmo com gol no fim e em atuação pouco inspirada. Essa cartilha o Palmeiras vivenciou nesta quarta-feira, ao conseguir na marra superar o Jorge Wilstermann, da Bolívia, no Allianz Parque. A vitória foi por 1 a 0, com gol do zagueiro Mina nos acréscimos. Não fosse o gol aos 50 minutos do segundo tempo o Palmeiras lamentaria de forma amarga o resultado. Os três pontos estão na conta, com direito à lição de como ter paciência pode render vitórias mais tranquilas nas próximas partidas. O time não desistiu, mas se superou para vencer a retranca boliviana.
O empate na estreia, semana passada, havia sido um grande lucro e digno de elogios. Se o Palmeiras jogou 70 minutos com um a menos e segurou o Atlético Tucumán, na Argentina, superar o Jorge Wilstermann no Allianz Parque seria o resultado mais lógico. Porém, essa dedução pareceu ser prejudicial, ao fazer o time ficar ansioso pela responsabilidade. A estreia em casa do Palmeiras pela Libertadores levou o maior público da história da arena em um jogo da competição, mais de 38 mil pessoas, e lotou as ruas da região. A torcida organizou uma calorosa recepção ao ônibus do elenco, o chamado corredor alviverde. Sinalizadores, gritos e foguetórios conduziram a delegação à arena. A mensagem era clara: a equipe teria apoio, mas também precisava corresponder. O técnico Eduardo Baptista mudou ao definir o 4-1-4-1 como esquema tático. O problema principal no primeiro tempo não foi essa escolha, mas sim o excesso de jogadas do time pelo centro, em vez das laterais. A falta do gol manteve a eufórica multidão controlada pelo suspense. O jogo não fluía porque o Palmeiras caiu nas armadilhas habituais da Libertadores. A pressa fez as finalizações saírem tortas e tornou os passes imperfeitos. Os bolivianos tiveram méritos, é claro. A linha de impedimento, a organizada defesa e o esforço em ganhar tempo dificultaram bastante as investidas adversárias. Chegar ao ataque foi quase proibido. A angústia com as falhas desafiou a paciência da torcida. Essa reação enervou o Palmeiras. O time gastou tempo com rondas pelo campo ofensivo em busca de um espaço para infiltrar a área rival. O processo trabalhoso quase sempre terminou com algum cruzamento. A tensão piorou ao longo do segundo tempo. Teve gol anulado, decisões confusas da arbitragem e chances perdidas. Enquanto isso, o relógio corria, para piorar o nervosismo. O técnico resolveu colocar três atacantes, impôs uma blitze e foi premiado no último golpe. Róger Guedes achou um cruzamento para Mina empurrar para as redes e salvar a primeira noite de Libertadores na arena em 2017.FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS: Fernando Prass; Jean, Mina, Edu Dracena e Zé Roberto; Felipe Melo; Michel Bastos (Keno), Tchê Tchê (Willian), Guerra (Róger Guedes) e Dudu; Borja. Técnico: Eduardo Baptista.
JORGE WILSTERMANN: Olivares; Morales, Alex Silva, Zenteno (Diaz) e Aponte; Machado, Ortiz, Saucedo, Bergese (Cardozo) e Thomaz Santos; Cabezas (Olego). Técnico: Roberto Mosquera.
Gol: Mina, aos 50 minutos do segundo tempo.
Árbitro: Eduardo Gamboa (Chile)
Cartões amarelos: Bergese, Cabezas, Thomaz Santos, Alex Silva, Mina, Aponte, Olivares.
Cartão vermelho: Olego
Renda: R$ 2.565.095,57.
Público: 38.419 torcedores.
Local: Allianz Parque, em São Paulo.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.