Análise | O que esperar de Neymar dentro de campo no Santos?

Perto de completar 33 anos, atacante terá de superar problemas físicos para voltar a brilhar, mas futebol brasileiro pode ser cenário ideal para a redenção do craque

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Foto do author Rodrigo Sampaio

O retorno de Neymar ao Santos é motivo de comemoração não só para quem torce para o time da Vila Belmiro, mas também para quem deseja um futebol brasileiro cada vez mais competitivo. O craque tem tudo para ainda ser rei na liga nacional, que insiste ao tomar para si o posto de uma das mais competitivas do planeta. Contudo, em um cenário de mercado inflacionado por cifras nunca antes despejadas na compra de jogadores, e SAFs abalando o status quo para inserir novos protagonistas no jogo, o atacante terá de superar problemas físicos para brilhar nos gramados do País.

Há quem diga que o Santos foi uma escolha controversa para a volta de Neymar, e que outros clubes, como Palmeiras e Flamengo, estariam mais bem preparados para acolhe-lo. Fato é que o casamento tende a ser o melhor para ambas as partes. Se por um lado o time santista carece atualmente de grandes referências técnicas, e vê no ídolo e uma maneira de voltar aos holofotes após uma Série B tumultuada, o atacante, teoricamente, terá uma torcida menos intransigente quanto ao seu período de adaptação, que será necessário, além de um calendário mais ameno, sem competições internacionais em 2025.

Neymar está de volta ao futebol brasileiro após 12 anos.  Foto: AFP

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Neymar deixou a Arábia Saudita com números inexpressivos. Foram sete jogos, um gol e três assistências em 17 meses de Al-Hilal. A maior parte do tempo passou no departamento médico após romper o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo em jogo da seleção brasileira contra o Uruguai pelas Eliminatórias, em novembro de 2023. Pouco mais de duas semanas após se recuperar, em novembro do ano passado, teve constatada nova lesão, desta vez na coxa direita, e ficou afastado por quase dois meses. Desde então, não entrou mais campo no Oriente Médio.

Antes de sentir o problema na coxa, Neymar ficou fora da convocação da seleção brasileira após a comissão técnica liderada por Dorival Júnior entender que o jogador ainda não estava com ritmo de jogo ideal para uma disputa em alta intensidade. Este é o principal fator que coloca um ponto de interrogação na volta do craque ao País. Apesar de a Arábia Saudita dispor de craques do primeiro escalão, possui um nível de competitividade consideravelmente abaixo do Brasileirão. Os problemas físicos do jogador precisam ser superados para a contratação não virar um fiasco.

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Desde 2018, Neymar já acumulou mais de 700 dias ausente por causa de lesões. São mais de 200 partidas somando compromissos de Paris Saint-Germain, Al-Hilal e seleção brasileira. É preciso ser justo é dizer que apenas uma das últimas cinco contusões do atacante foi causada por um problema muscular, mas a baixa rotatividade em campo é um dos fatores que deixa o camisa 10 vulnerável a se machucar mais gravemente.

Há pouco menos de uma semana de completar 33 anos, Neymar já não tem a mesma velocidade de outrora — como já disse Tite, está mais “arco” e menos “flecha” —, mas seu nível técnico ainda o coloca entre os craques da primeira divisão com facilidade. É importante ressaltar que o desafio do atacante está muito mais em manter condições físicas de se manter ativo durante o ano do que provar que ainda pode fazer diferença. Neste sentido, atuar no Brasil é melhor do que na Arábia Saudita para quem ainda pensa em chegar na Copa do Mundo de 2026 em alto nível para alcançar a redenção com a camisa da seleção.

No atual esquema 4-2-3-1 utilizado pelo técnico Pedro Caixinha, seria natural vendo vê-lo sendo utilizado como a peça central do trio de meio-campistas. Exímio finalizador como Neymar é, a parceria com Tiquinho Soares, que se destacou no Botafogo não só pelos gols, mas também pelas assistências, além do ótimo pivô, se desenha promissora. O time santista como um todo, porém, ainda precisar contratar outros nomes para elevar o nível da equipe.

Neymar de volta ao Brasil é bom para o Santos, para a seleção e para o futebol nacional. Resta saber se será bom para o próprio Neymar. Abrir mão abrir mão de parte dos 65 milhões de dólares e preferir o calor da Vila Belmiro a outro destino mais cômodo, como os Estados Unidos, como ele mesmo já afirmou ter vontade, já é um bom começo.

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Análise por Rodrigo Sampaio

Jornalista natural do Rio de Janeiro (RJ) em São Paulo. Repórter de Esportes do Estadão desde 2021. Antes, passagens por TV Globo e Jornal O Dia, com experiência na cobertura da Metrópole, Cultura, Política e Judiciário. Fez parte da 30ª turma do Curso Estado de Jornalismo.

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