ONU diz que ataques a Vini Jr. são ‘lembrete brutal da prevalência do racismo no esporte’

Alto comissário do órgão faz apelo por um esforço coletivo na luta contra a discriminação; brasileiro desfalca o Real Madrid nesta quarta-feira, quando receberá homenagem do clube em Madri

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Por Redação
Atualização:

Volker Turk, alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, condenou os insultos racistas direcionados a Vinícius Júnior, do Real Madrid, no último domingo, na derrota por 1 a 0 para o Valencia, pelo Campeonato Espanhol. Ele pediu esforços conjuntos para erradicar o racismo no esporte.

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“Fazemos um apelo a todos estes eventos esportivos do mundo para enfrentar, combater e prevenir o racismo”, declarou Turk, em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, nesta quarta-feira. O comissário classificou o episódio mais recente envolvendo o jogador brasileiro como um “lembrete brutal da prevalência do racismo no esporte”.

Vini Jr. foi chamado de “mono” (“macaco”, em Espanhol) pela torcida do Valencia aos 27 minutos do segundo tempo da partida realizada no domingo. O brasileiro reclamou com o árbitro Ricardo de Burgos Bengoechea e o jogo foi paralisado por nove minutos. O confronto seguiu com o brasileiro revoltado e desestabilizado pelos rivais em campo.

Volker Turk, alto comissário da ONU em assuntos de Direitos Humanos, pede 'esforço coletivo' na luta contra o racismo no esporte.  Foto: Denis Balibouse / REUTERS

Na reta final da partida, o brasileiro se desentendeu com o goleiro Giorgi Mamardashvili e acabou expulso por acertar a mão no rosto do atacante Hugo Duro, mesmo tendo levado um mata-leão do jogador adversário, que não foi focado pelo VAR. Ao deixar o gramado, o atacante fez um “dois” com os dedos, em referência à luta do time contra a queda para a Série B.

O incidente teve repercussão mundial após Vini Jr. criticar a LaLiga (organizadora do Campeonato Espanhol) pela falta de ações no combate ao racismo. Sete pessoas que insultaram o brasileiro foram presas e o Valencia foi punido em 45 mil euros. Seu cartão vermelho também foi retirado. Volker Turk saudou as ações e pediu que as entidades que realizam eventos esportivos levem a questão muito a sério. O comissário disse ainda que pedirá a preparação de um relatório com orientações sobre a questão do racismo no esporte.

“Queremos propor um certo número de ideias claras sobre as normas relativas aos direitos humanos em eventos esportivos”, disse. “Temos de encontrar maneiras de erradicá-lo completamente no século 21. Isso exige que todos enfrentem (o problema).”

Desfalque para jogo desta quarta

Vinícius Júnior vai desfalcar o Real Madrid na partida desta quarta-feira, contra o Rayo Vallecano, pela 36ª rodada do Campeonato Espanhol. O atacante estava liberado para atuar, após a Real Federação Espanhola de Futebol anular o cartão vermelho que ele recebeu no domingo. Mesmo assim, o técnico Carlo Ancelotti decidiu preservar o atleta.

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Será o primeiro jogo do Real Madrid desde os ataques racistas que tiveram Vini Jr. como alvo no domingo, na partida contra o Valencia. O atacante será poupado porque não chegou a treinar para a partida, marcada para começar às 14h30 (horário de Brasília), no Estádio Santiago Bernabéu. Vini Jr. treinou na segunda no CT do clube, mas não foi a campo. Ancelotti explicou que ele vinha reclamando de dores no joelho.

O atacante do Real Madrid não estará em campo nesta quarta, mas vai acompanhar a partida das tribunas do Santiago Bernabéu. Está prevista uma homenagem ao atleta, que deverá ser ovacionado pela torcida no 20º minuto da partida, em referência ao número de seu uniforme. A ideia do presidente do Real, Florentino Pérez, é usar a partida desta quarta como uma oportunidade para honrar o legado do atacante na Espanha e uma reparação pelos ataques racistas sofridos desde que chegou ao país em 2018

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