A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira a segunda fase da Operação Jogada Ensaiada, com o cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão em dez Estados brasileiros, incluindo do Distrito Federal. Os alvos são empresários, apostadores, jogadores e dirigentes que estariam envolvidos em uma organização criminosa voltada à manipulação de resultados em partidas de futebol. A ação é realizada por 60 policiais federais enviados às casas dos suspeitos. Os mandados são cumpridos nas cidades de Aracaju, Araguaína (TO), Assu (RN), Belo Horizonte, Brasília. Campina Grande (PB), Fortaleza, Igarassu (PE), Rio de Janeiro, São Paulo e Sumaré (SP).
A investigação começou em 2022. As denúncias eram inicialmente sobre o futebol sergipano. Depois das primeiras apurações, no entanto, o caso se tornou nacional, com o envolvimento de outros Estados no esquema. Diálogos de empresários de jogadores foram identificados também com apostadores. Havia combinações de resultados e manipulações de ações dentro de campo que facilitariam o ganho ilegal dos apostadores. Estima-se que haja uma movimentação financeira de R$ 11 milhões.
O Estadão acompanhou recentemente as investidas do Ministério Público de Goiás contra grupos criminosos de manipulação de resultados no futebol em apostas esportivas. Jogadores de vários clubes foram punidos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, com penas em dinheiro e afastamento por dois anos.
A primeira fase da Operação Jogada Ensaiada, deflagrada em outubro de 2022, investigava fraudes em jogos do futebol sergipano, mas o material apreendido e as investigações da PF revelaram a existência de um esquema de âmbito nacional. A Polícia Federal também identificou diálogos estabelecidos entre representantes de atletas, apostadores e dirigentes para combinar as fraudes. O objetivo sempre foi o de obter retorno financeiro ilícito em sites de apostas. O governo federal já anunciou as taxações das casas de apostas, mas ainda não aprovou MP que trate da regulamentação das apostas no Brasil. Sabe-se que pessoal envolvidos com as partidas, como jogadores, árbitros, dirigentes e empresários, não poderão participar das jogatinas.
Além dos resultados das partidas, os sites permitem apostas em quantidades de cartões, expulsões, escanteios, laterais, gols e muitas outras eventualidades de um jogo de futebol ou de qualquer outra modalidade. No esquema, os fraudadores aliciavam jogadores para que cumprissem em campo exatamente o que foi apostado pelos criminosos. Treinadores, agentes e dirigentes estão envolvidos como intermediadores entre apostadores e atletas, de acordo com a PF. Foram identificados esquemas em jogos das séries C e D do Campeonato Brasileiro, e também em Estaduais pelo País.
O modus operandi dos criminosos era simples: contratar e aliciar técnicos e jogadores para fazerem os resultados das apostas. O dirigente acertava com treinadores que já estavam envolvidos com as falcatruas. Esses técnicos pediam a contratação de atletas conhecidos e também do esquema.
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