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Organização da Copa se desculpa após jornalista dinamarquês ser ameaçado por agentes de segurança

Oficiais tentaram impedir entrada ao vivo de profissional e ameaçaram destruir equipamento da equipe; comitê organizador alega ‘engano’

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Por Redação
Atualização:

O Comitê Organizador da Copa do Mundo divulgou uma nota se desculpando pelo incidente ocorrido com um jornalista dinamarquês na terça-feira. O profissional foi ameaçado por seguranças do Catar durante uma entrada ao vivo para a emissora TV2. A reportagem foi paralisada por três agentes de segurança, em um carrinho de golfe, que tentaram parar as gravações. A organização alega “engano”.

“Após a inspeção do credenciamento válido do torneio e da permissão de filmagem da equipe, um pedido de desculpas foi feito à emissora pela segurança no local antes que a equipe retomasse suas atividades. Desde então, os organizadores do torneio falaram com o jornalista e emitiram um aviso a todas as entidades para que respeitem as autorizações de filmagem em vigor para o torneio”, diz a nota.

Repórter dinamarquês e equipe de reportagem foram ameaçados por agentes de segurança durante uma entrada ao vivo do Catar. Foto: Reprodução

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As imagens da cena rapidamente viralizaram nas redes sociais. Os oficiais se aproximaram da câmera do repórter, tampando a lente e impedindo as imagens, ameaçando ainda destruir o equipamento da equipe. Tantholdt apresentou as credenciais para o Mundial e a licença para filmagem, mas os agentes locais exigiram que o sinal fosse interrompido, sem maiores explicações de imediato.

“Estamos ao vivo para a TV dinamarquesa”, disse o repórter ao ser abordado. “Vocês convidaram o mundo inteiro para cá (Catar). Por qual motivo não podemos filmar? É um local público”, continuou o jornalista. A entrada ao vivo acontecia em frente a um dos hotéis do país em Doha, na capital catariana.

Ao longo da organização para a Copa do Mundo, o Catar sofreu críticas da imprensa e de órgãos internacionais por denúncias de violação dos direitos humanos, e restrição dos direitos das mulheres e LGBTs+. O país-sede também é acusado de supostamente usar mão de obra escrava na construção dos estádios e infraestrutura do torneio.

“(Este incidente) diz muito sobre o que é o Catar. Você pode ser atacado e ameaçado enquanto trabalha na mídia”, contou o repórter, que também afirmou que recebeu pedidos de desculpas formais do Comitê Supremo do Catar horas mais tarde. “Não é um país democrático. Minha experiência após visitar 110 países no mundo é: quanto mais você tem a esconder, mais difícil é para fazer uma reportagem lá.”

BOICOTE

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Ao longo dos últimos meses, a Dinamarca foi um dos países que mais se posicionaram contra a realização do Mundial do Catar por questões da falta de direitos humanos. O uniforme da seleção principal nos jogos irá homenagear os trabalhadores que foram vitimados nas obras. “A cor do luto”, disse o fabricante Hummel em um post nas redes sociais. “Embora apoiemos a seleção dinamarquesa até o fim, isso não deve ser confundido com o apoio a um torneio que custou milhares de vidas.”

Ainda em 2021, a Federação Dinamarquesa de Futebol chegou a cogitar um boicote comercial à Copa do Catar, pelas violações dos direitos humanos envolvendo funcionários imigrantes. As medidas, segundo o órgão, iriam deixar o time focado apenas nas atividades esportivas. Nenhuma explicação foi dada de forma oficial até esse momento sobre a investida dos agentes contra a TV da Dinamarca.

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