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Pacaembu terá 20 jogos em 2024, negocia com clubes e quer ser palco da Copa do Mundo Feminina

Com 40% das obras concluídas, tradicional estádio paulistano será reinaugurado em janeiro do ano que vem com a promessa de ser o mais acessível do País

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Foto do author Ricardo Magatti
Atualização:

Palco de jogos memoráveis nas lembranças de muitos paulistanos, o Estádio do Pacaembu será reinaugurado em janeiro de 2024 com muitas diferenças em relação ao projeto original. O novo Pacaembu não terá alambrado, a grama será sintética e o espaço não será mais restrito a partidas de futebol e a apresentações musicais. Está nos planos dos administradores da arena que ela seja uma das sedes da Copa do Mundo de futebol feminino de 2027, caso o Brasil seja escolhido o país-sede do Mundial.

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A promessa da Allegra Pacaembu, concessionária detentora da outorga do Pacaembu por 35 anos, é de que o complexo esportivo será democrático e plural. “Será o estádio mais acessível do Brasil”, prevê Paulo Coutinho, engenheiro responsável pelas obras. “Foi feita toda uma engenharia ou arquitetura de projetos pra permitir que haja acesso a todos os setores”.

O Estadão visitou as obras e conversou com o engenheiro responsável pelo projeto de reforma, modernização e restauro do Pacaembu e com o CEO da Allegra, Eduardo Barella. Por enquanto, 40% das obras foram executadas. Resta dez meses para a reinauguração, prevista para 25 de janeiro, aniversário de São Paulo e data da final da Copa São Paulo de Futebol Júnior do ano que vem. O tempo curto não preocupa a concessionária, uma vez que o “trabalho sujo” já foi feito.

“A gente fez muito trabalho demorado e custoso, que foi a parte de subfundação das estruturas históricas. Depois vem o pré-moldado. Isso é rápido”, explica Coutinho. “Estamos com mais de 80% das compras realizadas. A estrutura de pré-moldado, quando vier aqui, é como um lego: só encaixar. No segundo semestre, o estádio vai ter uma outra cara”, assegura Barella.

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Obras do Pacaembu, que quer ser palco de jogos da Copa do Mundo Feminina, avançaram 40% Foto: Felipe Rau/Estadão

Espaço multiuso

A ideia da empresa é tornar o Pacaembu um espaço multiuso, ampliando áreas monetizáveis para gerar retorno financeiro com o negócio à Allegra. Segundo Barella, em 2024, o estádio vai receber 450 eventos, considerando todas os sete espaços reservados para eventos que o conjunto vai abrigar, desde o salão nobre, passando pelo centro de convenções, até o campo, com capacidade para 40 mil pessoas em apresentações musicais. Estão previstos 80 shows e ao menos 20 partidas de futebol. “A projeção de 20 jogos é bastante conservadora, na nossa visão”, pondera o administrador.

Ele tem se reunido com dirigentes de clubes que desejam jogar no novo Pacaembu a partir do ano que vem. Já existe acordo com um time de fora de São Paulo para usar o estádio em duas partidas. O modelo que ele julga ideia não é o tradicional aluguel do espaço, mas a divisão das receitas entre a concessionária e a agremiação, num formato em que os dois sejam sócios.

O plano do líder do consórcio vencedor da concessão é utilizar o Pacaembu em sua plenitude e reter os visitantes mais tempo no complexo, com ações de marketing e oferta de restaurantes e bares que não havia anteriormente. Barella crê ser possível tornar o espaço um lugar de espetáculos, “algo que se aproxima do conceito americano”.

“O nosso projeto diz muito sobre o fluxo de pessoas, a taxa de utilização dos nossos espaços e também o tempo de permanência das pessoas no ambiente. A gente quer que as pessoas venham e fiquem mais”, diz. “Tem que deixar de ser um lugar de passagem para se tornar um destino em que as pessoas venham e fiquem. A experiência de duas horas em um jogo pode passar para seis”.

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Embora ainda não dê para determinar o valor que será cobrado pelas entradas, é certo que o ticket médio vai aumentar. Mas para o CEO da concessionária, haverá espaço para o público com maior poder aquisitivo e também para aqueles que não podem pagar muito para assistir a um jogo ou evento musical. Sem o tobogã, o estádio terá sua capacidade reduzida para 26 mil pessoas.

Obras do Estadio do Pacaembu, cuja previsão de reinauguração é janeiro do ano que vem.  Foto: Werther Santana/Estadão

Sem alambrado e com grama sintética

A Allegra pôs abaixo as arquibancadas leste e oeste, mas garante que serão refeitas com a mesma geometria das originais. Serão construído banheiros, bares e restaurantes sob as novas estruturas. Debaixo da laranja, haverá uma arena de eSports com capacidade para 2 mil pessoas e um restaurante com 400 cadeiras VIPs. Do outro lado, onde era a arquibancada manga, haverá camarotes.

Os torcedores não ficarão mais pendurados nos alambrados porque não haverá mais alambrados. A área entre a arquibancada e o antigo gradil será rebaixada em um metro, formando uma espécie de fosso. A distância para o campo será a mesma. Para ao menos 100 eventos entre shows e jogos, o gramado tem de ser sintético. Onde será colocada a grama, está hoje um pavilhão de eventos que será desmontado em breve. Essa tenda, erguida no ano passado, com capacidade para 9 mil pessoas, já abrigou shows de artistas como Gal Costa e Padre Fábio de Melo. Foi uma maneira de a empresa obter receita durante as obras.

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“A gente tem olhado a experiência dessas tecnologias aqui no Brasil e também olhando algumas coisas lá fora. É uma decisão que possibilita que a gente possa usar o campo não só para o futebol, mas para outros eventos, até para jogos de rúgbi”, ressalta Barella.

O complexo é tombado, portanto, nenhuma estrutura dentro dele pode ser descaracterizada, menos a área onde ficava o Tobogã, já demolido porque ele não fazia parte do projeto arquitetônico original. No lugar da arquibancada, será erguido um prédio multifuncional com um hotel de luxo, centro de reabilitação esportiva, cafés, restaurantes, escritórios, um mercado gastronômico, um centro de convenções e eventos e um novo espaço para até 8,5 mil pessoas no subsolo do Pacaembu. São cinco andares e mais quatro subsolos.

Novo Pacaembu terá grama sintética e não terá alambrado Foto: Werther Santana/Estadão

Na cobertura deste novo empreendimento haverá ainda uma praça elevada com acesso lateral para as ruas Desembargador Paulo Passaláqua e Itápolis, que cercam todo o complexo e a praça Charles Miller. O ginásio, a quadra de tênis e o complexo aquático também estão sendo reformados e restaurados.

O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico realiza vistorias (Condephaat) e o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) confirmaram à reportagem que fazem vistorias mensais no estádio.

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