Padre palmeirense vira corintiano

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Por Agencia Estado
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Todos os domingos, pontualmente às 9 horas, monsenhor Arnaldo Beltrami reza missa na capela do Corinthians, localizada no final da alameda em frente ao portão principal do clube. Bonachão, Beltrami - que acumula a função de vigário episcopal de Comunicação, uma espécie de relações públicas e assessor de imprensa da Igreja em São Paulo - é uma figura querida e respeitada no clube. Mas nem sempre foi assim. Quando chegou ao Corinthians, em 1992, por indicação do então cardeal arcebispo de São Paulo, o corintiano dom Paulo Evaristo Arns, Beltrami confessou-se palmeirense. E por causa disso enfrentou resistências até convencer que estava "convertido" ao alvinegro do Parque São Jorge. "Demorou para alguns diretores acreditarem. Eles achavam que era impossível um palmeirense se converter, mas hoje sou corintiano convicto", garante. Um contratempo reforçou a desconfiança dos corintianos. Numa de suas primeiras missas na capela - que tem uma grande imagem de São Jorge na entrada e uma menor, especial, trazida da Turquia, no altar -, Beltrami falou duas vezes em "Parque Antártica" ao invés de Parque São Jorge. Freqüentador do clube há 59 anos, o hoje diretor de basquete Serafim Ruiz foi tirar satisfações. "Como eu era um dos coordenadores da missa, fui bater um papo com monsenhor Arnaldo", conta Ruiz, divertindo-se com a lembrança. "Falei a ele: não gostaríamos de ter um palmeirense rezando a missa. Por isso, ou o senhor se converte ou não o aceitaremos. Ele garante que se converteu. Se isso não aconteceu ainda, está quase." Neste domingo, em companhia de Ruiz, Beltrami teve uma manhã cheia. Rezou missa de corpo presente pela alma do funcionário do departamento de natação Paulo Galvani, que morreu sábado aos 84 anos. Depois, batizou os irmãos Miguel e Gabriela Rahal, de 3 e 6 anos. As crianças, corintianas, obviamente, receberam certificados de batismo com o brasão do clube impresso. Dever cumprido, o padre foi para casa dizendo que assistiria à final do Paulista pela TV. "O Corinthians vai ganhar de 2 a 0", arriscou. Capadócia - Monsenhor Arnaldo Beltrami assumiu a Capela do Parque São Jorge na mesma época em que chegou ao clube a imagem de São Jorge que hoje está no altar. Entalhada em madeira, a imagem foi feita na Capadócia, Turquia, país onde nasceu a devoção ao santo, por encomenda de Marlene Matheus. Depois de pronta, foi levada por Marlene Matheus a Roma, na Itália, para ser abençoada pelo papa João Paulo II. Hoje, a imagem está colada no altar, feito em mármore. "Dali ela não sai de jeito nenhum", diz Beltrami, defensor ferrenho de São Jorge. "Dizem por aí que São Jorge foi cassado pela Igreja Católica. Não é nada disso. Ele está no missal romano, é padroeiro da Inglaterra e um santo de devoção em toda a Europa."

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