Pai de Duílio apoia manifestação das jogadoras do Corinthians contra Cuca: ‘Vivem nossa filosofia’

Um dos idealizadores da Democracia Corinthiana, Adilson Monteiro Alves compartilhou texto das atletas do time feminino

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Por Redação

A manifestação das jogadoras do time feminino do Corinthians sobre a controversa contratação do técnico Cuca recebeu a aprovação de Adilson Monteiro Alves, pai do presidente corintiano Duílio Monteiro Alves e diretor de futebol do clube na época da Democracia Corinthiana. Em nota publicada nas redes sociais, Adilson elogiou o texto em que as atletas e o treinador Arthur Elias evocaram a frase “Respeita as Minas”, mote de um campanha recente do time, para questionar a contratação do técnico, condenado por estupro na Suíça, em caso que ocorreu em 1987.

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“Respeita as Mina, Democracia Corinthiana, e outros, são movimentos do Corinthians, do Time do Povo (fundado por operários há 113 anos), de seus torcedores, associados dirigentes, atletas, funcionários. “Democracia Corinthiana, há mais de 40 anos, pressupõe direitos, inclusive liberdade de opinião e expressão. Pressupõe também deveres, divisão de funções, atribuições, como tenho repetido desde o dia em que assumi nosso futebol, no final de 1981, e não havia democracia: jogador joga, técnica treina, diretor dirige, torcedor torce”, escreveu.

“Cada um responde por seus atos e todos têm o direito e o dever de se expressar, contra tudo e contra todos, até contra a ditadura, que vigia na época. E todos, em conjunto, amam, trabalham e lutam pelo Timão. As Brabas, nossas queridas atletas campeãs, e nosso orgulho, conhecem e vivem essa filosofia e, democraticamente, assim como fizeram muitos de nossos atletas através da história, se manifestaram. Vão, Brabas! Vai, Corinthians!”, concluiu.

Empresário e sociólogo, Adilson Monteiro Alves foi chamado para ser diretor de futebol do Corinthians em 1981, pelo então presidente Waldemar Pires, e se tornou um dos idealizadores da Democracia Corinthiana, fortalecida por jogadores como Sócrates, Casagrande e Wladimir. O movimento se opôs à ditadura militar e revolucionou a gestão do clube paulista, que permitia a participação de jogadores e demais funcionários em decisões internas importantes.

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Desde que o filho tomou posse como presidente, em 2021, Adilson exerce o cargo de diretor de Responsabilidade Social e Cidadania do Corinthians. Antes de sua manifestação, o próprio Duílio já havia comentado sobre o posicionamento do time feminino, mas sem mostrar arrependimento por ter bancado a contratação de Cuca, mesmo sabendo que teria de lidar com alta rejeição de parte da torcida.

“Corinthians é um clube democrático, é a democracia. É o clube do ‘Respeita as Minas’ e elas têm todo o direito de se posicionar. Estive com elas, conversamos por mais de uma hora e meia (sábado), foi tudo conversado, explicado e elas têm todo o direito de colocar a posição delas”, afirmou o presidente corintiano. “Muitos falam que é marketing o ‘Respeita as minas’, mas, na minha gestão, não teve nenhuma campanha de marketing falando disso, mas, sim, um apoio incondicional ao futebol feminino”, completou.

O texto compartilhado nas redes sociais por todas atletas da equipe feminina do Corinthians, assim como pelo treinador Arthur Elias, não cita o nome de Cuca, mas foi divulgado durante a derrota por 3 a 1 da equipe Masculina para o Goiás e permite depreender seu sentido diante do contexto.

“‘Respeita As Minas’ não é uma frase qualquer. É, acima de tudo, um estado de espírito e um compromisso compartilhado. Estar em um clube democrático significa que podemos usar a nossa voz, por vezes de forma pública, por vezes nos bastidores. Ser Corinthians significa viver e lutar por direitos todos os dias”, diz.

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CUCA CONDENADO POR ESTUPRO

Em sua coletiva de apresentação, na última sexta-feira, Cuca se declarou inocente e afirmou que não teve participação no caso de estupro que ocorreu em 1987 em Berna, na Suíça. Então jogador do Grêmio, ele foi detido com os também atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi sob a acusação de “manter atos sexuais” com uma menina de 13 anos em um hotel.

Dois anos mais tarde, Cuca acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil. Julgado à revelia e condenado, ele não cumpriu a pena porque o caso prescreveu. O processo está sob sigilo protegido pela lei de proteção de dados da Suíça.

Cuca vive sob pressão no Corinthians devido a condenação por estupro Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Antes de contratar Cuca, Duílio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, disse que pediu a opinião de várias pessoas dentro do clube, incluindo mulheres, como a diretora Cris Gambaré, do futebol feminino. Ela não compartilhou a nota publicada pelas atletas. O mandatário alvinegro também afirmou ter consultado os departamentos jurídico, de marketing e compliance da instituição e crê na inocência do treinador.

O técnico afirmou ser “totalmente inocente”, disse ter “vaga lembrança” do episódio, revelou arrependimento por ter falado pouco sobre o assunto nesses anos todos e prometeu “passar por cima” dos protestos contra a sua contratação. “Sou totalmente inocente, não fiz nada. As pessoas falam que houve estupro. Eu não fiz nada”, defendeu-se Cuca.

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