Antes mesmo de a bola rolar, o enredo parecia desenhado para uma disputa de pênaltis no Allianz Parque. Palmeiras e Boca Juniors fizeram um duelo equilibrado contando os dois jogos da semifinal. Nesta quinta-feira, prevaleceu o empate por 1 a 1 no tempo regulamentar. Nas penalidades, levou a melhor quem tinha o goleiro pegador de pênaltis. Romero fez a diferença do começo ao fim e levou o Boca à final da Libertadores. O jogo com o Fluminense acontece no dia 4 de novembro, no Maracanã. Ao Palmeiras, resta o Campeonato Brasileiro.
O Palmeiras deixa a impressão de que poderia ter feito mais, principalmente quando ficou em superioridade numérica no segundo tempo. A falta de ousadia, de colocar os jovens Endrick, Luís Guilherme e Kevin em campo mais cedo também custou caro ao técnico Abel Ferreira. Está mantido o tabu, o Palmeiras cai de novo para o Boca na Libertadores. Quatro disputas de mata-mata, quatro derrotas alviverdes.
“A gente não fez um bom primeiro e melhorou no segundo. Queríamos ganhar o jogo nos 90 minutos, conseguimos o empate e pênalti é isso. É no detalhe, não tivemos tranquilidade. Agora é seguir trabalhando para o restante do Brasileirão”, comentou Weverton na saída do campo para a ESPN.
Cavani desencanta e coloca o Boca na frente no primeiro tempo
Abel escolheu começar o duelo com o Boca com os mesmos 11 jogadores do empate sem gols na La Bombonera. A principal diferença tática foi que Mayke atuou mais aberto na ponta direita. Nos primeiros minutos, o Palmeiras tomou conta da posse de bola e acuou os argentinos. Apesar do clima de apoio alviverde nas arquibancadas, o jogo ficou morno em seu início, como queria o Boca. O conjunto de Buenos Aires tentou a todo instante atrasar os reinícios de jogo, promovendo a famosa “cera”.
O Palmeiras encontrou dificuldades na movimentação ofensiva, mesmo sendo mais valente do que no jogo de ida. O Boca foi ao Allianz para se defender e jogar por uma bola. E foi assim que conseguiu inaugurar o marcador aos 22 minutos. Em uma falha de marcação dos donos da casa, Merentiel escapou pela ponta e encontrou Cavani na pequena área. O uruguaio só teve o trabalho de se esticar para marcar o primeiro.
Os torcedores palmeirenses e os comandados de Abel sentiram o gol, enquanto o Boca entendeu que o lado direito da defesa do Palmeiras era o mais frágil e por ali deveria construir suas jogadas. Aos poucos, o time da casa foi se reencontrando e criando oportunidades. Gabriel Menino insistiu em chutes de longa distância, Rony tentou bicicleta e, no lance seguinte, cabeceio. Sem sucesso.
O Palmeiras teve um primeiro tempo sonolento, e o Boca foi eficiente. Na única bola em que não se podia cochilar, a zaga alviverde dormiu. Nos últimos jogos, a área adversária tem sido como uma sala trancada a sete chaves à qual o Palmeiras não consegue ter acesso. O time ronda o gol, mas não encontra espaço para se infiltrar e fazer o goleiro trabalhar.
Palmeiras é mais valente, mas não se aproveita de superioridade numérica
No retorno do intervalo, Abel fez o que deveria ter feito há muito tempo. O português colocou os garotos Endrick e Kevin em campo nos lugares de Artur e Marcos Rocha. As mudanças tornaram o Palmeiras mais perigoso. A ousadia dos jovens fez a arquibancada despertar e o Boca se preocupar. Almirón tirou o atacante Merentiel e colocou mais um zagueiro em campo, Valdez.
Mayke e Zé Rafael criaram as primeiras boas chances do Palmeiras no segundo tempo, graças à determinação de Endrick. A arbitragem foi um capítulo à parte e ouviu vaias do começo ao fim por não marcar algumas faltas a favor do lado alviverde e por permitir a cera argentina. Mesmo assim, aos 22, o zagueiro Rojo foi expulso após levar o segundo amarelo. O ambiente passou a conspirar a favor do Palmeiras.
Com o empurrão das arquibancadas e em maioria no gramado, o Palmeiras foi buscar o empate. Romero fez grande defesa e o gol amadureceu até que Piquerez acertou um chute ímpar de fora da área e fez a festa da torcida palmeirense no Allianz Parque, aos 28.
Com o empate, Abel lançou o time ainda mais ao ataque. O setor ofensivo do Palmeiras ficou com cinco atacantes: Rony, Endrick, López, Luís Guilherme e Kevin. A única alternativa para o Boca foi cozinhar o jogo e tentar empurrar a decisão para os pênaltis. A tensão cresceu, com entradas mais ríspidas e discussões de parte a parte. Rony conseguiu encaixar o movimento perfeito de bicicleta nos acréscimos, mas Romero fez sua parte em defesa impressionante. Cavani também teve uma chance em seus pés, mas chutou fraco e facilitou para Weverton. A decisão foi para as penalidades. Weverton pegou a cobrança de Cavani, mas Veiga e Gómez pararam em Romero e viram o Boca ficar com a vaga na final da Libertadores.
Próximo jogo do Palmeiras
O próximo compromisso do Palmeiras está agendado para o domingo. Às 16h, na Arena Barueri, a equipe de Abel Ferreira encara o clássico com o Santos. Após duas derrotas seguidas para rivais diretos do topo da tabela, a equipe alviverde precisa da vitória para se manter na briga pelo título do Brasileirão.
PALMEIRAS x BOCA JUNIORS
- PALMEIRAS: Weverton; Marcos Rocha (Kevin), Gómez, Murilo e Piquerez; Zé Rafael (Fabinho), Gabriel Menino (Flaco López) e Raphael Veiga; Mayke (Luís Guilherme), Artur (Endrick) e Rony. Técnico: Abel Ferreira.
- BOCA JUNIORS: Romero; Advíncula, Figal, Rojo e Fabra (Saracchi); Medina, Pol Fernández, Equi Fernández e Barco (Valentini); Merentiel (Valdez) e Cavani. Técnico: Jorge Almirón.
- GOLS: Cavani, aos 22 minutos do primeiro tempo; Piquerez, aos 28 do segundo tempo.
- ÁRBITRO: Andrés Matonte (URU).
- CARTÕES AMARELOS: Endrick, Veiga, Rony, Gómez, Figal, Equi Fernández, Medina, Almirón, Romero e Fabra.
- CARTÃO VERMELHO: Rojo.
- PÚBLICO: 40.398 torcedores.
- RENDA: R$ 4.974.909,22.
- LOCAL: Allianz Parque.
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