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Palmeiras rebate CBF por nota ‘agressiva’, questiona xenofobia e aponta erros contra o clube

Diretoria sai em defesa de João Martins depois de os comentários do auxiliar de Abel Ferreira após empate com o Athletico-PR serem criticados pela entidade; português afirmou que time é propositalmente prejudicado pela arbitragem e pelo ‘sistema’

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Por Redação
Atualização:

Poucas horas depois de a CBF criticar a postura do auxiliar técnico de Abel Ferreira, João Martins, na entrevista coletiva após a partida contra o Athletico-PR como xenofóbica, o Palmeiras emitiu uma nota oficial na qual classifica a postura da entidade máxima do futebol nacional como “agressiva”, questiona a xenofobia citada pela confederação e aponta uma série de erros contra o time paulista ao longo do Campeonato Brasileiro deste ano e de outras temporadas., abrindo um racha com a entidade.

Em nota, a CBF afirmou que levaria o caso para o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e classificou as falas de João Martins como “um desfile de grosserias e uma tentativa infantil de reduzir a relevância do futebol brasileiro na Europa”.

João Martins, auxiliar de Abel Ferreira, esteve à beira do gramado no duelo do Palmeiras com o Athletico-PR. Foto: Cesar Greco/SE Palmeiras

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Para se defender, o Palmeiras divulgou comunicado nesta segunda-feira, dia 3, destacando oito questionamentos que, segundo a agremiação, visam “defender os direitos do clube e contribuir com a melhora do produto futebol”. O Palmeiras afirma que comentários semelhantes aos de João Martins foram feitos neste mesmo fim de semana por outras figuras envolvidas no futebol brasileiro, mas a nota da CBF foi “endereçada exclusivamente ao Palmeiras”.

Além disso, o Palmeiras também ressaltou a incongruência da manifestação da CBF ao criticar o profissional português, visto que a entidade “busca um treinador estrangeiro para comandar a seleção brasileira”. As críticas à atuação da arbitragem e do VAR também estiveram entre os questionamentos do clube à entidade. Dos oito ponto levantados pelo documento, quatro fazem referência a erros contra o time ou à Comissão de Arbitragem, presidida por Wilson Seneme.

A revolta do auxiliar português de Abel se deu em razão da não expulsão do zagueiro athleticano Zé Ivaldo, que foi punido com cartão amarelo após cotovelada em Endrick dentro da área, depois da revisão no VAR, em lance no qual foi marcado pênalti a favor do Palmeiras. Em seguida, o jovem palmeirense desperdiçou a cobrança.

Na nota do Palmeiras, esse lance foi lembrado, assim como a ação do VAR no clássico com o São Paulo, na Copa do Brasil de 2022, que resultou na eliminação palmeirense. “Por que a Comissão de Arbitragem da CBF, presidida por Wilson Seneme, nunca pediu desculpas ao Palmeiras pelo erro grave cometido pelo VAR na Copa do Brasil do ano passado?”, cobrou o clube. Veja abaixo a lista de erros apontados pelo Palmeiras contra o time.

Leia a nota do Palmeiras na íntegra

Diante da agressiva nota oficial divulgada nesta segunda-feira (3) pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Sociedade Esportiva Palmeiras propõe alguns questionamentos, sempre no sentido de defender os direitos do clube e contribuir com a melhora do produto futebol:

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– Por que o comunicado da CBF é endereçado exclusivamente ao Palmeiras, sendo que profissionais de outra equipe da Série A fizeram, também ontem, comentários semelhantes aos do auxiliar técnico João Martins?

– Por que a opinião de um profissional português sobre o futebol brasileiro causou tanto desconforto à CBF se a própria entidade, como é de conhecimento público, busca um treinador estrangeiro para comandar a Seleção Brasileira?

– Qual teria sido a conduta “xenofóbica” de João Martins? Elogiar a qualidade dos jogadores brasileiros?

– Se a gestão da Comissão de Arbitragem investe tanto assim em tecnologia, por que o nosso VAR é incapaz de apontar objetivamente se uma bola ultrapassou ou não a linha de gol, como aconteceu no recente duelo entre Palmeiras e Bahia, pelo Brasileiro?

– Por que o atleta Zé Ivaldo, do Athletico-PR, não foi expulso ontem, após acertar uma cotovelada na nuca do atacante Endrick, em lance revisado pelo VAR?

– Por que no jogo entre Palmeiras e São Paulo, pela Copa do Brasil de 2022, o VAR não traçou a linha de impedimento no lance que originou o gol do nosso adversário e que nos custou a eliminação? Por que a imagem da revisão desta jogada sumiu?

– Por que a Comissão de Arbitragem da CBF, presidida por Wilson Seneme, nunca pediu desculpas ao Palmeiras pelo erro grave cometido pelo VAR na Copa do Brasil do ano passado?

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– Por que o Palmeiras, na rodada seguinte após a mais recente Data Fifa, não pôde contar com nenhum de seus três atletas convocados para a Seleção Brasileira?

A Sociedade Esportiva Palmeiras, ao longo dos anos, sempre se preocupou em construir uma relação de saudável parceria com a Confederação Brasileira de Futebol. Há cerca de três semanas, a presidente Leila Pereira esteve na sede da entidade, no Rio de Janeiro (RJ), para conversar com Wilson Seneme, de quem ouviu a promessa de melhorias imediatas na arbitragem.

Na semana seguinte, o vice-presidente da Comissão de Arbitragem, Emerson Carvalho, e o gerente técnico do VAR, Periclés Bassols, chegaram a realizar uma palestra para os profissionais do clube na Academia de Futebol, também com a presença da presidente Leila Pereira.

Contudo, diante da nota oficial divulgada pela CBF e dos reiterados erros graves cometidos contra o Palmeiras, entendemos ser este o momento oportuno de demonstrar, em público, a nossa indignação. Não queremos ser beneficiados, mas exigimos que as regras sejam aplicadas com isonomia.

Confiamos na independência do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), evocado pela CBF, e temos convicção de que o órgão dará ao auxiliar João Martins o tratamento equilibrado que lhe compete.

Entenda o caso

Substituto do suspenso Abel Ferreira no banco do Palmeiras contra o Athletico Paranaense, João Martins deu uma coletiva de imprensa bastante exaltado e sugeriu que os árbitros estão cometendo erros propositais para prejudicar o time paulista na competição. “Nós entendemos que o futebol brasileiro passa uma imagem de que é o mais competitivo do mundo porque ganham vários (times diferentes). Mas ganham vários porque, muitas vezes, não deixam os melhores ganhar. Foi mais uma vez o que se passou hoje (domingo). Nós entendemos que é ruim para o sistema o Palmeiras ganhar dois anos seguidos”, declarou.

Demonstrando irritação, o auxiliar fez diversos ataques ao futebol brasileiro em meio a críticas ao desempenho do árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima. “Não vale a pena amanhã ter o presidente mostrando imagens e frames para justificar incompetências e erros grosseiros”, disse. “Por isso que na Europa não veem jogos no Brasil. Porque muitas vezes parece mais teatro que futebol. Depois, um pênalti muito bem marcado porque ele não viu, deve estar cansado, falta preparação física”, disse.

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Para o português, o futebol brasileiro tem “pouca credibilidade” em outros países. “Há pouca credibilidade lá fora: não é por falta de qualidade dos jogadores, mas por falta de transparência. Podem continuar a nos expulsar, mas vamos lutar até a última gota de suor pelo bem do futebol e do Palmeiras.” A entrevista coletiva acabou sendo interrompida pelo diretor de futebol do Palmeiras, Anderson Barros.

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