A presidente Leila Pereira foi alvo dos palmeirense durante parte do ano passado por causa da morosidade do Palmeiras no mercado. A situação mudou para 2024, ainda que discretamente. O clube se movimentou e, antes do início da temporada, trouxe três novos jogadores, número já superior aos reforços contratados em 2023 - vieram apenas dois atletas: o volante colombiano Richard Ríos e o atacante Artur.
Atual bicampeão paulista e bicampeão brasileiro, o clube paulista não se reforçou com grandes astros. Não vieram reforços que são unanimidade entre os torcedores, mas atletas pedidos pelo técnico Abel Ferreira, que sempre disse preferir um “operário da bola” a um craque ou medalhão que possa atrapalhar o grupo.
A diretoria trouxe com atraso de um ano um substituto para o meio-campista Danilo, que foi vendido em janeiro do ano passado ao Nottingham Forest, da Inglaterra. Chegou o volante argentino Aníbal Moreno, comprado junto ao Racing. A outra posição reforçada foi o ataque, com as chegadas de Bruno Rodrigues, ex-Cruzeiro, e Caio Paulista, este que “pulou o muro” ao trocar o São Paulo pelo Palmeiras.
Ambos são atletas versáteis, como gosta Abel. Caio atua em até três posições. No São Paulo, virou lateral-esquerdo, mas já jogou como ponta e meia-atacante pelo mesmo lado. Bruno Rodrigues também está habituado em jogar pelos lados, ainda que também possa ser improvisado no comando de ataque.
Todas as decisões com relação a contratações e dispensas passam por Leila, Anderson Barros e Abel. Diz a presidente que nenhuma escolha é feita sem a anuência dos três. É comum ver a dirigente e empresária, ao ser cobrada pelos torcedores, alegar que o futebol é “caríssimo” e reclamar das dificuldades em reforçar o elenco.
“Contratação é investimento alto, então quero contratar jogadores que vão resolver”, enfatizou Leila durante o ano passado. Ainda que ela diga que o “Palmeiras não é lugar de aposentados”, para justificar o não investimento em atletas veteranos, ao contratar Bruno Rodrigues, de 26 anos, e Caio, de 25, a diretoria se tornou mais flexível quanto ao perfil dos atletas buscados nos últimos anos, sempre jovens e com potencial de revenda. “Não quero uma performance de um ano, quero continuidade”, disse ela.
Ano passado, ela chegou até a argumentar que a violência no Brasil impediu o retorno de atletas que jogam fora do País. Na dúvida, ela prefere não fazer a aquisição e dar a oportunidade para os garotos da base, algo que se tornou prioridade desde 2015, quando as categorias inferiores foram reestruturadas. Essa política foi intensificada com Abel, que gosta de elenco enxuto e sempre com jovens como segunda ou terceira opção.
Por ora, nenhum dos principais atletas do elenco foi negociado. E esse é o plano da presidente Leila, que avisou que a espinha dorsal não será desfeita. Mas Artur foi vendido ao Zenit, da Rússia, em uma transferência que beira os R$ 100 milhões, considerando as metas, e o jovem Kevin deve se transferir ao Shakhtar Donestk, da Ucrânia, o que rendeu mais críticas dos torcedores, que cobram reposição à altura.
É dessa maneira, vendendo sobretudo os mais jovens e com maior abertura no mercado, que Leila afirma conseguir ter dinheiro para renovar com titulares, aumentando seus salários, como fez com o zagueiro Murilo, cujo vínculo foi ampliado até o fim de 2027. Esse movimento também é importante para segurar Abel Ferreira, que só deve, porém, permanecer até o fim da temporada, quando encerra seu contrato. Em 2024, o português tem a chance de se tornar o técnico com mais títulos na história do Palmeiras.
Artur e Kevin não são titulares, mas são peças importantes em um time que vai disputar cinco competições em 2024, a começar pela Supercopa do Brasil, na qual defende o título. O adversário será o São Paulo, dia 3 de fevereiro. O horário e o palco do jogo ainda não foram definidos pela CBF.
Certo é que Endrick, a maior estrela do elenco, sairá no fim de julho, quando fizer 18 anos. Por isso, está nos planos da diretoria contratar um novo centroavante agora ou no meio do ano para substituir o garoto, grande protagonista da arrancada que resultou no título brasileiro. Um meia que possa fazer sobra para Raphael Veiga ou jogar junto com o camisa 23 também é analisado.
O Palmeiras sondou o centroavante Carlos Vinícius, do Fulham, da Inglaterra, mas não fez proposta. O mesmo aconteceu com Caio Alexandre, meio-campista do Fortaleza que negocia sua transferência ao Bahia, fortalecido financeiramente depois de ser comprado pelo Grupo City. Por ora, vieram três atletas, todos sem grande grife, como quer Abel.
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