Palmeiras foi campeão mundial em 1951? ‘Estadão’ apontou ‘excessos ridículos’ à época; veja

‘Nem Mundial, nem dos campeões’ escreveu o ‘Estadão’ às vésperas do início da ‘Taça Cidade do Rio de Janeiro’

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Foto do author Marcos Antomil
Atualização:

1951, o ano que persegue os torcedores do Palmeiras. Para o bem e para o mal. Afinal, o time alviverde foi campeão mundial contra a Juventus de Turim, no Maracanã, naquele ano? A Fifa já disse que sim, mas atualmente não considera a Copa Rio como um Mundial. Veja como o Estadão cobriu o campeonato naquela temporada, neste resgate em meio ao torneio que acontece na Arábia Saudita e tem o Fluminense como representante da América do Sul.

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A Copa Rio de 1951 reuniu oito equipes, sendo três sul-americanas e cinco europeias. Elas foram divididas em dois grupos. No Rio, duelaram Vasco, campeão carioca de 1950, Sporting, campeão português de 1950-51, Austria Wien, vencedor do Campeonato Austríaco da temporada 1949-50, e o Nacional de Montevidéu, que ergueu o caneco no Uruguai em 1950.

Em São Paulo, ficaram reunidos o Palmeiras, campeão paulista de 1950, a Juventus, que conquistou o Italiano de 1949-50, Estrela Vermelha, então campeão da Copa Iugoslávia de 1950, e o Nice, vencedor do Campeonato Francês da temporada 1950-51.

"Nem Mundial, nem dos Campeões" escreveu o Estadão em 24 de junho de 1951. Foto: Acervo/ Estadão

A poucos dias da estreia do torneio, o Estadão publicou um texto intitulado “Nem Mundial, Nem dos Campeões”, que afirmava que “talvez haja êxito econômico, apesar dos pesares. Mas, com ele ou sem ele, é aconselhável, além de honesto, que se mude a denominação do certame, mesmo porque, pelo simples exame da relação dos concorrentes, verifica-se que ele não é dos Campeões e muito menos Mundial...”

A publicação do dia seguinte ao início do chamado Torneio Internacional de Futebol ou Taça Cidade do Rio de Janeiro - tratado pelos dois nomes no Estadão - destacou a superioridade das equipes sul-americanas. “Os europeus são tecnicamente inferiores aos sul-americanos na prática do futebol”, escreveu o jornal em 1º de julho de 1951. Sobre a vitória do Palmeiras por 3 a 0 diante do Nice, foi relatado que “as possibilidades demonstradas pelo clube de Nice foram diminutas. Tanto assim que o Palmeiras venceu após dominar toda a partida, mas sem exibir-se pelo menos regularmente.”

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No dia seguinte à estreia do Palmeiras, em 1º de julho de 1951, Estadão elogiou a qualidade do futebol sul-americano. Foto: Acervo/ Estadão

O Palmeiras se sagrou campeão em 22 de julho ao empatar com a Juventus por 2 a 2 no Maracanã, que contou com presença de cerca de 90 mil torcedores. O primeiro duelo da decisão, vencido pelo time alviverde por 1 a 0, fez com que a taça tivesse um brasileiro como dono. O Estadão manchetou, dois dias após a final: “O Palmeiras conquistou a Taça ‘Cidade do Rio de Janeiro’”.

“De qualquer forma, porém, tornou-se o campeão paulista merecedor da gratidão da torcida brasileira, pois evitou que saísse do nosso País um troféu muito nosso. Não houve decepção como em julho de 1950″, escreveu o Estadão, fazendo menção à Copa do Mundo do ano anterior, em que a seleção brasileira perdeu a final para o Uruguai também no Maracanã e muito mais lotado.

Ao reforçar a condição de que o torneio de 1951 não contava com campeões atuais, a publicação de 24 de julho daquele ano afirmou ainda que “de qualquer modo, não se pode deixar de dar grande valor ao feito dos paulistas, mesmo porque obtiveram o título depois de considerado perdido. Vale ainda acentuar que foi esse o primeiro título expressivo de campeão conquistado por um quadro brasileiro, num torneio de que participaram quadros representativos de cinco países europeus, além dos dois quadros brasileiros e do Nacional do Uruguai”.

O Estadão, porém, sublinhou que havia um exagero no dimensionamento do título. “Feito de muito valor, repetimos, mas que, nem por isso, justifica os excessos ridículos que andam por aí, entre os quais, este de mandar a bola do jogo para um museu é, para usarmos de expressão popular, de tirar o chapéu...”. Outros veículos consideraram à época o time alviverde como campeão mundial.

Estadão não apontou a Copa Rio como "Mundial" no dia 24 de julho de 1951. Foto: Acervo/ Estadão

Também partiu do Estadão provocar a Fifa, entidade que comanda o futebol, a se manifestar sobre a dimensão do torneio conquistado pelo Palmeiras em 1951. Em 18 de dezembro 2015, a Fifa afirmou que “em reunião realizada em São Paulo no dia 7 de junho de 2014, o Comitê Executivo concordou com o pedido apresentado pela CBF para reconhecer o torneio disputado em 1951 entre clubes europeus e sul-americanos como a primeira competição interclubes e o Palmeiras como o seu vencedor”.

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Mais tarde, porém, a mesma Fifa voltou atrás na afirmação. Em 2017, disse considerar campeões mundiais aqueles clubes que venceram o Intercontinental (entre 1960 e 2004) e o Mundial de Clubes por ela organizado desde 2005. Em 2021, em entrevista feita com Rony, atacante do Palmeiras, durante o torneio no Catar, a entidade apontou que o Palmeiras buscava seu bicampeonato mundial para “igualar o número de Mundiais do Corinthians”. Ou seja, 1951 era considerado pela entidade. Em seu site oficial, a Fifa aponta nesta data que são campeões mundiais apenas os times que ergueram o troféu com a chancela da entidade.

O Palmeiras disputou ainda o Intercontinental de 1999 e foi derrotado pelo Manchester United por 1 a 0. Em 2020 e 2021 jogou o Mundial da Fifa. No primeiro, caiu ainda na semifinal para o Tigres, do México, por 1 a 0, e terminou em quarto lugar. No ano seguinte, chegou à final, mas perdeu para o Chelsea por 2 a 1, na prorrogação.

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