Acostumado a gastar valores vultosos nos primeiros anos da parceira com a Crefisa, o Palmeiras deve começar 2023 sem um reforço sequer. A prioridade da diretoria, assim que terminou a temporada, foi reduzir a folha salarial. Com as saídas já planejadas, o fim de contratos de atletas emprestados e a venda de Wesley ao Cruzeiro o clube já conseguiu enxugar a folha em cerca de R$ 2,2 milhões.
Com o fim dos contratos do meia Lucas Lima e do lateral-esquerdo Victor Luís, que estavam emprestados a Fortaleza e Ceará, respectivamente, a transferência do jovem atacante Wesley ao Cruzeiro por R$ 16 milhões, a saída do meia Gustavo Scarpa para o Nottingham Forest, da Inglaterra, e o empréstimo do lateral-esquerdo Jorge ao Fluminense, o clube tem uma economia mensal considerável.
Dos cinco, quem mais deu gastos e menos retorno ao Palmeiras foi Lucas Lima. O contrato longo, de cinco anos, se encerra em 31 de dezembro, e custou R$ 60 milhões ao clube. O término do vínculo com o jogador gera uma economia anual de R$ 9 milhões.
O salário do meia é de R$ 800 mil, mas, incluindo bonificações progressivas e luvas estipuladas em contrato e diluídas nos vencimentos, passou a superar R$ 1 milhão a partir do início de 2022.
O Palmeiras bancava 70% desse valor no período em que o atleta esteve emprestado ao Fortaleza, de agosto de 2021 até o fim desta temporada. Ele também tinha direito de receber R$ 15 mil por partida disputada com a camisa do Palmeiras. Como atuou em 165 jogos, ganhou um bônus de pouco mais de R$ 2 milhões.
Dos cinco, apenas Jorge mantém vínculo com o Palmeiras, vigente até o dezembro de 2025. Ele foi cedido por empréstimo ao Fluminense por um ano com opção de compra fixada. O time paulista ainda paga 60% do salário do atleta, aproximadamente R$ 300 mil, enquanto que o clube carioca arca com os 40% restantes.
Sem reforços
Como a saída de Gustavo Scarpa não era uma surpresa, já que ele tinha pré-contrato assinado com o Nottingham Forest, e Jorge e Wesley não eram titulares, o Palmeiras não vê a necessidade de ir com urgência ao mercado. Esse movimento só vai acontecer caso Abel Ferreira perca um de seus titulares.
Depois que Abel Ferreira chegou, o clube passou a intensificar sua aposta na base e trazer reforços pontuais, sempre jovens com potencial de retorno esportivo e financeiro. Essa diretriz será mantida em 2023. A ideia é preservar a base campeã brasileira e só ir ao mercado para buscar reposições.
Se o meio-campista Danilo sair, por exemplo, o plano é trazer um substituto para o jovem, o atleta do elenco com a maior chance de se transferir para o futebol europeu no momento.
“Para cada saída, teremos uma reposição. As mexidas serão sempre a partir das saídas ou se vender, se não houver vendas não haverá mexidas”, havia dito Abel Ferreira depois que o Palmeiras assegurou o título brasileiro.
A estratégia de aposta na base será mantida e ampliada. Ao menos sete jovens serão promovidos em definitivo ao elenco principal na próxima temporada: Naves, Garcia, Vanderlan, Fabinho, Jhon Jhon, Giovanni e o fenômeno Endrick. Todos já tiveram oportunidades no profissional, mas com exceção de Endrick, jogaram pouco.
“Os moleques são o futuro do clube”, reforçora o treinador. “Vamos valorizar o que está sendo feito, vamos valorizar a Academia. Vamos fazer poucas mexidas, para não dizer nenhuma, porque valorizamos o trabalho que é feito no clube, não só pelo treinador, mas por todos. Esse é o futuro do clube”.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.