Demorou mais de um mês, mas o Palmeiras reencontrou o caminho das vitórias no Allianz Parque. No confronto com o São Paulo, segundo pior visitante do Campeonato Brasileiro, prevaleceu a força dos comandados de Abel Ferreira como mandante – mesmo que o time não vencesse em seus domínios há 40 dias. A vitória com goleada por 5 a 0, com dois gols do destaque Breno Lopes, dois de Piquerez e um de Marcos Rocha, estanca a crise sobre a diretoria, Leila Pereira e o elenco, questionados desde a queda na Libertadores, e faz com que o time se vingue da eliminação nas quartas de final da Copa do Brasil com uma humilhação.
Com os dois gols de Breno Lopes, o Palmeiras volta a vencer no Allianz e Abel Ferreira chega a seu sétimo triunfo contra o rival. É também a maior goleada do time alviverde sobre o adversário histórico desde 1965. O último triunfo veio dos pés do camisa 19, contra o Goiás. Na ocasião, o atacante marcou no último minuto e comemorou em direção à torcida organizada, reclamando pelas críticas que recebera nos últimos meses. Desde então, o time não havia conquistado três pontos sob seus domínios.
“Breno talvez seja o jogador aqui no Palmeiras que eu fui mais injusto. Ao contrário do que alguns pensam, eu já disse à frente de todo o grupo e digo aqui na comunicação social. Quando eu olho para a minha consciência, percebo que foi o jogador que eu fui mais injusto”, afirmou Abel em entrevista coletiva após o jogo.
Com o resultado desta quarta-feira, o Palmeiras chega a 50 pontos e se aproxima dos líderes Botafogo e Red Bull Bragantino. Após quatro derrotas seguidas, o time alcança seu segundo triunfo consecutivo e retoma os rumos no Brasileirão em meio à crise interna no clube. A próxima partida será no sábado, dia 28, diante do Bahia, na Arena Fonte Nova. Já o São Paulo, derrotado, volta a campo no domingo, 29, contra o Athletico-PR.
Estrela de Breno Lopes e ataque fulminante do Palmeiras
A ausência de vitórias fora de casa incomoda Dorival Júnior, como o próprio treinador revelou ao Estadão. Ao lado do Goiás, é o único time do Brasileirão que ainda não venceu longe de seus domínios. Por isso, logo nos minutos iniciais, adotou uma postura de marcação alta sobre o adversário.
A tática foi, no entanto, bem explorada pelo Palmeiras. Logo aos sete minutos, utilizou-se do espaço que o São Paulo lhe oferecia para chegar às redes, com um contra-ataque guiado por Breno Lopes e Raphael Veiga. Richard Ríos marcou, mas o gol foi anulado por impedimento. Apesar disso, continuou utilizando das falhas defensivas do São Paulo: erros de passe e desatenções no meio-campo aproximavam, ainda mais, o time de Abel do primeiro gol.
O treinador, que retornou de suspensão de dois jogos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), optou por colocar Endrick desde o primeiro minuto e manter Breno Lopes como titular. O resultado foi um Palmeiras com mais velocidade – Rony foi poupado para possibilitar a entrada do camisa 9. A decisão surtiu efeito: Veiga, muito ovacionado antes da entrada dos times, quebrou a linha defensiva do São Paulo com um passe rápido para Mayke; no cruzamento, encontrou Breno Lopes no segundo pau para, com Rafael vencido no lance, abrir o placar.
O trio Breno Lopes, Veiga e Endrick foi aquele que mais incomodou a zaga são-paulina. No ataque, Dorival não encontrava soluções para responder ao ímpeto palmeirense. Em poucos minutos, o camisa 19 encontrou novamente o caminho do gol, após um passe magistral de Richard Ríos, que achou o atacante entre a linha defensiva. Cara a cara com Rafael, teve o trabalho de vencer o goleiro tricolor e colocar a bola no canto superior esquerdo.
Com o 2 a 0 no placar e com o meio-campo dominado, Dorival optou por, ainda na primeira etapa, substituir Gabriel Neves, volante que foi um dos que mais erraram na primeira etapa. Além dele, Lucas Moura, com um problema muscular na coxa esquerda, precisou sair de campo. Em seu lugar entrou Wellington Rato. Apesar de bem intencionadas, as mudanças não alteraram a dinâmica dos 45 minutos iniciais: Palmeiras continuou rápido em seus contra-ataques e letal quando se aproximava da área tricolor – mesmo sem ter a posse de bola.
Na reta final, mais um baque para o São Paulo. Em falta desnecessária, Wellington Rato – que acabara de entrar – derruba Zé Rafael dentro da área. Na cobrança do pênalti, Piquerez, um dos destaques da etapa inicial, converteu. Rafael chegou a tocar na bola, mas ela passou por baixo de seu corpo, dando números finais ao primeiro tempo: 3 a 0.
Descontrole do São Paulo
Para o segundo tempo, Dorival tentou novamente alterar a dinâmica do time e do jogo. James Rodríguez, que pouco fez no primeiro tempo, deixou o campo para a entrada do equatoriano Jhegson Méndez. Mesmo com um volante a mais, o São Paulo continuava com dificuldades para controlar a bola na frente. O desempenho irritava o treinador, que se assemelhava à postura de Abel à beira do campo, e do elenco são-paulino.
Rafinha, capitão tricolor, recebeu o segundo amarelo no início da segunda etapa e desfalcou o São Paulo. Além da postura do lateral, o desespero dos demais jogadores se refletia nas ações em campo, com os mesmo erros de passe e ausência de opções para construir o ataque. Nas falhas são-paulinas e com um a mais, o Palmeiras continuava no controle, apesar de, em determinado momento, ter uma posse inferior a 35%. Endrick, pela direita, foi quem mais levou perigo, além da pressão dos comandados de Abel na saída de bola são-paulina.
No decorrer dos 45 minutos finais, o Palmeiras manteve o ritmo alucinante. Quando tentava alguma jogada ofensiva, não tinha dificuldades para entrar na defesa são-paulina. Aos 37, teve um início de confusão apartado pelo árbitro.
Abel ainda promoveu a entrada de Rony no lugar de Endrick e Luís Guilherme na vaga de Breno Lopes. Autor dos dois gols, o atacante foi ovacionado na saída de campo e se redimiu com seu torcedor após 40 dias.
Ainda houve tempo para que Marcos Rocha, que entrou no lugar do Mayke, definisse a goleada alviverde, em lance semelhante ao primeiro gol de Lopes: cruzamento rasteiro que percorreu a área. Piquerez, com um golaço de fora da área, ampliou para cinco gols a vantagem palmeirense. A goleada rendeu gritos de olé da torcida, alimentada pelo locutor do Allianz Parque.
PALMEIRAS 5 x 0 SÃO PAULO
- PALMEIRAS: Weverton; Murilo, Luan e Gustavo Gómez; Mayke (Marcos Rocha), Zé Rafael, Raphael Veiga (Artur), Richard Ríos (Fabinho) e Piquerez; Breno Lopes (Luís Guilherme) e Endrick (Rony). Técnico: Abel Ferreira.
- SÃO PAULO: Rafael; Caio Paulista, Beraldo, Diego Costa e Rafinha; Gabriel Neves (Rodrigo Nestor) e Alisson (Nathan); David (Luciano) , James Rodríguez (Jhegson Méndez) e Lucas Moura (Wellington Rato); Michel Araújo. Técnico: Dorival Júnior.
- GOLS: Breno Lopes, aos 16 e 26, e Piquerez, aos 52 minutos do primeiro tempo; Marcos Rocha, aos 39, e Piquerez, aos 42 minutos do segundo tempo.
- ÁRBITRO: Raphael Claus (Fifa/SP).
- CARTÕES AMARELOS: Zé Rafael, Endrick e Raphael Veiga (Palmeiras); Wellington Rato, Rafinha e Beraldo (São Paulo).
- CARTÃO VERMELHO: Rafinha, pelo segundo amarelo (São Paulo).
- PÚBLICO E RENDA: 32.618 torcedores; R$ 1.995.950,97.
- LOCAL: Allianz Parque, em São Paulo.
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