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PF apreende pedras preciosas supostamente avaliadas em R$ 2,5 bi em ação de Scarpa contra Bigode

Meia do Nottingham Forest tenta reaver R$ 6,3 milhões do aporte financeiro na XLand, que teria ‘sumido’ com seu dinheiro

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Foto do author Murillo César Alves
Foto do author Rodrigo Sampaio
Atualização:

A Polícia Federal (PF), por meio de uma determinação da Justiça do Acre, apreendeu um lote de pedras de alexandritas da gestora de investimentos de cripto XLand que estavam em poder da empresa Sekuro Private Box. A XLand é acusada de causar um prejuízo milionário ao jogadores Gustavo Scarpa e Mayke, quando atuavam juntos no Palmeiras. Willian Bigode, que indicou a gestora aos atletas quando jogava no time paulista por meio da sua consultora WLJC, também alega ter sido lesado.

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De acordo com a XLand, o malote das pedras pesa 20,8kg e é avaliado em US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões). O advogado de Scarpa havia ajuizado pedido para que o malote ficasse sob a custódia da Justiça, mas o juiz Daniel Fadel de Castro, da 10ª Vara Cível, porém, determinou que o malote permanecesse sob a custódia da Sekuro Private Box S/A, com quem a gestora de investimentos mantinha contrato, que informou na petição juntada ao processo que a apreensão se deu no dia 13 de julho.

Bruno Santana, advogado de Willian, sinaliza ao Estadão os próximos passos após a apreensão. “A manifestação que apresentamos foi no sentido de a Justiça de São Paulo expedir ofício informando a existência de decisão anterior ao Acre, como também solicitar informações acerca da apreensão, tendo em vista que as pedras ainda serão alvo de perícia judicial no momento processual adequado, com objetivo de avaliar seu respectivo valor de mercado.”

Os jogadores Willian e Gustavo Scarpa durante treinamento, no CT do Brasiliense, em 2021. Foto: Cesar Greco/ SE Palmeiras

A novidade no processo é a apreensão das pedras preciosas. Em março, a Justiça já havia dado o parecer favorável para a retenção do malote. A juíza Carolynne Souza de Macêdo Oliveira, da 1ª Vara Cível e Criminal do Acre, determinou a busca e apreensão do material. No início deste mês, Willian se tornou réu do processo, junto com sua mulher e sócia Loisy Coelho e outra sócia Camila Moreira de Biasi Fava na WLJC Consultoria e Gestão Empresarial. Atualmente no Athletico-PR, Bigode iniciou sua relação com Scarpa quando ambos atuavam no Palmeiras.

Scarpa tenta reaver R$ 6,3 milhões do aporte financeiro da XLand, que teria “sumido” com o dinheiro do jogador. O pedido, acatado pela Justiça, coloca Willian e suas duas sócias no polo passivo do processo. Segundo o juiz Daniel Fadel de Castro, a WLJC integra a mesma cadeia de fornecimento da XLand e, portanto, é vista como um polo passivo da transação.

O processo movido por Scarpa e Mayke aponta que partiu de Willian e de sua sócia Camila Moreira de Biasi a sugestão de investimentos na XLand, que ofereceria uma rentabilidade de 2% a 5% sobre o valor investido. Scarpa aplicou R$ 6,3 milhões, enquanto Mayke e sua mulher, Rayanne de Almeida, investiram R$ 4.583.789,31. Em março, Willian Bigode afirmou que também foi vítima na fraude e teria perdido R$ 17,5 milhões em investimento semelhante ao dos ex-companheiros de Palmeiras.

O que são pedras de alexandrita?

As pedras de alexandrita são raras e encontradas na Rússia, Sri Lanka e no Brasil, mais precisamente em Minas Gerais, em Nova Era e também na Bahia, cujo material não costuma ser de boa qualidade. Elas mudam de cor dependendo do ambiente. Sob efeito da luz natural, ficam verdes, enquanto sob determinados tipos de luzes artificiais, assumem a cor vermelha.

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De acordo com Hugo Verner Flister, gemólogo especialista em identificação, classificação e avaliação de pedras preciosas, apontar alexandritas, rubis e esmeraldas como garantias de investimentos é algo que surgiu em 1995, especialmente em Minas Gerais. Mais recentemente, o mesmo artifício passou a ser usado em investimentos de criptomoedas e na troca de bens imóveis. Casos semelhantes ao dos jogadores são recorrentes.

“Quase na totalidade dos casos, nesses laudos, o profissional classifica o material de forma errada e precifica em função dessa classificação errada. Atesta boa qualidade, mas na verdade esses materiais normalmente não têm aproveitamento para fim gemológico. Muitas vezes não têm cor, transparência nem é alexandrita de verdade. Nos meus 40 anos de profissão, nunca vi 20 kg de alexandrita de boa qualidade. O judiciário está tomando ciência desse assunto (uso de laudos fraudulentos para atestar qualidade de pedras preciosas) de maneira um pouco tardia. Essa documentação gera diversos problemas no mercado”, afirma Verner.

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