Polícia prende sete suspeitos de cometer ofensas racistas contra Vini Jr.; três são liberados

Quatro torcedores do Atlético de Madrid foram presos na capital espanhola por caso ocorrido em janeiro, enquanto outros três foram detidos em Valência por insultos de domingo

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Por Redação
Atualização:

A polícia da Espanha informou nesta terça-feira que prendeu sete pessoas suspeitas de cometer atos racistas contra Vinícius Junior. Quatro foram presas em Madri, sob a alegação de pendurar um boneco representando o jogador do Real Madrid em uma ponte rodoviária da capital espanhola. As outras três prisões ocorreram em Valência e são referentes ao episódio de racismo mais recente contra o brasileiro. Eles foram liberados horas após prestarem depoimento. No domingo, o atacante foi chamado de “macaco” pela torcida adversária, na derrota do time madrilenho, por 1 a 0, para o time da casa.

O episódio do fim de semana teve repercussão mundial, com o repúdio de outros jogadores de futebol, equipes do Brasil e do mundo, além de personalidades de outros segmentos da sociedade. Vinícius também se manifestou, desta vez de forma mais enfática, e deixou no ar a possibilidade de deixar a Espanha.

Boneco com a camisa de Vinícius Junior. Objeto apareceu enforcado em ponte de Madri em janeiro deste ano. Foto: Reprodução/Twitter

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Em dia 26 de janeiro, um boneco com uma camisa de Vini Jr. apareceu pendurado, simulando um enforcamento, horas antes da vitória do Real Madrid, por 3 a 1, contra o Atlético de Madrid, pela Copa do Rei. Com ele havia uma faixa com as palavras “Madri odeia o Real”, frase frequentemente entoada pelo rival do time merengue.

Na ocasião, o Real denunciou um “lamentável e repugnante ato de racismo, xenofobia e ódio contra Vinícius, declarando esperar “que sejam apuradas todas as responsabilidades de quem participou neste ato tão desprezível”. Um inquérito foi aberto imediatamente pelas autoridades à época.

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A investigação, baseada principalmente em testemunhos, estabeleceu que os quatro torcedores suspeitos, “identificados durante jogos classificados como de alto risco no âmbito da prevenção da violência no esporte”, eram os “presumíveis autores” dos atos, declarou a polícia. Os presos foram detidos sob a acusação de “crime de ódio”, sendo três deles membros de um grupo radical de torcedores do Atlético.

Os meios de comunicação da Espanha informaram que a polícia utilizou câmeras de segurança para identificar os autores do ato, mas nenhuma medida havia sido tomada até esta terça-feira, um dia após a repercussão mundial dos insultos racistas a Vini Jr. pela torcida do Valencia. Ultras do Atlético de Madrid negaram ter qualquer tipo de ligação com o episódio. Os presos de Madri têm 19, 21, 23 e 24 anos de idade.

Perseguição a Vini Jr.

Vinícius Junior é alvo de provocações e insultos racistas na Espanha há pelo menos dois anos, quando se tornou o principal brasileiro jogando na Europa e um dos principais nomes do Real Madrid. O clube já protocolou dez denúncias por ofensas raciais contra o atacante.

A gota d’água aconteceu no jogo contra o Valencia, no domingo. A partida foi paralisada pelo árbitro Ricardo de Burgos depois de Vinícius ouvir parte da torcida rival o chamar de “macaco”. Ele apontou para o local da arquibancada de onde vinham os insultos, mas a partida continuou dez minutos depois, ainda com o brasileiro sob ataque dos torcedores adversários.

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Na reta final da partida, Vinícius se desentendeu com o goleiro Giorgi Mamardashvili e acabou expulso por deixar a mão no rosto de Hugo Duro, mesmo tendo levado um mata-leão do mesmo jogador, que não foi focado pelo VAR. Ao deixar o gramado, o atacante fez um “dois” com os dedos, em referência à luta do time contra a queda para a Série B.

O brasileiro recebeu apoio de dirigentes e atletas de todo o mundo e criticou fortemente o futebol espanhol por não fazer mais para acabar com o racismo. O Valencia prometeu banir o torcedor responsável por ter insultado Vinícius durante o jogo. O Real Madrid levou o caso ao Ministério Público, por considerá-lo crime de ódio e discriminação./AFP e AP

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