Por que a Uefa vai mudar o Fair Play Financeiro após Chelsea driblar regras fiscais

Ao todo, clube londrino gastou mais de R$ 2,5 bilhões com contratações nas últimas duas janelas de transferências; Mykhaylo Mudryk, joia ucraniana, foi adquirido junto ao Shakhtar por R$ 380 milhões

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Por Redação

Em 10º lugar no Campeonato Inglês e com um novo dono desde a saída de Roman Abrahamovich do clube, o Chelsea tenta se reestruturar e reformular seu elenco. Para esta temporada, o time contratou 14 jogadores desde a janela de transferências na metade de 2022. Mykhaylo Mudryk, joia ucraniana do Shakhtar Donetsk, se juntou ao elenco por 70 milhões de euros (cerca de R$ 380 milhões), além de mais 30 milhões de euros em bônus (R$ 167 milhões). Mas ele não é o único: o zagueiro Wesley Fofana, o lateral Marc Cucurella e o atacante Raheem Sterling custaram, cada um, 50 milhões de euros (R$ 277 milhões).

Ao todo, o Chelsea gastou em contratações das últimas janelas de transferências, sem contar com valores adicionais e bônus, 460 milhões de euros (mais de R$ 2,5 bilhões). Esses números altos colocaram em dúvida se o clube estaria infringindo o Fair Play Financeiro da Uefa. Em vigor desde junho do último ano, as regras preveem que os clubes gastem até 90% das receitas totais no primeiro ano, 80% na segunda temporada e 70% a partir de 2025/2026 em diante.

Todd Boehly comprou o Chelsea adquiriu o Chelsea em meio às sanções impostas sobre seu ex-dono, Roman Abramovich, que impactaram o clube. Foto: David Cliff/AP

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Somente contabilizando as contratações e vendas de jogadores, o Chelsea teve um déficit financeiro de 404 milhões de euros. Para “driblar” essas regras da Uefa e de fair play financeiro, o clube utiliza uma estratégia semelhante à das ligas americanas: espalhar o valor pago para os jogadores ao longo dos anos de contrato. Mykhaylo Mudryk, por exemplo, assinou um contrato de oito anos com o Chelsea, até junho de 2031. Os 100 milhões de euros, acertados no momento de sua contratação, serão pagos pelo clube ao longo das próximas temporadas - cerca de 12,5 milhões por ano.

Fofana, com contrato até 2029, e Cucurella, 2028, são outros que estariam nestas movimentações financeiras do Chelsea. Para impedir que isso aconteça com outras equipes, a Uefa planeja alterar as regras de pagamento das taxas de transferência em até cinco anos após a contratação. Os clubes poderão continuar a firmar acordos com jovens talentos, como Mudryk, por mais de cinco anos, mas os valores devem ser pagos antes do final do contrato - caso este seja superior a meia década.

Mykhailo Mudryk foi a contratação mais recente do Chelsea, custando 100 milhões de euros aos cofres do clube. Foto: Jon Super/AP

Atualmente, a Uefa permite, com essas novas regras estabelecidas em junho, que os clubes acumulem um déficit financeiro de até 60 milhões de euros (R$ 330 milhões) em três anos. Em setembro de 2022, a Uefa puniu oito clubes que infringiram o fair play financeiro: Inter de Milão, Juventus, Milan e Roma, da Itália; Monaco, Olympique de Marselha e e Paris Saint-Germain, da França; e Besiktas, da Turquia. Somados, os clubes deverão pagar 172 milhões de euros (cerca de R$ 950 milhões) à entidade.

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Para a Uefa, é sua responsabilidade garantir que os clubes não corram o risco de se endividar. No caso do Chelsea, ao estender os gastos na contratação de um jogador ao longo dos anos, o clube está limitando a possibilidade de realizar novas contratações. Além disso, outras equipes poderiam seguir o exemplo do Chelsea e, sem controle financeiro, acabarem por se endividar.

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