Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, concedeu coletiva de imprensa nesta quarta-feira para dar detalhes sobre a liberação de Fernando Diniz para comandar a seleção de forma interina, sem deixar de trabalhar no clube carioca, e disse não ver conflito de interesses na situação. Ao ser questionado sobre o assunto, o dirigente defendeu que o treinador jamais faria convocações pensando em prejudicar ou beneficiar algum clube.
“Eu não vejo conflito, da mesma maneira como não vejo quando nosso preparador é convocado. Temos Marcos Seixas, Valter Veloso, Gabriel Oliveira, Marcão, Igor, Gabriel Viana que já foram convocados. Essa comissão inteira não está indo, apenas dois auxiliares para ajudar o Fernando. Um vai ficar, o Eduardo Barros. Fernando vai assessorar esses auxiliares que ficarem. Acreditamos na ética e dignidade do Fernando. Se formos pensar dessa forma, todo treinador tem um empresário. Aí, se convocam mais jogadores desse mesmo empresário, as pessoas vão falar”, disse Bittencourt.
Antes da coletiva, na madrugada desta quarta, o Fluminense divulgou uma nota oficial garantindo que o acúmulo de funções não afetará a rotina da equipe. Além disso, revelou que receberá uma “compensação financeira” da CBF. Durante a coletiva, o presidente não quis revelar a quantia. “Não vou falar o valor, mas é referente à multa que seria pra ele sair hoje em definitivo. Ponto, é uma excelente compensação financeira”, afirmou.
Bittencourt também reforçou o que já havia sido dito no comunicado e assegurou que não haverá prejuízo esportivo para o clube das Laranjeiras. “Ele não vai se dedicar 24 horas. No fim de agosto ele vai fazer uma convocação, e se apresenta no dia seguinte. Não vai deixar de comandar o Fluminense nos jogos. Nas datas Fifa, o auxiliar dele vai dar os treinos nesse período. Lógico que avaliamos a Libertadores e levamos condições à CBF. Todos do Fluminense opinaram. Se isso não prejudica o Fluminense, aceitamos”.
De acordo com o presidente tricolor, Fernando Diniz não estará disponível para realizar excursões de observação de jogadores na Europa, como treinadores da seleção costumam fazer, pois seria difícil de conciliar tal demanda com os treinos no Rio.
“Ele vai dedicar 100% do tempo dele ao Fluminense. É um treinador que mora sozinho no Rio de Janeiro, num hotel, por vezes acaba o treino e ele diz que precisa ir pro hotel assistir jogos. É um profissional que se dedica 18 horas ao trabalho, seis ele dorme e duas ele fala com a família pelo telefone. Ele tem mulher e quatro filhos. Como aconteceu no sábado, ele ficou lá de sábado pra domingo, depois ficou com a família. Ficou muito claro que o Fernando não vai ter tempo para excursionar pela Europa pra ver jogadores pra convocar. Essa convocação será feita da maneira que ele pode atender o Fluminense, à distância.
Ao fim do período de um ano em que Diniz comandará a seleção interinamente, ele poderá integrar a comissão técnica de Carlo Ancelotti, que assumirá o comando quando seu atual contrato com o Real Madrid acabar, em junho de 2024. Bittencourt disse estar preparado para uma possível mudança de rota, caso o acordo com Ancelotti não se concretize e Diniz seja alçado de forma definitiva ao cargo.
“Não temos nenhuma preocupação com relação a isso, porque esse período é de um ano. Depois desse período, o presidente Ednaldo deu a Diniz o direito de participar da comissão técnica do Ancelotti. Se, ao fim do ano, as coisas caminharem diferente a gente senta e conversa. Ele negou também a possibilidade de assumir a Seleção Olímpica”, afirmou.
Quanto à reação interna à notícia, o dirigente revelou que o elenco tratou a situação com entusiasmo. “Estavam todos extremamente felizes, cumprimentando e muito alegres. Não causou nenhum problema interno nosso. Ele falou para os jogadores hoje de manhã: em nada vai nos atrapalhar, porque a montagem de treino nesses períodos é o que já fazemos no dia a dia, e os auxiliares conseguem aplicar essas atividades. Nem todos os treinos aqui são dados pelo Fernando”, disse.
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