Presidente de La Liga responde Vini Jr. e defende que casos de racismo na Espanha são ‘pontuais’

Javier Tebas rebate críticas do atacante sobre o Campeonato Espanhol estar manchado por episódios racistas; Luís Rubiales, dirigente da Federação Espanhola, sai em defesa do brasileiro

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Por Redação
Atualização:

Javier Tebas, presidente de La Liga, voltou a rebater Vini Jr. nesta segunda-feira, um dia após o atacante reclamar do posicionamento da competição e a ausência de ações contra o racismo. O brasileiro foi vítima de ataques da torcida do Valencia no domingo, durante partida válida pelo Campeonato Espanhol. Segundo o mandatário, os casos de racismo na Espanha são “extremamente pontuais”.

Esta é a segunda vez que Tebas responde Vini Jr., em um intervalo de 24 horas. No primeiro momento, afirmou que o atacante brasileiro não compreendia as formas como a associação pode atuar para combater o racismo e citou reunião à qual ele não teria comparecido para tratar do tema. Nesta segunda-feira, focou em rebater as críticas do brasileiro, sobre a Espanha e a La Liga serem coniventes com o racismo no futebol.

Vini Jr. foi vítima de racismo da torcida do Valencia em partida do Campeonato Espanhol neste domingo. Foto: Pablo Morano/Reuters

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“Nem Espanha nem LaLiga são racistas. É muito injusto dizer isto. Denunciamos e combatemos o racismo com toda rigidez dentro das nossas competências. Nesta temporada foram denunciados nove casos de insultos racistas (oito deles por insultos contra Vini Jr)”, escreveu Tebas. “Sempre identificamos os infratores e levamos a denúncia aos órgãos legisladores. Não importa que sejam poucos, eles são implacáveis.”

Sobre estes episódios, Tebas ressaltou que são “casos pontuais” na competição e que, não necessariamente, significam que o Campeonato Espanhol estaria manchado pelo racismo. Ele resgata a publicação do atacante, feita neste domingo. “Não podemos permitir que se manche a imagem de uma competição que é sobre o símbolo de união de povos, onde mais de 200 jogadores são de origem negra em 42 clubes que recebem em cada rodada o respeito e o carinho da torcida, sendo o racismo um caso extremamente pontual (nove denúncias) que vamos eliminar.”

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O dirigente da La Liga não levou em consideração que Vinícius Júnior é ofendido há duas temporadas e nenhuma providência tomada foi capaz de impedir que isso voltasse a acontecer, como se viu no fim de semana em jogo do Real contra o Valencia.

Após a partida, Vini Jr. ressaltou que estes episódios – ainda que, segundo Tebas, sejam pontuais – mancham a imagem da competição para o exterior. “Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas”, escreveu, em suas redes sociais.

Críticas da Federação Espanhola

O presidente da Federação Espanhol de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, saiu em defesa de Vini Jr. após o segundo posicionamento de Tebas, e criticou o mandatário por rebater o brasileiro nas redes. “Quero mandar um recado ao presidente da CBF para vir à casa da RFEF ou vou viajar ao Brasil para ver o que a Federação faz com isso (caso de racismo contra Vini Jr.). Peço que ele ignore o comportamento do presidente da La Liga. Não era o momento de entrar para debater isso no Twitter”, pontuou, em entrevista coletiva nesta segunda-feira.

“Temos um problema em nosso país de educação, de racismo. Temos um problema sério que mancha todo um time, torcedores e um país inteiro. Vini ou qualquer jogador que receber insulto tem meu apoio e da Federação”, ressaltou Rubiales.

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Posicionamento de La Liga

Vinícius Júnior foi chamado de “macaco” por torcedores do Valencia e a arbitragem chegou a paralisar a partida. Desestabilizado emocionalmente, envolveu-se em uma confusão generalizada nos acréscimos e foi o único a receber cartão vermelho. Nas redes sociais, foi incisivo ao criticar a La Liga. “O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas”, disse em um trecho do texto.

Além do posicionamento pessoal de Tebas, a La Liga se pronunciou oficialmente em uma nota na qual afirma que já solicitou as imagens disponíveis para investigar o ocorrido. “Uma vez concluída a investigação, em caso de detectar algum crime de ódio, La Liga tomará as medidas cabíveis”, informou a instituição, que também se comprometeu a investigar “imagens em que insultos racistas foram supostamente dirigidos a Vinicius Jr. fora do Estádio Mestalla”. Vale lembrar que a própria La Liga informou que o brasileiro sofreu outras tantas ofensas racistas no Campeonato Espanhol.

O comunicado defende que a instituição tem agido prontamente para punir os muitos atos racistas dos quais o atacante do Real Madrid tem sido vítima. “A La Liga tem sido proativa diante de todos os incidentes racistas contra Vinicius Jr, jogador do Real Madrid. Assim, apresentou uma queixa nove vezes nas últimas duas temporadas perante o Comitê de Competições da RFEF, Comissão Estadual contra a Violência, Racismo, Xenofobia e Intolerância no Esporte, Ministério Público do Ódio e Tribunais”, diz, o texto, que acompanha a lista dos jogos em que foram registradas denúncia de ofensas racistas contra o brasileiro.

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