Divulgada como o “maior acordo de patrocínio do futebol brasileiro”, a parceria entre o Corinthians e a Vai de Bet foi encerrada de forma abrupta e unilateral por parte da casa de apostas após uma série de suspeitas de corrupção no repasse de parte do valor acordado.
O valor do contrato era de R$ 360 milhões ao longo de três temporadas, ou 36 meses. A ideia era que a empresa fizesse um pagamento mensal de R$ 10 milhões em cada mês ao clube. O Corinthians recebeu R$ 60 milhões pela parceria antes da rescisão do contrato.
Com isso, o Corinthians deixou de ganhar R$ 300 milhões pelos próximos dois anos e meio. O prejuízo, no entanto, é maior. Antes de firmar o contrato com a Vai de Bet, o clube paulista tinha um contrato de exclusividade vigente com a Pixbet, casa de apostas rival da Vai de Bet.
Para acertar o novo contrato, a diretoria do Corinthians firmou na Justiça um acordo para pagar R$ 40,1 milhões à Pixbet e encerrar a exclusividade de patrocínio. Esses valores serão quitados até o início de 2025, sob pena de bloqueio de contas. Dessa forma, a equipe alvinegra só obteve R$ 19,9 milhões de balanço positivo pelo patrocínio da Vai de Bet e deixou de faturar R$ 300 milhões.
Entenda caso Corinthians x Vai de Bet
A Vai de Bet, patrocinadora máster do Corinthians, anunciou nesta sexta-feira, 7, a rescisão de contrato com o clube. A decisão acontece após os polêmicos pagamentos da Rede Media Social Ltda, intermediária do acordo, à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, suposta empresa “laranja” cujo CNPJ está no nome de Alex Fernando André, mais conhecido como Alex Cassundé, membro da equipe de comunicação do presidente Augusto Melo. Nesta semana, a Polícia Civil notificou o clube e pediu informações sobre a intermediação do contrato de patrocínio.
Leia também
Em comunicado, a patrocinadora afirmou ter tomado a decisão com base em dispositivos contratuais. “A marca avalia que não se pode manter a parceria enquanto pairar sobre o acordo qualquer suspeita em relação a condutas que fujam à conformidade com a ética e os preceitos legais. Só a dúvida, no crivo ético da marca, já é suficiente para determinar a rescisão - que foi exercida pela Vai de Bet suscitando cláusulas do contrato que protegem direitos da marca nessa decisão”, diz trecho da nota divulgada à imprensa.
Além do pagamento de R$ 360 milhões para estampar o uniforme corintiano por três temporadas, o contrato previa o também pagamento de 7% do montante líquido de cada parcela à Rede Media Social Ltda. Ou seja, 700 mil por mês ao longo de três anos, resultando em R$ 25,2 milhões ao fim do contrato. Com CNPJ ativo desde janeiro de 2021, a empresa possui um capital social declarado de R$ 10 mil. Edna Oliveira dos Santos, mulher residente na cidade de Peruíbe, litoral Sul de São Paulo, teve o nome envolvido no episódio. Há a suspeita de que ela tenha sido usada como “laranja” no caso sem a sua anuência.
O caso é investigado pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC). Ao Estadão, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) limitou-se a afirmar que “diligências estão em andamento visando o esclarecimento dos fatos”. O Corinthians confirmou ter recebido a notificação e disse que vai colaborar com as investigações, pois afirma ser “o maior interessado em esclarecer os fatos”.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.