Quem vence o Brasileirão? Campeonato fica aberto na reta final; veja quem tem o caminho mais fácil

Botafogo lidera desde a terceira rodada, mas vê a aproximação de rivais pelo título; levantamento do ‘Estadão’ aponta maior dificuldade para o Flamengo nas últimas seis rodadas

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Foto do author Rodrigo Sampaio
Foto do author Murillo César Alves
Atualização:

Está tudo em aberto! Depois de abrir 13 pontos na liderança do Brasileirão, o Botafogo queimou a gordura que tinha, acumulou crises e viu os adversários colarem na tabela de classificação. Faltando seis rodadas para o fim do campeonato, o alvinegro carioca ganhou a concorrência de Palmeiras, Red Bull Bragantino, Grêmio, Atlético-MG e Flamengo na disputa pelo título. A competição reserva confrontos diretos já na próxima rodada, com a possibilidade do surgimento de um novo líder depois de muito tempo. No returno, os botafoguenses somaram apenas 12 pontos.

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O Botafogo tem 59 pontos, mesma pontuação do Palmeiras, mas lidera por ter uma vitória a mais (18 contra 17). O Bragantino aparece em terceiro, com 58, e o Grêmio fecha o G-4, com 56. Ambos com 53 pontos, Atlético-MG e Flamengo aparecem em quinto e sexto, respectivamente. Vale ressaltar que o Botafogo tem um jogo a menos (Fortaleza, fora de casa), enquanto Flamengo e Bragantino tiveram seu confronto direto adiado por causa da final da Libertadores, entre Fluminense e Boca Juniors, que foi realizada no Maracanã — o time rubro-negro bateu o pé e não abriu mão de jogar no estádio.

Apesar de ainda estar na liderança e ser o time com a maior probabilidade de ficar com o título, o Botafogo está com o emocional em frangalhos. O time carioca iniciou o campeonato almejando vaga na Libertadores, mas fez o melhor primeiro turno da história dos pontos corridos e se candidatou à conquista, que não festeja há 28 anos. A equipe teve de recalcular a rota após o técnico português Luís Castro atender ao pedido de Cristiano Ronaldo e ir à Arábia Saudita treinar o Al-Nassr. O substituto, o também português Bruno Lage, iniciou bem, mas perdeu o grupo com escolhas impopulares e mostrou desiquilíbrio para lidar com a pressão. O interino Lúcio Flávio peca pela inexperiência e acumula três derrotas seguidas, mostrando pouco repertório no comando.

Seis times ainda sonham com o título do Brasileirão: Atlético-MG, Bragantino, Palmeiras, Botafogo, Grêmio e Flamengo. Foto: Pedro Souza/CAM, Ari Ferreira/RRB, Cesar Greco/SEP, Vitor Silva/BFR, Lucas Uebel/GFBPA e Gilvan de Souza/CRF

Empilhando títulos nas últimas temporadas, o Palmeiras pode ter na conquista do Brasileirão uma contenção de danos ao ano de 2023. Eliminado pelo São Paulo nas quartas da Copa do Brasil e pelo Boca Juniors na semifinal da Libertadores, o time alviverde oscilou e a torcida culpou a diretoria, especialmente o diretor de futebol Anderson Barros e a presidente Leila Pereira, pela falta de contratações. Com a má fase de alguns jogadores, como Artur e Rony, e a lesão de Dudu, Abel Ferreira reinventou a equipe com uma formação de três zagueiros e alçou Endrick, de 17 anos, aos titulares. A confirmação de que o Palmeiras iria brigar para ser campeã veio na épica vitória por 4 a 3, fora de casa, contra o Botafogo, com um show do jovem atacante, convocado nesta semana para servir a seleção brasileira.

A surpreendente campanha do Bragantino também colocou a equipe do interior paulista entre as candidatas ao título. Porém, não é isso o que acredita o treinador Pedro Caixinha. O português rechaça o favoritismo e afirma que o seu time, que tem a menor média de idade na competição, não está focado no troféu. O pensamento é o inverso de Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, que já disse que se os rivais “vacilarem”, a equipe tricolor pode aproveitar e fisgar o topo da tabela. O time do astro uruguaio Luís Suárez fez campeonato irregular, mas engatou uma sequência de quatro vitórias seguidas e entrou na briga.

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Correndo por fora, Atlético-MG e Flamengo fazem campanha de recuperação e ainda sonham em alcançar os adversários. A equipe mineira chegou a flertar com o Z-4 e parecia que ia encerrar o ano sem vaga na Libertadores pela sequência de tropeços após a chegada do técnico Luiz Felipe Scolari, mas ganhou força após a abertura do estádio próprio, a Arena MRV, e embalada pelas grandes atuações de Paulinho, artilheiro do Brasileirão ao lado de Tiquinho Soares, do Botafogo, com 16 gols, pegou o elevador na tabela de classificação. O rubro-negro carioca, por sua vez, aposta em uma mudança no ânimo da equipe após a contratação de Tite, que faz seu primeiro trabalho desde a saída da seleção brasileira. São três vitórias e duas derrotas até o momento.

Confrontos diretos

Líder desde a terceira rodada, o Botafogo pode perder a liderança já na próxima rodada, a 33ª da competição, quando ocorre dois confrontos diretos entre equipes do G-6. O Palmeiras visita o Flamengo nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), no Maracanã, enquanto o Botafogo enfrenta o Grêmio, na quinta-feira, às 20h, em São Januário — a partida não acontece no Nilton Santos porque o estádio vai receber um show internacional. Caso os cariocas tropecem, basta uma vitória para o Palmeiras assumir o topo da tabela. Um outro confronto direto entre os seis primeiros só ocorre na 36ª rodada, quando o Flamengo encara o Atlético-MG, no Rio.

O Botafogo e Red Bull Bragantino são os únicos times que dependem apenas de si, neste momento, para serem campeões. O alvinegro carioca pelo simples fato de ainda ser o líder, e a equipe do interior paulista por ainda ter um confronto direto com o time do Rio na 34ª rodada, no dia 12 de novembro, em Bragança. Como tem uma vitória a menos do que o Botafogo, o Palmeiras vai precisar vencer mais um jogo e torcer por um novo tropeço dos cariocas para começar a depender somente de si para faturar o título.

Quem tem o caminho mais fácil?

A reta final da competição ainda pode reservar surpresas, mas é possível se ter uma ideia de quais equipes, que brigam pelo título, terão um caminho mais delicado. De acordo com uma análise dos resultados de cada um dos próximos adversários dos seis clubes que rivalizam pelo Brasileirão, o Flamengo é aquele que pode ter mais dificuldades. Além de ser o clube com o maior número de confrontos diretos (são três, contra Palmeiras, Red Bull Bragantino e Atlético-MG), seus adversários têm o melhor aproveitamento quando comparado aos demais confrontos das equipes do G-6. Em média, conquistam 1,41 ponto por jogo.

Na sequência vem o Grêmio, que entrou de vez na briga pelo título após boa sequência nas últimas rodadas. Mesmo assim, não terá caminho fácil: encara o líder Botafogo, Atlético-MG e fecha a competição diante do campeão da Libertadores Fluminense, longe de seus domínios. “O Grêmio está no G-4 e muita gente achou que iria brigar para não cair. E já era (não cai mais). O Grêmio briga lá em cima desde o início do campeonato, com folga ou sem folga. Tem de aturar, não adianta torcer contra”, provocou Renato Gaúcho, após vitória sobre o lanterna América-MG.

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Do outro lado, os líderes do Brasileirão terão ligeira “vantagem” para conquistar o troféu. Palmeiras (1,2 ponto por jogo conquistado pelos próximos adversários) e Botafogo (1,35) tentam fazer valer sua vantagem na ponta da tabela para se distanciar dos rivais na briga pelo título. Após uma série de tropeços entre setembro e outubro, Abel Ferreira recuperou a equipe com a nova formação tática de três zagueiros e com Endrick de titular.

“São três anos que eu jogo de acordo com os atletas que eu tenho e de acordo com aquilo que eles mostram no treino. Se tiver que jogar com os moleques, vou jogar com os moleques. O mesmo vale para a formação com três zagueiros. Eu é que sou treinador, eu é que os escolho”, afirmou o técnico do Palmeiras após goleada de 5 a 0 sobre o São Paulo. “Fomos capazes, numa altura difícil (da competição) de arranjar uma solução.”

Momento no segundo turno

O Botafogo tem uma campanha semelhante ao Corinthians de 2017, que conquistou o Campeonato Brasileiro. Assim como a equipe daquele ano, os cariocas tiveram uma queda no segundo turno, após 19 primeiros jogos próximos à perfeição. Dentre os rivais pelo título, a equipe comandada pelo técnico interino Lúcio Flávio é aquela que tem o pior aproveitamento no returno: 33% de aproveitamento e 12 pontos conquistados.

O Red Bull Bragantino de Pedro Caixinha tem o melhor momento e é um dos melhores ataques do Brasil nesta temporada. O time mais jovem da competição tem 72% de aproveitamento e lidera o segundo turno. Abaixo, Atlético-MG (67%), Palmeiras (64%), Flamengo (58%) e Grêmio (56%) acompanham a equipe do interior paulista. “Somos praticamente um time sub-23 a disputar o Brasileirão. Essa é a silosofia do clube, e essa é a filosofia que defendemos enquanto técnicos na liderança deste projecto em particular”, afirmou o treinador do Bragantino em outubro ao Estadão.

Como foi o desempenho na reta final do primeiro turno?

Há três meses, o cenário do Brasileirão era diferente. Líder com 13 pontos de vantagem, o Botafogo encerrou o primeiro turno de forma invicta contra os mesmo adversários que enfrentará em novembro e dezembro. Nas últimas sete rodadas, teve um aproveitamento de 81% (cinco vitórias e dois empates).

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O aproveitamento de Palmeiras e Botafogo pode ter relação com a ‘facilidade’ de seus calendários: como mostrado acima, os líderes do Brasileirão enfrentarão os adversários com a menor média de pontos conquistados por jogo. Do outro lado no ranking, o Flamengo – que tem a sequência mais ‘difícil’ pela frente – somou apenas 33% dos pontos nos sete últimos jogos da competição.

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