A dupla espera acabou. O torcedor tricolor finalmente é campeão de tudo. O São Paulo superou o Flamengo no placar agregado e conquistou a inédita Copa do Brasil. Além disso, dentre os principais personagens do clube do Morumbi, vale destaque para o goleiro Rafael, que finalmente se consolida como o ‘substituto de Rogério Ceni’.
De Copa do Brasil, Rafael entende. Mas nenhuma de suas três conquistas anteriores foram tão especiais como a de 2023: esta é a primeira vez que foi titular do time campeão. Com o Cruzeiro, levantou a taça nacional em 2017 e 2018. Com o Atlético Mineiro, em 2021. Nas duas primeiras, era reserva de Fábio. Na terceira, era suplente de Everson. Agora, é dono absoluto da meta tricolor.
“Eu venho trabalhando há 22 anos para conquistar um título jogando, fazendo todo campeonato. Esta conquista vale minha vida profissional. Meu sonho, desde os 12 anos, quando saí de casa, queria viver de futebol. Não vou esquecer jamais. Vai ser um dos melhores dias da minha vida, com certeza”, declarou o goleiro em entrevista após o título inédito.
Em um dos lances mais importantes, no final da partida, Rafael defendeu o chute de Ayrton Lucas. Mas, não foi só no fim que teve de trabalhar. O arqueiro foi bastante acionado. Com finalização de Pedro nos primeiros segundos de jogo, já foi obrigado a trabalhar. O esforço, enfim, valeu a pena.
“Cara, que ano maravilhoso, que conquista. Essa torcida merece. Enquanto ninguém acreditava na gente, o torcedor veio, nos apoiou. Eles merecem muito. Estamos felizes de ver o Morumbi lindo”, falou Rafael, referindo-se à desconfiança sobre o elenco do São Paulo e sobre o apoio de 63 mil torcedores que lotaram o Morumbi. “A gente correu muito, fez muito, se dedicou. Uma conquista do grupo, o grupo foi muito forte. Não consigo achar palavras para definir a alegria e gratidão por esse momento”, enalteceu o goleiro.
O escolhido
Reserva no Cruzeiro e no Atlético-MG, rivais em Minas Gerais, o goleiro de 33 anos chegou ao São Paulo em dezembro do ano passado para brigar pela posição e com a torcida paulista tendo dúvidas sobre o que ele poderia fazer no clube. Apesar de experiente e campeão pelos dois times de Belo Horizonte, Rafael nunca tinha sido titular na carreira. O São Paulo seguia em busca de um nome que conseguisse se consolidar debaixo das traves. Rafael era o atleta da vez.
Desde a aposentadoria de Ceni, no fim de 2015, o São Paulo buscava um goleiro que pudesse se firmar como titular da equipe, repetindo o sucesso do jogador que virava técnico. Mas isso nunca aconteceu. Em pouco mais de sete temporadas, o time do Morumbi viu dez atletas diferentes passarem pela meta tricolor e nenhum deles com a segurança esperada pela torcida e também pelo time em campo. Foram anos difíceis e de muitas cobranças e frustrações.
“Você substituir um goleiro como o Rogério, só depois da décima geração vai acontecer. Toda a história do Rogério é impressionante. É natural que todo mundo tenha o reconhecimento por tudo o que ele fez. Você estar à frente de uma equipe que tenha um jogador como ele como maior ídolo, é natural que vá encontrar dificuldades. Não que não tenham passado goleiros de excelente nível por aqui, mas as comparações acabam desequilibrando quem passa. Que o Rafael mantenha essa condição e que se estenda por muitos anos”, analisou Dorival Júnior sobre a dificuldade do São Paulo de encontrar um goleiro após a aposentadoria de Ceni.
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