O Estadão publicou, em outubro, levantamento sobre os melhores ataques do Campeonato Brasileiro de 2023, considerando eficiência, pontaria, número de chances de gols criadas e gols marcados. Do outro lado do campo – e a oito rodadas do fim da competição –, as defesas ganham destaque, em especial na briga contra o rebaixamento para a Série B. Os números explicam a classificação na tabela do Brasileirão: enquanto América-MG e Coritiba são os times mais vazados, Grêmio e Corinthians são os que mais cedem chances ao adversário; líder, o Botafogo é, das 20 equipes, aquela que os rivais precisam finalizar mais vezes para festejar gols.
O levantamento considera os números consolidados até a 30ª rodada do Brasileirão. Botafogo, Flamengo, Fortaleza, Red Bull Bragantino e Cruzeiro têm partidas remarcadas por causa da final da Copa Sul-Americana e Libertadores. No gráfico abaixo, são mostrados os números totais de finalizações sofridas por cada time, assim como a média de chances cedidas por jogo.
Recém promovido da Série B e quarto colocado no Brasileirão, o Grêmio é o time que mais ofereceu oportunidades ao adversário ao longo da temporada. São 498 finalizações sofridas nas 30 partidas até aqui – uma média de 16,6 por jogo. Os números contrastam com a posição do tricolor gaúcho na tabela. Do G-6, o Grêmio é o único que sofreu mais de 450 finalizações na temporada e mais de 40 gols – 45, até a 30ª rodada. “O Grêmio está no G-4 e muita gente achou que iria brigar para não cair. E já era (não cai mais). O Grêmio briga lá em cima desde o início do campeonato, com folga ou sem folga. Tem de aturar, não adianta torcer contra”, provocou Renato Gaúcho, após vitória sobre o lanterna América-MG.
Depois do Grêmio, os resultados seguem a dinâmica da tabela da competição. Corinthians, Coritiba, Santos, São Paulo, América-MG e Goiás são os times que mais cedem chances de gols aos rivais. Todos estão na parte debaixo e brigam contra o rebaixamento – América, Coritiba e Goiás estão no Z-4. O desempenho defensivo do Corinthians sofreu com os quatro treinadores que o clube teve no ano: Fernando Lázaro, Cuca, Vanderlei Luxemburgo e Mano Menezes, além de interinos durante a temporada.
Na outra ponta, o Cruzeiro é o time que menos se expõe diante dos concorrentes. Assim como o Grêmio, que lidera negativamente a estatística, os dados não colocam a equipe mineira, também recém-promovida ao Brasileirão, em uma boa colocação na tabela. Com uma média de 10,96 finalizações sofridas por jogo, a equipe de Ronaldo, que foi treinada pelo treinador Pepa na maior parte do ano, ocupa a 13ª posição e luta contra um novo descenso (que significaria o segundo de sua história).
Red Bull Bragantino e Palmeiras, terceiro e segundo colocados, respectivamente, acompanham o Cruzeiro na estatística. O time de Bragança Paulista, comandado por Pedro Caixinha, também é aquele que mais cria oportunidades no Brasileirão e já marcou 41 gols nesta temporada. Já Abel Ferreira, após o tropeço do líder Botafogo, terá confronto direto com o rival alvinegro e poderá, em caso de vitória, ficar a três pontos da ponta da tabela, esquentando a disputa na reta final. Abel vem escalando o Palmeiras com três zagueiros. Ele diz gostar desse sistema.
Botafogo tem a melhor defesa
A liderança do Botafogo merece uma análise à parte. O time, atualmente comandado por Lúcio Flávio após as saídas de Luís Castro e Bruno Lage, não cede muitas chances ao adversário, mas a forma que se defende merece destaque. Das 383 finalizações sofridas em 29 jogos, apenas 19 resultaram em gols. É a melhor defesa da competição e o desempenho, em seu setor defensivo, ajuda a explicar a posição. O time do Rio se expõe pouco.
Líder desde a terceira rodada da competição, o Botafogo não deixa a primeira colocação na tabela desde maio. Apesar de momentos de altos e baixos (teve um dos melhores primeiros turnos da história do Brasileirão, com 47 pontos, e superou a campanha do Corinthians de 2017 pelo número de vitórias), continua como o favorito à conquista da edição de 2023. Isso se explica nos números: o time só é vazado a cada 20,15 finalizações.
A soberania defensiva do Botafogo, com destaques para o goleiro Lucas Perri e o zagueiro Adryelson, que deixarão o Rio ao fim da temporada, é ainda mais impressionante quando comparada aos demais concorrentes. O Atlético-MG é o vice-líder no quesito: sofre um gol a cada 15,73 finalizações; a equipe de Felipão é seguida pelo Palmeiras (13,75) e Cruzeiro (13,25).
Desempenho defensivo do Santos preocupa
Apesar de conseguir importantes resultados na últimas rodadas, como o empate com o Corinthians em Itaquera, os números defensivos do Santos preocupam o torcedor. À exceção de América-MG e Coritiba, que estão praticamente rebaixados após 30 rodadas, o time da Vila Belmiro é aquele que os adversários precisam de menos finalizações para chegar às redes. Em média, a defesa santista cede um gol a cada oito chutes do oponente. São 451 finalizações sofridas em 30 jogos; além disso, o time também tem o pior ataque do torneio.
Em 16º na tabela, a equipe é perseguida por Vasco e Goiás, que tentam escapar da zona de rebaixamento. A partir da média de pontos conquistados por cada um dos nove últimos adversários desses times, o Santos, que já trocou de técnico três vezes somente neste ano, tem o caminho mais complicado: em média, seus próximos adversários somam 1,47 ponto por jogo.
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