O Barcelona tem afinidade com brasileiros. Raphinha sabe disso. Aos 28 anos, o atacante ganha protagonismo no clube catalão, ostenta a faixa de capitão e provoca debates sobre ser o melhor jogador do Brasil na atualidade, superando até Vini Jr, do Real Madrid. Para além de opiniões, fato é que a temporada do gaúcho é extraordinária, e a terceira melhor de um brasileiro, atrás apenas de Ronaldo e Neymar com a camisa grená.
A estatística analisada é a quantidade de participações em gols por jogo. Na temporada atual, Raphinha participou, até então, de 1,11 gol por partida. É como saber que, se ele está na escalação, o time fará, ao menos, um gol – e que ele será marcado ou terá assistência de Raphinha.
A média supera anos marcantes de outros craques. Ronaldinho Gaúcho, em 2005/06, quando venceu a Bola de Ouro, teve 1,08. Romário, melhor do mundo pela Fifa em 1994, anotou 0,97 na temporada 1993/94. O dado do Baixinho é o mesmo de Rivaldo em 1998/99, logo antes de a Fifa o escolher como melhor do planeta.
Até mesmo Neymar fica para trás de Raphinha. Na segunda temporada do santista na Catalunha (2014/15), ele foi artilheiro (e campeão) da Champions League, empatado com Messi e Cristiano Ronaldo, com dez gols. A média de participação em gols foi 0,96 por jogo. Em 2016/17, 1,02, também abaixo do atual camisa 11.
Entretanto, é justamente Neymar que está imediatamente a frente de Raphinha na lista. Na temporada 2015/16, ele viveu o auge no Barcelona e participou de 1,14 gol por jogo. O líder é Ronaldo de 1996/97, quando era o então melhor do mundo e foi novamente eleito em seguida. Naquele ano, o Fenômeno teve média de 1,22 gol por jogo no clube catalão.
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Lewandowski, Yamal e, principalmente, técnico Hansi Flick potencializam Raphinha no Barcelona
Melhor jogador da final da Supercopa da Espanha, Raphinha marcou duas vezes na vitória por 5 a 2 sobre o Real Madrid, em janeiro. O discurso foi o clichê sobre torcer pelo coletivo e ser campeão, mesmo que ele jogue mal. “Eu vim para ganhar títulos e não ligo se eu jogo bem ou mal, o que importa para mim é ajudar o Barcelona a levantar troféus”, declarou.
A relação, porém, funciona nas duas vias. O Barcelona potencializa o brasileiro. Isso porque o time de Hansi Flick valoriza o ataque, com Raphinha, junto de Robert Lewandowski e Lamine Yamal.

O técnico alemão chegou em maio de 2024 para substituir Xavi Hernández. Flick precisou de 32 jogos para que o time marcasse 100 gols. Na estatística, ele só fica atrás do argentino Helenio Herrera, que atingiu a marca em 31 partidas, no final da década de 1950. Luis Enrique (treinador do Barcelona de 2014 a 2017) e Tito Vilanova (2012 a 2013) precisaram de 34 duelos cada, três a menos que os 37 de Pep Guardiola (2008 a 2012).
“É uma boa notícia ter jogadores com essa qualidade, é disso que precisamos e é isso que nos torna bons”, disse Flick após a goleada por 7 a 0 sobre o Valencia, em janeiro, em referência ao seu trio de ataque.
Na temporada, já são 113, contra apenas 41 sofridos. Do total, 58% (66) foram marcados por um dos três jogadores. O polonês fez 31, enquanto o garoto espanhol tem 11. Raphinha, 24. Em termos de comparação, na temporada 2014/15, com Messi, Suárez e Neymar, o trio MSN tinha ido às redes 68 vezes, na mesma altura que o time atual está (36 jogos).
A diferença é pequena, mas há outro ponto a ser levado em conta. No time do trio MSN, o argentino, o uruguaio e o brasileiro monopolizavam os gols com mais facilidade. Já na equipe atual, Raphinha, Lewandowski e Yamal ainda contam com companheiros que chegam no ataque e também marcam, como Ferrán Torres, que tem dez gols.
“O objetivo não é apenas vencer, mas também marcar gols. Sabemos que estamos muito fortes ofensivamente, e na defesa também. Tudo funciona como um time”, analisou Lewandowski, em outubro, quando o Barcelona goleou o Bayern de Munique na Champions League por 4 a 1, com três de Raphinha e um dele.
O torneio europeu é o próximo objetivo de Raphinha, que não esconde o desejo de ser campeão da Champions League. “Minha próxima tatuagem será a Liga dos Campeões”, afirmou, confiante, em recente entrevista à revista francesa France Football, organizadora do prêmio Bola de Ouro. Pensar que o atacante do Barcelona esteja no páreo para a premiação, contestada pela vitória de Rodri sobre Vini Jr, não é irreal.

Além de Flick, Lewandowski e Yamal, quando se fala em Raphinha no Barcelona, não se pode esquecer de Xavi Hernández, técnico do time em 2022, quando o atacante chegou do Leeds. Após um ano abaixo, em 2023/24, o espanhol o incentivou a ficar no clube. A permanência foi bem vista por Flick, que garantiu contar com o brasileiro mesmo antes de vê-lo treinar.
“Apesar dos rumores sobre minha saída na temporada passada, sempre dizia que contava comigo. Xavi estava convencido de que com muito trabalho eu me tornaria um jogador de futebol importante”, acrescentou. Assim como foi em campo, com passes precisos e poucos erros, Xavi acertou mais uma vez.
Próximos jogos do Barcelona
O time de Raphinha entra em campo nesta segunda-feira, às 17h (de Brasília), contra o Rayo Vallencano, no Estádio Olímpico Lluís Companys, pela 24ª rodada de LaLiga. Ainda em fevereiro, a equipe encara Las Palmas, pela liga, e Atlético de Madrid, pela Copa do Rei.
A primeira semana de março terá o Real Sociedad, na 26ª rodada de LaLiga, e as oitavas de final da Champions League. O clube catalão classificou-se diretamente. Agora, é aguardado o adversário que vem dos playoffs. As possibilidades são ou Brest ou PSG (com os parisienses já tendo vencido por 3 a 0 no primeiro jogo); ou Mônaco ou Benfica (confronto no qual os portugueses têm vantagem de 1 a 0).