A Liga Forte União (LFU) acertou a venda dos direitos de transmissão dos clubes que integram o grupo à Record, que voltará a transmitir o Campeonato Brasileiro após mais de duas décadas, e ao YouTube. Os dois pagarão cerca de R$ 400 milhões anualmente pelo acordo para transmitir partidas de times como Corinthians, Internacional, Cruzeiro, Vasco, Fluminense e Fortaleza, entre outros, a partir do ano que vem.
A última vez que a Record exibiu a principal competição de futebol do País foi em 2006. A emissora e o YouTube vão pagar aproximadamente R$ 10 milhões por jogo transmitido. Como comparação, o Grupo Globo, que fechou contrato de cinco anos com os times da Libra, desembolsará cerca de 6,7 milhões por partida exibida - o acordo prevê a transmissão em todas as plataformas, TV aberta e fechada, streaming e pay-per-view.
A Globo terá que, pela primeira vez desde 1992, dividir os direitos do principal campeonato de futebol do País. A emissora já havia fez isso com Band e Record há menos tempo, mas sempre como licenciadora dos direitos.
Os integrantes da LFU da Série A são Corinthians, Internacional, Cruzeiro, Fluminense, Vasco, Athletico-PR, Atlético-GO, Botafogo, Fortaleza, Cuiabá, Criciúma e Juventude. Já Sport, América-MG, Goiás, Ceará, Avaí, Chapecoense, Coritiba, CRB, Vila Nova, Londrina, Tombense, Figueirense, CSA, Operário, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Ponte Preta e Botafogo de Ribeirão Preto estão em divisões inferiores.
O contrato vale até a edição de 2027 do campeonato. A LFU detém 60% dos jogos do Brasileirão, com 228 partidas em seus pacotes. Os 38 confrontos exibidos por Record e YouTube serão sempre os de quarta-feira, às 20h30, e os de domingo, às 18h30. Haverá um pré-jogo que começará meia hora antes de cada partida.
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“O acordo inédito muda a estrutura conhecida do Campeonato Brasileiro, que até então tinha um player dominante, mas ao mesmo tempo cria um desafio comercial de monetização e de atração de audiência para os novos canais, já que estes têm usualmente menor alcance que emissora líder de audiência”, avalia Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
Há ainda outros pacotes a serem negociados. A ideia da LFU é maximizar receita com direitos de TV por meio da comercialização de partidas dos times do bloco com diferentes plataformas, sejam TVs abertas, pagas e plataformas de streaming - por assinatura ou não. Esse modelo comercial é diferente do adotado pela Libra, que negociou os direitos de TV com uma única empresa, a Globo.
Na LFU, a divisão estabelecida com a arrecadação referente aos direitos de transmissão entre os clubes é a seguinte: 45% de modo igualitário, 30% por performance e 25% por audiência.
Depois de surgir como voz unificadora pela criação de uma liga nacional, a Libra acumulou dissidentes e hoje é formada por Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Grêmio, Bahia e Vitória. O Corinthians fazia parte do grupo, mas decidiu sair e hoje integra a LFU.
Libra e LFU trabalham há anos na criação de uma liga nacional única de futebol que ocorra de forma independente à CBF, hoje entidade organizadora das Séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro.
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