O presidente afastado da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Rogério Caboclo, está sendo, mais uma vez, denunciado por assédio sexual. A denúncia, enviada esta semana para a Comissão de Ética da entidade, foi feita por um ex-funcionária que apresentou duas novas situações de assédio praticadas por Caboclo: uma na Copa América sediada no Brasil, em 2019, e outra durante uma viagem a trabalho para a Suíça junto com o dirigente. Em nota, a defesa de Rogério Caboclo negou as acusações.
A Comissão de Ética investiga outras três denúncias contra Caboclo, que está afastado do cargo até março de 2023. Duas das três denúncias são de assédio sexual apresentadas por duas mulheres, e a outra é de assédio moral feita por um dos diretores da CBF. Em nota, a defesa do presidente afastado afirma que o Conselho de Ética age “como um verdadeiro tribunal de exceção”, e que as decisões têm sido tomadas com parcialidade e de forma ilegal.
Em uma das situações apresentadas nesta nova denúncia, a ex-funcionária descreve que, durante a Copa América em 2019, ela foi obrigada a reservar quartos de hotel, em São Paulo, para acomodar acompanhantes do então presidente da entidade. Como as visitantes não tinham autorização para adentrar no hotel, ficava a cargo da funcionária buscá-las na recepção.
Na denúncia, ela relata ainda que, na mesma noite, Caboclo havia deixado um recado na secretária eletrônica do quarto da funcionária. Apesar da mensagem ser incompreensível, segundo consta no depoimento, era possível perceber que o dirigente estava em momentos íntimos com a acompanhante.
A ex-funcionária da CBF revelou também que, durante uma viagem para a Suíça ao lado de Caboclo, o dirigente a chamava para o quarto de hotel e buscava construir uma relação de intimidade com a colega de trabalho. Ela relata que, nesses encontros, Caboclo desabafava sobre a vida ou brincava na tentativa de ficar mais próximo dela, como quando pediu as pulseiras da funcionária pois queria usá-las.
A defesa afirma em nota que os relatos descritos pela ex-funcionária da CBF não configuram assédio.
Bem como nas demais denúncias, novamente Rogério Caboclo está sendo acusado de trabalhar alcoolizado. Neste novo depoimento, a funcionária afirma que ele a fazia esconder garrafas de bebida no banheiro da sala da presidência, na sede da CBF.
Além disso, as acusações vêm à tona depois de uma suposta tentativa de quebrar o silêncio da ex-funcionária. Ela afirma que trabalhou na CBF até dezembro de 2019, quando Caboclo negou a ela uma oportunidade de trabalhar em outro departamento da entidade. No primeiro semestre deste ano, ela recebeu uma oferta para voltar a atuar na confederação para receber o dobro como salário. Ela entendeu que essa oferta era uma tentativa de silenciá-la e não aceitou o emprego.
Leia a nota enviada pela defesa de Caboclo na íntegra
"O presidente da CBF, Rogério Caboclo, não cometeu crime de assédio contra nenhuma funcionária da entidade. E nem mesmo a denunciante narra conduta que configura assédio. Infelizmente, Marco Polo Del Nero e seus comparsas armaram um golpe sem precedentes para retomar o controle do futebol brasileiro.
Esse grupo, que articula na instância administrativa para manter Rogério Caboclo afastado, não aceita o fim dos privilégios e esquemas que perduravam há muito tempo na CBF. O Conselho de Ética, que funciona como um verdadeiro tribunal de exceção, tem atuado com clara parcialidade ao longo do processo de afastamento e todas as decisões tomadas foram ilegais ou nulas, como ficará provado."
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