Rogério Ceni: cabeça quente e coração frio no momento de maior turbulência na temporada

Na contramão de seu rival alviverde Abel Ferreira, treinador tricolor vai construindo seu próprio tempo de validade no São Paulo

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colunista convidado
Foto do author Robson Morelli

Rogério Ceni anda de cabeça quente e de coração frio, o oposto de seu colega Abel Ferreira, do Palmeiras. O treinador do São Paulo parece perdido no comando do time no momento em que o elenco mais precisa dele, de uma mão amiga, de palavras de incentivo e de toda a sua experiência de 20 anos no futebol em decisões.

Mas o que Ceni faz é apontar o dedo para seus comandados, fazendo cobranças em público e despejando um pouco mais de areia no basculante que o time carrega nas costas nas três competições que ainda joga: Brasileirão, Copa do Brasil e, sobretudo, Sul-Americana. Ceni parece não ter aprendido nada em seus anos de técnico. Qualquer cartilha básica de um bom líder ensina a necessidade de abraçar seu time nos momentos mais difíceis, de encorajar quando as coisas não vão bem, de fazer o simples (no futebol) para se garantir o mínimo. Ele não estava nessa aula nem se dispôs a ler a lição.

O técnico Rogério Ceni comanda a sua equipe no empate entre São Paulo e Cuiabá, pela 25ª rodada do Brasileirão Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

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Após a derrota desastrosa para o Atlético-GO por 3 a 1 na competição sul-americana, sua máscara caiu, a ponto de ele condenar seus próprios atletas e até a se desentender com um torcedor antes do jogo de ontem contra o Cuiabá. Não há dúvidas de que a cabeça está quente e o coração frio a ponto de trocar os ensinamentos aos seus jogadores por cobranças e mais cobranças. Não há comandante que não queira falar boas verdades para seus comandados, mas não é assim que se faz. O que não quer dizer que Ceni não possa e deva fazer cobranças, mostrar erros, mas, principalmente, apontar caminhos e soluções. Ele tem de definir situações e não se sentar em cima de condutas que já se provaram equivocadas.

Se há um caminhão nas costas dos jogadores até o fim da temporada, também há outro nos ombros do treinador. Não para ser demitido ou trocado faltando dois meses para o término do ano e das competições. Nada disso. Entendo que esse São Paulo é para 2023, embora ainda possa ter melhor sorte em 2022. Mas me refiro ao fato de Rogério Ceni avançar em sua função, aprender com os meses e anos. Ele parece um técnico no seu limite de conhecimento e isso nada tem a ver com elenco ou a necessidade de mais atletas. Ceni está sentado no seu diploma da CBF. Pior. Suas mudanças nos jogos fazem o time andar para trás, assim como algumas escalações que não são entendidas. O resultado disso tem sido esses desastres que começam a arrancar mais vaias do que aplausos do torcedor, que está bastante paciente com o seu trabalho.

Tenho dúvidas até se Ceni é “bem-vindo” no vestiário. Jogador nenhum gosta de ser cobrado em público e apontado como responsável quando o time perde jogos e torneios. Vai construindo seu próprio tempo de validade no São Paulo, mesmo com todo o carisma como goleiro chamado de “mito” durante sua carreira de atleta

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