O senador Romário (PL-RJ) veio a público nesta quarta-feira, 29, para criticar o que chamou de “golpe” na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com o ex-atacante, os ex-presidentes Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero estariam tramando para retomar o poder na entidade diante da suposta fragilidade política de Ednaldo Rodrigues no comando da CBF em razão dos recentes resultados da seleção brasileira. Teixeira ainda não se manifestou sobre a acusação, enquanto Del Nero publicou artigo reiterando os ataques. Em nota, a entidade classifica as acusações do grupo de “fake news”.
“No momento, temos conhecimento de que dois ex-presidentes da CBF estão se mobilizando de maneira oportunista, aproveitando o atual momento da seleção, para iniciar um movimento visando dar um golpe na gestão atual e retomar o poder em nosso futebol. É muita cara-de-pau. Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero estão na lista vermelha da Interpol e não podem sair do Brasil ou serão presos, por terem sido condenados nos EUA. O crime? Corrupção!”, afirmou Romário em seu perfil nas redes sociais.
O senador lembrou que apresentou na então CPI do Futebol, realizada entre 2015 e 2016, informações que comprovariam atos de corrupção de ambos ex-presidentes da CBF. Na época, a CPI terminou com dois relatórios divergentes e sem indiciamentos, com apenas “recomendações administrativas” à entidade que rege o futebol brasileiro.
“Na CPI do Futebol, apresentamos as provas dos malfeitos que cometeram contra o futebol brasileiro, deixando os clubes em situação precária enquanto seus bolsos ficaram cheios”, declarou o ex-jogador da seleção brasileira.
Romário prometeu usar os meios ao seu alcance para atuar politicamente contra Teixeira e Del Nero. “Não podemos permitir, em nenhuma hipótese, que esses dois criminosos, procurados pela justiça americana e Interpol, voltem a ter algum espaço na CBF. Para isso, como senador e cidadão, usarei dos meios legais possíveis para evitar esse verdadeiro desastre pro nosso futebol.”
DEL NERO ATACA GESTÃO DA CBF
Em artigo publicado pelo site UOL na manhã desta quinta-feira, Del Nero pediu a renúncia de Ednaldo devido aos “rumores financeiros” da entidade. “Como torcedor e entusiasta do potencial do futebol brasileiro, me causa enorme preocupação ver os rumos financeiros da CBF com essa gestão precária, temerária e dissociada da realidade que estamos acompanhando do atual presidente. Pelo bem do futebol brasileiro, penso que ele deveria assumir sua incompetência e renunciar. Ou quem tem poder para isso, que é a Assembleia Geral, poderia retirá-lo de lá antes que ele comprometa o futuro do futebol brasileiro como um todo”, afirmou o ex-presidente da CBF.
Segundo Del Nero, a gestão de Ednaldo teria herdado um caixa de R$ 1,25 bilhão e “receitas crescentes”. Mas afirma que o saldo estaria “abaixo dos R$ 870 milhões”. De acordo com balanço financeiro da CBF, a entidade tinha R$ 887,9 milhões em caixa no fim de 2022. O ex-presidente também criticou a atual gestão da entidade pela perda dos contratos de patrocínios.
“A pergunta que fica é onde o presidente gastou esses 400 milhões se o que observamos é o futebol brasileiro decaindo, a CBF completamente estagnada, a seleção brasileira de mal a pior! Uma bagunça completa, todo mundo insatisfeito, clubes abandonados! Um cenário realmente caótico”, disse o ex-dirigente.
CBF SE ESQUIVA DE POLÊMICA
Em nota, a entidade evitou entrar na polêmica e disse que não comentar o que chamou de “fake news”. “A CBF não comenta fake news. No mais, é público que a entidade teve em 2022 o maior superávit de sua história. Além disso, é público também que a CBF tem feito o maior investimento de sua história, atendendo os esquecidos até anos atrás, como os clubes das Séries C e D e o futebol feminino, o que já foi amplamente noticiado. Tudo isso seguindo cláusulas de transparência e anticorrupção avalizadas pela Fifa, que anos atrás suspendeu repasses à CBF em função de escândalos de corrupção”, disse a entidade.
Internamente, a CBF classifica as acusações de Del Nero como “mentirosas”. A perda de patrocinadores teria se dado pelo fim dos acordos assinados durante as gestões de Ricardo Teixeira e Del Nero, além do período em que a entidade passou pela presidência de Rogério Caboclo, acusado e inocentado pela acusação de assédio sexual. A entidade manterá uma política para evitar tratar desse tema publicamente.
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