Pré-candidato à presidência da CBF, Ronaldo Fenômeno segue articulando sua candidatura e buscando apoio nos bastidores. Um dos nomes que lhe agrada para compor a chapa como um de seus vices é o de Mauro Silva, que hoje é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF). O tetracampeão mundial com a seleção brasileira em 1994 tem sido elogiado por seu trabalho na FPF, na qual está desde 2015.
O nome de Mauro, que também é embaixador da Conmebol no Brasil, foi uma sugestão de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF, que sinalizou discretamente apoio a Ronaldo nos bastidores. Reinaldo é um dos oito vices de Ednaldo Rodrigues, atual presidente da CBF, e foi um dos que mais reclamou do calendário de 2025, mas não quer se indispor com o mandatário da entidade que comanda o futebol brasileiro.
O pensamento é de que Mauro Silva, aposentado dos gramados desde 2005, tem experiência e conhecimento como gestor no futebol para ajudar Ronaldo, que precisa do apoio de pelo menos quatro das 27 federações e de quatro clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro para disputar a próxima eleição contra Ednaldo. Sem isso, ele sequer entra na disputa. “O Mauro Silva está preparado para qualquer função que desejar praticar no futebol. Ele se preparou pra isso e continua se preparando”, disse Carneiro Bastos em entrevista recente à rádio Bandeirantes. Mauro Silva foi procurado pela reportagem do Estadão e não quis se manifestar.
No fim de 2023, depois que Ednaldo havia sido destituído da presidência da CBF, cargo que voltou a ocupar posteriormente graças à decisão de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Reinaldo Carneiro Bastos rompeu com Ednaldo e chegou a se lançar pré-candidato à presidência da CBF e recebeu o apoio de Mauro Silva. O ex-jogador chegou a dizer que estava “cheio de preocupação e tristeza ao observar a situação atual do futebol brasileiro e da CBF”.
Pelas atuais regras eleitorais da CBF, na eleição presidencial, o voto das federações tem peso três. Dos clubes da Série A é dois e dos clubes da Série B, um. Logo, é possível ganhar o pleito só com os votos das federações. Hoje, o cenário é desfavorável ao Fenômeno, de modo que a maioria dos presidentes das federações apoia Ednaldo, ainda que a opinião pública e vários cartolas de clubes estejam ao lado de Ronaldo. No momento, os dirigentes das federações se movimentam discretamente nos bastidores e evitam declarações favoráveis ao Fenômeno por temerem retaliações políticas e financeiras.
“Recebi ligações de presidente de clube, presidente de federação, ex-jogadores, todo mundo pedindo ajuda para gente”, afirmou o Fenômeno em entrevista ao programa “Mais Você” da TV Globo em dezembro passado.
Ronaldo já começou as reuniões neste mês e tem a expectativa de encerrar as conversas por apoio em março, quando abre a janela para a eleição na entidade. O mandato de Ednaldo Rodrigues vai até março de 2026.
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Sua ideia é apresentar às federações estaduais “um projeto de investimento privado nunca antes visto para o crescimento sustentável do esporte em cada estado do país” e “reconstruir a credibilidade da entidade máxima do futebol brasileiro, com a nossa velha paixão nos novos tempos”, porque, segundo o Fenômeno, o respeito do futebol brasileiro precisa ser resgatado.
Cabe lembrar que o sistema de votação está sub judice e aguarda votação do STF que pode impactar diretamente na formatação do pleito. Ainda não há data marcada para a eleição na CBF - Ednaldo tem o prazo de um ano, a partir de março de 2025, para convocar o pleito na entidade.
Ronaldo também busca suporte no judiciário. Ele pediu ao deputado Aécio Neves, de quem é amigo, que o apresentasse ao ministro do STF Gilmar Mendes, justamente quem concedeu liminar para Ednaldo voltar à presidência da CBF em janeiro deste ano. Os dois jantaram na casa do ministro em dezembro, conforme revelou o jornalista Juca Kfouri.
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